Senador do Podemos-ES está envolvido em uma trama golpista ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-deputado Daniel Silveira, ambos do PL
Acessório inseparável do senador Marcos do Val (Podemos-ES), o broche da Swat (sigla para Special Weapons and Tactics, ou Armas e Táticas Especiais, em português) é encontrado à venda na internet. A bijuteria está disponível em plataformas online pelo preço de US$ 11,99 (equivalente a R$ 60,80 na cotação atual). O parlamentar está envolvido em uma trama golpista ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-deputado Daniel Silveira, ambos do PL.
Na madrugada desta quinta-feira, Marcos do Val afirmou que Bolsonaro tentou coagi-lo para dar um golpe de estado. Mais tarde ele recuou e disse que a iniciativa foi apenas de Silveira. Em depoimento à Polícia Federal (PF), na noite de ontem, Marcos do Val relatou que Bolsonaro se comprometeu a aguardar uma resposta dele a respeito do plano para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, tema discutido anteriormente em uma reunião no Palácio da Alvorada.
A repercussão do caso fez com que o termo Swat entrasse para os trending topics do Twitter, que lista os assuntos mais comentados na rede social. Marcos do Val usou um broche da Swat durante as entrevistas que deu ao longo desta quinta-feira.
2 de 2 Broche da Swat é vendido em plataformas de comércio eletrônico — Foto: Reprodução
Plano de golpe
O objetivo do plano, de acordo com o relato do senador à PF, era contestar o resultado das eleições e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No depoimento, Marcos do Val confirmou as declarações dadas à imprensa durante o dia e entregou seu celular à PF para que fossem extraídas as conversas a respeito do assunto, com o objetivo de comprovar sua versão.
Após relatar que foi convocado para a reunião no Palácio da Alvorada pelo então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), Marcos do Val disse que informou o pré-agendamento do encontro ao ministro Alexandre de Moraes e disse acreditar que o tema da reunião seria o acampamento no quartel-general do Exército. No depoimento, o senador relatou que Moraes o orientou a comparecer ao encontro.
"O ministro Alexandre de Moraes disse que o depoente deveria ir à reunião, pois 'informação é sempre importante'", diz no depoimento.
Em seguida, o senador passa a contar como transcorreu a reunião no Palácio da Alvorada. "Daniel Silveira perguntou se o depoente gravaria uma conversa com o ministro alexandre de moraes, e se conduziria a conversa de maneira que o ministro falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição", contou Marcos do Val.
De acordo com seu relato, ao ouvir a proposta, ele demonstrou espanto com o plano e receio até mesmo de ser preso por realizar uma gravação ilegal de um ministro do STF. Do Val, então, diz que pediu um tempo para pensar e dar uma resposta.
"Durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado. que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto, e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto do depoente como do presidente. que em nenhum momento o presidente negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio", contou no depoimento.
Em seguida, o senador relata a manifestação feita por Bolsonaro na reunião. "O único momento em que o ex-presidente se manifestou foi quando o depoente disse que precisaria de alguns dias para dar a resposta, quando o ex-presidente respondeu que o aguardaria", afirmou. Não ficou especificado se ele mandaria a resposta para o próprio Bolsonaro ou para Daniel Silveira.
Dias depois da conversa, Marcos do Val diz ter mandado mensagem a Daniel Silveira dizendo que não participaria do plano. O senador também afirma que conversou pessoalmente com Moraes para relatar a intenção de Daniel Silveira e Bolsonaro no episódio.
"Falou ao ministro que o plano era invalidar as eleições manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder e prender o ministro Alexandre de Moraes; que o ministro fez uma expressão de surpresa pelo absurdo da situação", diz o depoimento.
Fonte: O GLOBO
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