Mãe de adolescente admite envolvimento de vítima com tráfico, mas diz que Carlos Eduardo queria mudar de vida depois que descobriu que seria pai
O juiz Getúlio Neves, da Auditoria Militar do Espírito Santo, decretou nesta quinta-feira a prisão dos dois cabos e três soldados da Polícia Militar envolvidos na morte do adolescente Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, na quarta-feira, em Pedro Canário, no Norte do estado. Um vídeo gravado por uma câmera de segurança mostrou que Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, já estava algemado quando foi baleado à queima-roupa.
A mãe de Carlos Eduardo, Cleia Louza Rebouças, contou ontem em entrevista à TV Gazeta que o filho seria pai em breve e queria mudar de vida.
— Muita revolta, uma dor que eu não consigo explicar, uma dor que nunca vai sair do meu coração — disse Cleia.
No boletim de ocorrência sobre o homicídio, os policiais contaram que apuravam uma denúncia de tráfico e perseguiram o adolescente. Mas as imagens da câmera de segurança, divulgadas nas redes sociais, registraram o momento em que um dos homens atira em Carlos Eduardo, que está com as mãos algemadas e não aparenta reagir às ordens dos PMs. O corpo ainda foi levado para outro local.
Os policiais foram presos inicialmente em flagrante. Na audiência de custódia desta quinta-feira (2), os cinco optaram por ficar em silêncio.
Cleia admitiu que o filho chegou a se envolver com o tráfico, mas após a notícia de que seria pai, tentava mudar de vida e pretendia inclusive mudar de cidade.
— Ele pediu, “me dá só um dinheiro mãe, para poder ajudar o meu irmão a pagar o aluguel, nós dois ficarmos juntos, quero cuidar dos meus filhos”. Ele queria ir para Vitória recomeçar. Não só ela (a viúva de Carlos Eduardo) está grávida de gêmeos como a ex dele está grávida de cinco meses. Ele não era ruim — lamentou a mãe, que desmaiou ao saber da morte do adolescente.
'Os gêmeos'
O comandante-geral da PM do Espírito Santo, coronel Douglas Caus, contou a O GLOBO que, na quarta-feira, policiais do 13º Batalhão de São Mateus, perto de Pedro Canário, receberam uma denúncia de que o adolescente, com outro menor, havia invadido uma casa. Por conta dos “diversos registros na ficha criminal de Carlos Eduardo”, os agentes foram ao local averiguar a acusação. Caus disse que a dupla era conhecida na região como “os gêmeos”, apesar de não serem irmãos.
Com a chegada da polícia, os dois tentaram fugir. Carlos Eduardo foi executado, mas o companheiro, que não teve a identidade revelada, carregava uma réplica de arma de fogo, foi conduzido até a delegacia, e liberado em seguida.
Fonte: O GLOBO
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