Confrontos acontecem menos de 36 horas depois de uma visita do secretário de Estado americano a Jerusalém e Ramallah
Israel executou bombardeios aéreos na Faixa de Gaza na madrugada desta quinta-feira, o que levou os combatentes palestinos a responder com disparos de foguetes contra o território do Estado israelense. Os confrontos aconteceram menos de 36 horas depois de uma visita a Jerusalém e Ramallah do secretário de Estado americano, Antony Blinken, para pedir contenção diante da espiral de violência na região.
O Exército israelense confirmou em um comunicado que "atacou a Faixa de Gaza" depois de interceptar na véspera um foguete lançado a partir do território palestino. Correspondentes da AFP observaram dois foguetes lançados contra Israel a partir da Faixa de Gaza após a ação israelense e explosões foram ouvidas na cidade de Gaza. Os serviços de emergência dos dois lados não relataram vítimas até o momento.
De acordo com fontes das forças de segurança e testemunhas, os primeiros ataques (ao menos sete) atingiram um centro de treinamento das Brigadas al-Qassam, braço armado do movimento palestino Hamas, no campo de refugiados al-Maghazi, no centro do enclave palestino. Outros ataques aéreos atingiram um centro de treinamento das Brigadas al-Qassam ao sudoeste de Gaza.
O Exército israelense, por sua vez, confirmou que caças atacaram uma área de produção e armazenamento de material químico, além de um "centro de fabricação de armas" do Hamas.
Do lado israelense, sirenes de alerta soaram em Sderot, uma cidade no Sul de Israel perto da Faixa de Gaza, segundo o Exército. As Brigadas al-Qassam afirmaram que responderam aos ataques israelenses com os lançamentos de mísseis. A Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP), um grupo armado laico, também reivindicou "um lançamento de foguetes em resposta à agressão sionista contra a Faixa de Gaza".
Na semana passada, vários foguetes foram lançados a partir da Faixa de Gaza em resposta a uma incursão israelense em 26 de janeiro na Cisjordânia ocupada, que deixou 10 mortos no campo de refugiados de Jenin. Um dia depois da operação, um ataque a tiros diante de uma sinagoga em Jerusalém Oriental provocou a morte de sete civis. O atentado, celebrado por muitos palestinos em Gaza e na Cisjordânia, foi o mais violento contra civis israelenses em mais de uma década.
Gaza, um território que tem quase 2,3 milhões de habitantes, está sob bloqueio israelense desde que o Hamas chegou ao poder, em 2007.
Aumento da violência
Na quarta-feira, o ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben-Givr, afirmou que os ataques recentes com foguetes são motivados por sua decisão de endurecer as condições dos detentos palestinos nas prisões de Israel.
— Os lançamentos a partir de Gaza não abalarão a minha determinação de trabalhar para mudar as condições do acampamento de verão para os assassinos terroristas presos — disse o ministro.
O aumento da violência atingiu grande parte da Cisjordânia, com o ano de 2022 tendo o maior número de mortes no território desde que a ONU começou a registrar os números, em 2005.
Um total de 235 pessoas morreram no ano passado no conflito israelo-palestino, incluindo autores de ataques, combatentes e civis. O ataque de sexta-feira em Jerusalém Oriental matou seis israelenses, incluindo uma criança, e um ucraniano.
O governador regional palestino Jihad Abu al-Assal acusou Israel de impor um cerco a Jericó, um destino turístico na Cisjordânia próximo de Jerusalém, depois de um tiroteio no sábado em um restaurante que não deixou vítimas.
— Este é o quinto dia de cerco a Jericó — declarou na quarta-feira à AFP.
O Exército israelense afirmou que aumentou suas forças na região e "intensificou as inspeções nas entradas da cidade, com verificações que podem levar horas para a entrada ou saída da cidade".
Fonte: O GLOBO
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