Setor tombou 3,1% puxado por transportes, mas ainda se mantém em patamar 10,3% maior que o pré-pandemia, segundo dados do IBGE

Os serviços caíram bem mais do que o previsto em janeiro, devolvendo os ganhos de novembro e dezembro e iniciando 2023 com sinais de que os juros altos e a desaceleração da economia já chegam ao setor mais resiliente da economia no pós-pandemia.

Na avaliação de economistas, os serviços devem continuar dando sinais de fraqueza nos próximos meses, apesar da força ainda demonstrada por alguns segmentos, como os serviços às famílias, que avançaram 1% no mês.

Dados do IBGE divulgados nesta sexta-feira mostram que o setor como um todo caiu 3,1% em janeiro. Mesmo assim, o salto impressionante dos últimos anos – de quase 11% em 2021 e mais de 8% no ano passado – mantém os serviços num patamar 10,3% acima do pré-pandemia.

Em relatório, o Goldman Sachs apontou que, olhando para a frente, a expectativa é que o setor, que tem o maior peso no PIB brasileiro, ainda se beneficie do Bolsa Família aumentado, mercado de trabalho aquecido e inflação em desaceleração.

Por outro lado, há fatores que pesam na direção contrária.

- A queda do impacto da reabertura da economia, as condições monetárias e financeiras mais apertadas, altos níveis de endividamento, menor confiança do consumidor e a reviravolta no ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços nos próximos meses – afirmou o economista Alberto Ramos.

Para o economista Gabriel Couto, do Santander, os diferentes segmentos mostram comportamentos distintos.

- Olhando os detalhes, há sinais mistos. Os serviços às famílias aumentaram 1%, a segunda alta forte seguida. Os serviços de informação subiram 1%, parcialmente compensando a queda de dezembro - apontou. - Já os serviços profissionais caíram 1,5%, assim como outros serviços, que caíram 9,9% após saltar 9,4% em dezembro.

O IBGE explica que a maior influência negativa no resultado veio de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios, que caíram 3,7% no mês.

“A queda do setor é explicada pela parte de armazenagem, que recuou 9%, com destaque negativo para gestão de portos e terminais, assim como o transporte aéreo de passageiros, que recuou 5,9% no mês”, disse em nota o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Na avaliação de Claudia Moreno, do C6 Bank, tudo aponta para a continuidade da perda de ritmo do setor.

- O resultado de janeiro corrobora nossa visão de que a resiliência demonstrada por serviços ao longo de 2022 vai começar a diminuir daqui para a frente – apontou em relatório. - O setor, um dos mais prejudicados na pandemia, vinha se beneficiando da reabertura da economia e consequente retomada de atividades que voltaram com força, caso das viagens, shows e passeios.


Fonte: O GLOBO