Setor de serviços cresce pela demanda reprimida na pandemia e desejo das pessoas de retomar o convívio social, priorizando gastos com entretenimento e viagens
Neste universo, turismo, lazer e eventos são um capítulo à parte. Estão literalmente voando à frente dos demais setores da economia, movidos por uma demanda reprimida. Consumidores valorizam cada vez mais as experiências e o convívio social. A procura por ingressos, pacotes e afins disparou, ainda que se tenha que pagar mais por eles.
Com vendas em alta, empresas de entretenimento e atividades ligadas ao turismo atraem investimentos e mobilizam patrocínios, o que se traduz em empregos e num calendário ainda mais intenso neste ano de shows, festivais, torneios esportivos e afins.
— Se tivéssemos planetas separados pelos setores da economia, o de serviços estaria muito melhor que os outros.
É efeito da demanda reprimida dos anos de pandemia, de uma inflação mais moderada no setor por um período, ainda que tenha acelerado a partir de meados de 2022, mas já decaindo, e do pouco efeito dos juros nos serviços. O crescimento vai se manter este ano, ainda que com menos fôlego — diz Fabio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Avanço de quase 30%
A entidade prevê que, neste ano, o faturamento dos serviços no país vá expandir 3,4%, e o do turismo, 2,5%. Se as passagens aéreas e o câmbio encarecem viagens internacionais, os destinos nacionais e de curta distância estão agitados de novo. Hotéis voltaram a experimentar ocupação elevada e a atual temporada de cruzeiros marítimos no país é a maior dos últimos dez anos.
— No ano passado, o turismo teve alta de 29,9% em volume de receita, mesmo com uma inflação acima de 10% no segmento. Isso mostra que ainda tem um grande desequilíbrio entre demanda e oferta — destaca Bentes.
O Rio de Janeiro, polo de turismo e entretenimento do país, depois da volta do Rock in Rio em 2022 e de um carnaval de recordes neste ano, deve elevar em 25% o número de eventos em 2023 em comparação com 2019, antes da pandemia, prevê o Rio Convention & Vistors Bureau/Visit Rio.
O sucesso do carnaval deste ano é um dos indicadores da força do setor em 2023. Andre Barros, sócio da Party Industry, repassou parte do aumento de custos reajustando os ingressos no camarote Allegria, na Sapucaí, em até 15% .
Avanço de quase 30%
A entidade prevê que, neste ano, o faturamento dos serviços no país vá expandir 3,4%, e o do turismo, 2,5%. Se as passagens aéreas e o câmbio encarecem viagens internacionais, os destinos nacionais e de curta distância estão agitados de novo. Hotéis voltaram a experimentar ocupação elevada e a atual temporada de cruzeiros marítimos no país é a maior dos últimos dez anos.
— No ano passado, o turismo teve alta de 29,9% em volume de receita, mesmo com uma inflação acima de 10% no segmento. Isso mostra que ainda tem um grande desequilíbrio entre demanda e oferta — destaca Bentes.
O Rio de Janeiro, polo de turismo e entretenimento do país, depois da volta do Rock in Rio em 2022 e de um carnaval de recordes neste ano, deve elevar em 25% o número de eventos em 2023 em comparação com 2019, antes da pandemia, prevê o Rio Convention & Vistors Bureau/Visit Rio.
O sucesso do carnaval deste ano é um dos indicadores da força do setor em 2023. Andre Barros, sócio da Party Industry, repassou parte do aumento de custos reajustando os ingressos no camarote Allegria, na Sapucaí, em até 15% .
Ainda assim, lotou. Entre outras saídas nos seus eventos, aumentou o público em torno de 10%. Câmbio, inflação de alimentos e custo de mão de obra elevaram os custos no setor em torno de 40% em um ano, estimam empresários do setor. Em alguns casos, até mais.
— Como ficamos dois anos parados, muitos fornecedores vêm tentando resgatar um pouco do prejuízo gerado. Isso criou uma inflação muito grande. O (cachê do) artista, passou de R$ 50 mil para R$ 150 mil. Não conseguimos acompanhar — diz Renan Coelho, CEO da Fábrica, empresa de eventos que ampliou as suas atividades com bares, marketing de influência, games e esportes eletrônicos, e ainda reativou o “Tardezinha”, show do cantor Thiaguinho que passa por 25 cidades e estreia sua edição internacional.
Mais patrocínios
A Vibra, à frente de festivais como Rock The Mountain, na Serra Fluminense, bateu seu recorde de investimentos em 2022: R$ 90 milhões. Aposta agora em novas frentes, como o Bosque Bar, no Jockey Club do Rio, e vai abrir mais três bares este ano na cidade. Ainda planeja um braço de serviços para o setor de entretenimento, uma startup.
— Com essa diversificação, fazemos com que nosso risco seja menor nos próximos anos — diz Fabricio Bahruth, sócio e CEO da Vibra. — Por mais que a inflação não esteja estabilizada, procuramos manter preços dos ingressos e fizemos pequenos reajustes nos bares.
A edição deste ano do Rio2C, festival de criatividade e conteúdo que acontece no mês que vem na capital fluminense, já contabiliza alta de 20% em receitas de patrocínio sobre 2022. O número de bilhetes aéreos emitidos pela organização subiu 45%, mostrando o salto em palestrantes vindos de fora do Rio e do país. Rafael Lazarini, CEO e fundador do Rio2C, avalia que o movimento voltou. E veio para ficar. Ele também é vice-presidente da Live Nation para a América Latina, com shows de Coldplay e The Weeknd previstos para este ano no país.
— A Live Nation teve números recordes em 2022. E já esperamos novos recordes este ano em eventos e resultado. As pessoas querem aproveitar, ir aos shows, interagir. E o turismo é uma extensão disso — diz Lazarini. — Tem uma mudança de prioridade. Lazer e entretenimento subiram na pirâmide de gastos das famílias.
Ocorre o mesmo no TIM Music Noites Cariocas, no Morro da Urca, que terá duas edições este ano, uma a mais do que no ano passado. Metade da audiência vem de outros estados. A previsão é que o festival tenha receita 20% maior que a de 2022, diz o produtor Luiz Calainho.
— Como ficamos dois anos parados, muitos fornecedores vêm tentando resgatar um pouco do prejuízo gerado. Isso criou uma inflação muito grande. O (cachê do) artista, passou de R$ 50 mil para R$ 150 mil. Não conseguimos acompanhar — diz Renan Coelho, CEO da Fábrica, empresa de eventos que ampliou as suas atividades com bares, marketing de influência, games e esportes eletrônicos, e ainda reativou o “Tardezinha”, show do cantor Thiaguinho que passa por 25 cidades e estreia sua edição internacional.
Mais patrocínios
A Vibra, à frente de festivais como Rock The Mountain, na Serra Fluminense, bateu seu recorde de investimentos em 2022: R$ 90 milhões. Aposta agora em novas frentes, como o Bosque Bar, no Jockey Club do Rio, e vai abrir mais três bares este ano na cidade. Ainda planeja um braço de serviços para o setor de entretenimento, uma startup.
— Com essa diversificação, fazemos com que nosso risco seja menor nos próximos anos — diz Fabricio Bahruth, sócio e CEO da Vibra. — Por mais que a inflação não esteja estabilizada, procuramos manter preços dos ingressos e fizemos pequenos reajustes nos bares.
A edição deste ano do Rio2C, festival de criatividade e conteúdo que acontece no mês que vem na capital fluminense, já contabiliza alta de 20% em receitas de patrocínio sobre 2022. O número de bilhetes aéreos emitidos pela organização subiu 45%, mostrando o salto em palestrantes vindos de fora do Rio e do país. Rafael Lazarini, CEO e fundador do Rio2C, avalia que o movimento voltou. E veio para ficar. Ele também é vice-presidente da Live Nation para a América Latina, com shows de Coldplay e The Weeknd previstos para este ano no país.
— A Live Nation teve números recordes em 2022. E já esperamos novos recordes este ano em eventos e resultado. As pessoas querem aproveitar, ir aos shows, interagir. E o turismo é uma extensão disso — diz Lazarini. — Tem uma mudança de prioridade. Lazer e entretenimento subiram na pirâmide de gastos das famílias.
Ocorre o mesmo no TIM Music Noites Cariocas, no Morro da Urca, que terá duas edições este ano, uma a mais do que no ano passado. Metade da audiência vem de outros estados. A previsão é que o festival tenha receita 20% maior que a de 2022, diz o produtor Luiz Calainho.
Ele conta que, com custos maiores, o setor tenta amenizar a alta nos ingressos ampliando o número de lugares, de apresentações e de patrocínio. O musical “Mamma Mia!”, que ele produz no Rio, por exemplo, teve alta de 40% no custo em quatro anos, estima. Ainda assim, para ele, entretenimento é bom negócio no momento:
— A pandemia trouxe dois fenômenos. Um é o interesse das empresas em patrocinar o setor num nível nunca visto. Entenderam que conteúdo gera experiência, engajamento e oportunidade de se aproximar das pessoas. O outro é que o senso de querer desfrutar a vida ampliou o público.
Esta mudança de comportamento, diz a economista Carla Beni, professora dos MBAs da FGV, é um motor do setor.
— Uma das grandes tendências em consumo pós-pandemia é “a grande renovação da vida” — diz ela, citando pesquisa da Euromonitor International. — Não houve só demanda reprimida. Ao sobreviver à Covid, quem sonhava em conhecer Paris, por exemplo, pensa: “esse dia chegou” .
Geração de empregos
O turismo emprega três milhões de pessoas no país, segundo a CNC, e já repôs os 470 mil postos perdidos nos seis primeiros meses de Covid. Só a temporada 2022/2023 de cruzeiros no litoral do país terá 780 mil leitos, 47% mais que a anterior. Com isso, deve gerar 48 mil vagas diretas e indiretas, e injetar R$ 3,8 bilhões na economia,diz a Clia Brasil.
O setor tem a seu favor neste ano nove feriados prolongados. Cada um, calcula a CNC, deve adicionar o equivalente a 2,1% da receita anual habitual do turismo, elevando a deste ano a quase R$ 80 bilhões.
— As pessoas querem viajar e procuram algo que se encaixe no orçamento. Há um aumento visível da procura por destinos internacionais para viagens mais longas. Para os feriados de três dias ou mais, os destinos domésticos e internacionais mais próximos seguem como preferenciais — diz Magda Nassar, presidente da ABAV Nacional, que reúne as agências de viagens.
Os eventos potencializam o turismo. A Dream Factory, que produz o carnaval de rua no Rio, pela primeira vez em 12 anos teve as cinco cotas de patrocínio vendidas. E o investimento, que em 2020 foi de R$ 25 milhões, chegou a inéditos R$ 40 milhões. Duda Magalhães, presidente da empresa, diz que as três principais provas da Maratona do Rio, também produzida pela agência, tiveram inscrições esgotadas mais cedo que em outros anos, refletindo essa “urgência de vida ao vivo das pessoas”:
— A corrida acontece em junho, no feriadão de Corpus Christi, uma forma de atrair mais turistas. Do total de corredores (40 mil), de 55% a 60% vêm de fora do Rio.
Fonte: O GLOBO
— A pandemia trouxe dois fenômenos. Um é o interesse das empresas em patrocinar o setor num nível nunca visto. Entenderam que conteúdo gera experiência, engajamento e oportunidade de se aproximar das pessoas. O outro é que o senso de querer desfrutar a vida ampliou o público.
Esta mudança de comportamento, diz a economista Carla Beni, professora dos MBAs da FGV, é um motor do setor.
— Uma das grandes tendências em consumo pós-pandemia é “a grande renovação da vida” — diz ela, citando pesquisa da Euromonitor International. — Não houve só demanda reprimida. Ao sobreviver à Covid, quem sonhava em conhecer Paris, por exemplo, pensa: “esse dia chegou” .
Geração de empregos
O turismo emprega três milhões de pessoas no país, segundo a CNC, e já repôs os 470 mil postos perdidos nos seis primeiros meses de Covid. Só a temporada 2022/2023 de cruzeiros no litoral do país terá 780 mil leitos, 47% mais que a anterior. Com isso, deve gerar 48 mil vagas diretas e indiretas, e injetar R$ 3,8 bilhões na economia,diz a Clia Brasil.
O setor tem a seu favor neste ano nove feriados prolongados. Cada um, calcula a CNC, deve adicionar o equivalente a 2,1% da receita anual habitual do turismo, elevando a deste ano a quase R$ 80 bilhões.
— As pessoas querem viajar e procuram algo que se encaixe no orçamento. Há um aumento visível da procura por destinos internacionais para viagens mais longas. Para os feriados de três dias ou mais, os destinos domésticos e internacionais mais próximos seguem como preferenciais — diz Magda Nassar, presidente da ABAV Nacional, que reúne as agências de viagens.
Os eventos potencializam o turismo. A Dream Factory, que produz o carnaval de rua no Rio, pela primeira vez em 12 anos teve as cinco cotas de patrocínio vendidas. E o investimento, que em 2020 foi de R$ 25 milhões, chegou a inéditos R$ 40 milhões. Duda Magalhães, presidente da empresa, diz que as três principais provas da Maratona do Rio, também produzida pela agência, tiveram inscrições esgotadas mais cedo que em outros anos, refletindo essa “urgência de vida ao vivo das pessoas”:
— A corrida acontece em junho, no feriadão de Corpus Christi, uma forma de atrair mais turistas. Do total de corredores (40 mil), de 55% a 60% vêm de fora do Rio.
Fonte: O GLOBO
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