Blocos SBP e Sem Limites não se apresentarão no Concurso de Blocos Carnavalescos 2023, que vai ocorrer no Estádio Arena da Floresta, na última noite de carnaval, dia 21 de fevereiro. Presidentes alegam falta de incentivo do poder público como um dos motivos para a desistência

Os blocos de carnaval de Rio Branco Saúde e Prevenção no Barão (SPB) e Sem Limites estão mais uma vez fora do Concurso de Blocos Carnavalescos 2023. As diretorias alegam falta de dinheiro e de incentivo do poder público para ajudar na compra de materiais, de abadás, fantasias e toda estrutura necessária para promover um belo desfile.

O concurso é promovido pela prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil (FGB). As inscrições foram feitas entre 18 e 27 de janeiro. Este ano, o 1º lugar receberá R$ 6 mil, o 2º R$ 5 mil e o 3º lugar R$ 4 mil.

O edital previa ainda o pagamento de R$ 3 mil para o 4º lugar e R$ 1,5 mil para o 5º. Com a saída dos dois blocos, apenas os blocos Sambase, Seis é D+ e Unidos do Fuxico devem se apresentar no dia 21 de fevereiro, última noite de carnaval.

Bloco SBP

Chico Rafael, presidente do SBP, disse que ainda chegou a fazer a inscrição do bloco, mas entrou em contato com a FGB e pediu para retirar a inscrição por não ter estrutura. O grupo iria reapresentar o samba-enredo de 2018, que homenageou um dos integrantes que morreu naquele ano.

"Em dezembro fizemos o primeiro contato com a prefeitura, a Garibaldi, e falaram que iam nos atender apenas em janeiro e colocamos toda situação de recomeço, que o poder público pudesse dar um incentivo este ano para a gente se reorganizar e em 2024 viesse de uma maneira mais independente, mas o acordo, que foi formado, não correspondia à necessidade e não tinha condições de colocar o bloco na avenida", lamentou.

O Bloco SBP é formado por moradores do bairro São Francisco e região. Segundo o presidente, o grupo atua também como ONG e ajuda a comunidade com assistência social. Nos momentos mais críticos da pandemia, por exemplo, ele disse que o dinheiro que o bloco tinha foi usado para comprar cestas básicas e remédios para os moradores que passavam necessidades.


Grupo chegou a fazer alguns ensaios este ano para a apresentação — Foto: Divulgação

"A gente não é só um bloco de carnaval, somos uma ONG com trabalho social, o carnaval é apenas o primeiro [trabalho]. No período de pandemia fizemos algumas arrecadações, mas como não ia ter carnaval, atendemos a comunidade com cesta básica, remédios. Ajudamos a comunidade que é carente. Não temos recursos suficientes para comprar nossa fantasia, pra reposição de material e composição do carro alegórico", afirmou.

O presidente destacou também que se reuniu algumas vezes com a presidência da FGB e ficou acertado uma ajuda financeira para os blocos. Contudo, o valor seria pago em forma de cachê após apresentações e entregue apenas após o carnaval.

"Foi o que colocaram, que seria pagamento de notas através das apresentações que iríamos fazer. Antes tínhamos, nas gestões passadas, os prefeitos davam um jeito de ajudar com os abadás, com reposição de material e tinha essa ajuda antecipada para a gente ter um mínimo de condições. Os blocos fazem feijoadas, rifas, mas o que arrecadamos, não tínhamos como ver a comunidade precisando e não ajudar. Tinham coisas que eram mais urgentes", criticou.

Sem Limites


Bloco Sem Limites também não conseguiu recursos para montar o desfile deste ano — Foto: Iryá Rodrigues/G1

Situação semelhantes enfrenta o Bloco Sem Limites. O presidente Mateus Bregence explicou que este ano a ideia era homenagear as pessoas que morreram com Covid durante a pandemia, mas não conseguiram levantar o dinheiro necessário, cerca de R$ 20 mil, para colocar o bloco na avenida.

"Quando procuramos eles informaram que poderiam dar uma ajuda de custo pra gente de R$ 7 mil, que seria dividido em duas partes, que a gente teria que fazer apresentações. A premiação no dia do desfile ficou bem abaixo. Ficaríamos com menos de R$ 14 mil. Não compensava, íamos terminar o carnaval devendo", ressaltou.

O grupo carnavalesco é composto por moradores dos bairros José Augusto, Ipase e Bosque. Bregence afirmou que a proposta apresentada pela prefeitura não atendia a necessidade do bloco.

"A via principal que sempre procuramos é a prefeitura, nos reunimos com eles, apresentamos as propostas que os blocos precisavam para desfilar, só que a contraproposta deles foi bem abaixo do que a gente precisa no momento. Optamos por não aceitar a proposta, não fazer o desfile, não colocar o bloco na avenida e fazer um trabalho feio", frisou.


Integrantes chegaram a se reunir e preparar uma apresentação — Foto: Divulgação

O que diz a FGB

O presidente da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), Pedro Aragão, lamentou a desistência dos blocos e afirmou que ofereceram ajuda de custo para os preparativos finais das apresentações.

"Fizemos uma premiação maior do que a premiação do último carnaval, fizemos todo um planejamento de área de evento para estar acontecendo do desfile dos blocos e promovemos um incentivo para ajudar eles nos preparativos finais, ajustes finais. A gente sugere que a organização dos blocos façam um planejamento em 2023 para o concurso de 2024, que vai ter novamente, e a gente espera que estejam participando", garanti.

Fonte: G1/AC