A suposta relação de Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) e de seu pai, o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), com dirigentes de um órgão de saúde investigado por fraude envolvendo os Yanomami tem gerado mal-estar em parte da bancada petista. 

O partido, sob o comando do líder do PT, Zeca Dirceu (PT-PR), costura com Jhonatan e seu principal padrinho, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um acordo para apoiar o deputado federal para a vaga legislativa no Tribunal de Contas da União (TCU). Em troca, a legenda busca espaços nas mesas e comissões da Casa.

Hoje, segundo Zeca Dirceu, Jhonatan “tem apoio da maioria da bancada petista” para ocupar a vaga na corte de contas.

— Estamos num processo de negociação de acordo com Arthur Lira e o Republicanos. Trabalhamos para que o PT tenha um bom espaço na mesa e nas comissões. Se isso fluir, defendo o apoio ao Jhonatan pra o TCU — afirmou à coluna o líder do PT na Câmara.

Além disso, parte dos petistas que querem a aliança com o Republicanos alega que a sigla votou com o governo Lula e teve papel importante na aprovação da PEC na Transição, que liberou recursos do orçamento de 2023. A costura do acordo da PEC também envolveu a vaga no TCU.

Jhonatan de Jesus e seu pai, Mecias de Jesus, são apontados como os responsáveis pela indicação dos três últimos diretores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y). O órgão não está envolvido diretamente na crise alimentar dos indígenas exposta este mês, mas já foi alvo de uma investigação da PF por fraude na compra de remédios. Segundo os investigadores, os desvios deixaram 10 mil crianças indígenas sem medicamentos.

Deputados do PT relataram que têm sido procurados por Zeca para debater o tema. O plano é formalizar o apoio a Jhonatan no dia 1o de fevereiro se o partido tiver consenso sobre o assunto e se conseguir os espaços cobiçados na eleição da Câmara. A Casa deve indicar o deputado de Roraima ao TCU no dia seguinte, em 2 de fevereiro.

Nos bastidores, Lira tem dito a aliados que o PT já firmou compromisso com seu afilhado político e que não há divisão no partido capaz de revertê-lo. À coluna, Jhonatan de Jesus disse que “não está preocupado” e que mais de 80% dos petistas se comprometeram em apoiá-lo. 

O deputado afirmou ainda que nenhuma das indicações ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami foi sua e atribuiu esse vínculo “à plantação de adversários” com interesse na vaga do TCU.

— O fato de eu ter contato ou conhecer aquela pessoa no Estado não significa que a indicação era minha — diz Jhonatan.

Questionado se seu pai foi o responsável pelas indicações ao departamento, Jhonatan alega que não pode falar por ele. O senador Mecias de Jesus não respondeu aos contatos da coluna.


Fonte: O GLOBO