Parágrafo 19 da Ata diz que queda da inflação 'pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião'
O Banco Central admitiu pela primeira vez que pode cortar os juros na reunião de agosto. No parágrafo 19 da Ata do Copom divulgada nesta terça-feira, disse que "a avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião".
Na avaliação do economista Luis Otávio Leal, economista-chefe do G5 Partners, a manutenção da meta de inflação em 3% na próxima quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional dará mais confiança para a queda dos juros.
- No parágrafo 19 ele coloca que a avaliação predominante é que já existe espaço para redução na próxima reunião. Considerando que os que não concordaram com essa visão argumentam a questão da desancoragem das expectativas, que o BC diz que essa desancoragem é reflexo da discussão com relação a meta e esta deve ser mantida na quinta-feira, esse grupo também vai convergir para a maioria. A cereja do bolo é que na próxima reunião teremos o Gabriel Galípolo (diretor indicado por Haddad) que certamente estará nesse grupo predominante - afirmou.
Segundo Leal, a ata teve vários momentos "duros", porém, o parágrafo 19 abriu as portas para o cortes dos juros, e por isso foi considerada "dovish" (pomba) pelo mercado. Ou seja, mais leve.
- Sem o parágrafo 19 seria uma Ata quase tão dura quanto o comunicado (da semana passada) - afirmou.
O BC usou a palavra paciência, duas vezes, cautela, três vezes, e parcimônia, outras duas, para descrever o cenário para a política de juros. O Copom também disse que as expectativas de inflação caíram, mas seguem desancoradas. Em parte “em função do questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras". Em um dos trechos do comunicado, o BC diz que "flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário".
"O Comitê unanimemente avalia que flexibilizações do grau de aperto monetário exigem confiança na trajetória do processo de desinflação, uma vez que flexibilizações prematuras podem ensejar reacelerações do processo inflacionário e, consequentemente, levar a uma reversão do próprio processo de relaxamento monetário."
O Banco Central divulgou a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para detalhar a manutenção da taxa básica de juros da em 13,75%, na semana passada. A Selic está neste patamar desde agosto de 2022.
O comunicado divulgado na semana anterior causou críticas da ala econômica e política do governo Lula. Na Fazenda, era esperada uma sinalização mais clara sobre eventual início do ciclo de queda nos juros, considerando indicadores favoráveis como melhoras nas expectativas de inflação, redução do nível de preços ao consumidor, bem como valorização do câmbio.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários