O “Doomsday Clock” funciona há 76 anos e tenta calcular quão perto a humanidade está do apocalipse
Porto Velho, RO - O Relógio do Juízo Final, também conhecido como “Doomsday Clock”, está funcionando há 76 anos. Mas esse não é um relógio qualquer. Ele tanta avaliar o quão perto a humanidade está de destruir o mundo.
O relógio não foi projetado para medir categoricamente as ameaças existenciais, mas sim para iniciar conversas sobre temas científicos difíceis, como as mudanças climáticas, de acordo com o Bulletin of Atomic Scientists, que criou o relógio em 1947.
“Cem segundos para a meia-noite refletem o julgamento do Conselho de que estamos em um momento perigoso, que não traz estabilidade nem segurança. Os desenvolvimentos positivos de 2021 não conseguiram compensar as tendências negativas de longo prazo”, disse Sharon Squassoni, copresidente do Conselho de Ciência e Segurança do Bulletin, que define a hora do relógio.
Squasson também é professora pesquisadora no Instituto de Política Internacional de Ciência e Tecnologia da Universidade George Washington.
O que é o Relógio do Juízo Final?
O Bulletin of Atomic Scientists foi um grupo de cientistas atômicos que trabalharam no Projeto Manhattan, o codinome para o desenvolvimento da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial.
Originalmente, o relógio pretendia medir ameaças nucleares, mas em 2007 o Bulletin decidiu incluir as mudanças climáticas em seus cálculos.
Nos últimos três quartos de século, o tempo no relógio mudou, dependendo de quão perto os cientistas acreditam que a raça humana está da destruição total. Em alguns anos o tempo muda e outros não.
O Relógio do Juízo Final é definido a cada ano por especialistas do Conselho de Ciência e Segurança do Bulletin em consulta com seu Conselho de Patrocinadores, que inclui 11 ganhadores do Prêmio Nobel.
Embora o relógio tenha sido um alerta eficaz para lembrar as pessoas das crises em cascata que o planeta enfrenta, alguns questionaram a utilidade do relógio de 75 anos.
Lawrence Krauss, um ex-membro do Conselho de Patrocinadores do Bulletin, disse que, embora o tempo tenha passado desde que o relógio começou a contar, tem sido difícil levar os resultados a sério, já que nas últimas décadas chegou perigosamente perto do fim da civilização.
Como físico teórico, Krauss tem se preocupado com a forma como o relógio é avaliado e determinado hoje. Todos os anos, disse ele, quando o relógio se aproxima da meia-noite de forma alarmante, os cientistas precisam medir quanto “espaço” disponível resta antes de decidir quanto mais o relógio deve se mover.
“Agora o relógio se move em segundos, antes eram minutos”, disse Krauss à CNN. “É claro que não é uma avaliação científica quantitativa, mas qualitativa. O que sempre foi importante é o movimento do relógio, não seu valor absoluto”.
O que acontece se o relógio chegar à meia-noite?
O relógio nunca chegou a bater meia-noite, e Rachel Bronson, presidente e CEO do Bulletin, espera que isso nunca aconteça.
“Quando o relógio bate meia-noite, significa que ocorreu algum tipo de troca nuclear ou mudança climática catastrófica que acabou com a humanidade”, diz. “Portanto, não queremos chegar lá e não saberemos quando chegaremos”.
Quão preciso é o relógio?
O horário do relógio não pretende medir ameaças, mas sim estimular conversas e promover o engajamento público em questões científicas, como mudança climática e desarmamento nuclear. Se o relógio for capaz de fazer isso, Bronson já o considera um sucesso.
Quando um novo horário é definido no relógio, as pessoas ouvem, disse ele. Em 2021, durante as negociações climáticas da COP26 em Glasgow, o então primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, citou o Relógio do Juízo Final ao discutir a crise climática que o mundo enfrenta, observou Bronson.
Bronson disse que espera que as pessoas discutam se concordam com sua decisão e tenham conversas frutíferas sobre quais são as forças motrizes da mudança.
Ainda é possível fazer retroceder o relógio com ações ousadas e concretas. Na verdade, os ponteiros se afastaram antes da meia-noite, chegando a 17 minutos antes da meia-noite em 1991, quando o governo do presidente George H.W. Bush assinou o Tratado de Redução de Armas Estratégicas com a União Soviética.
Em 2016, o relógio marcava três minutos para a meia-noite como resultado do acordo nuclear com o Irã e do acordo climático de Paris.
O que um indivíduo pode fazer para voltar o tempo no relógio?
Não subestime o poder de discutir essas questões importantes com seus colegas, disse Bronson. “Você pode não sentir porque não está fazendo nada, mas sabemos que o engajamento público move [um] líder a fazer coisas”, disse ele.
Quando se trata de mudanças climáticas, observe seus hábitos diários e veja se há pequenas mudanças que você pode fazer em sua vida, como caminhar com mais frequência em vez de dirigir e o que você usa para manter sua casa aquecida, explicou Bronson.
Fonte: CNN Brasil
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