Período mais crítico será no fim da estação, entre agosto e setembro, segundo a MetSul

O inverno deste ano, que começou nesta quarta-feira (21), será marcado pela presença do El Niño, fenômeno de aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico e que altera a circulação da atmosfera. 

Segundo a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, o ciclone registrado nos últimos dias 15 e 16, que deixou 16 mortos e mais de 2 milhões de pessoas afetadas no Rio Grande do Sul, foi uma amostra do que a região Sul pode esperar para os próximos meses. A atmosfera hiperativa, afirma, deverá favorecer a ocorrência de eventos extremos, na medida em que o El Niño se intensifica.

Na avaliação de Estael, o período mais crítico deverá ocorrer entre agosto e setembro, mais perto da primavera, quando poderão ocorrer mudanças radicais de temperatura, de calor para frio, e maior frequência de temporais de granizo e vendavais. Os fortes temporais poderão ser acompanhados de eventos de ciclone e causar cheias de rios e inundações. 

Ela lembra que agosto e setembro, independentemente do El Niño, costumam registrar maior frequência de fenômenos severos no estado, como chuva, vento, granizo e ciclones. Com o aquecimento das águas do Pacífico, o cenário piora.

"O planeta adentra fase de aquecimento sem precedentes na era observacional com múltiplas ondas de calor marinhas recordes e cobertura de gelo marinho em níveis baixos recordes na Antártida. A superposição de El Niño com outros extremos de aquecimento oceânico esquentará demais o planeta e o clima vai estar muito propício a extremos", escreveu a meteorologista em artigo divulgado nesta quarta-feira pela MetSul.

Estael explicou que ar quente e umidade são combustíveis para temporais e, quando o calor é muito forte, o risco de tempo severo aumenta muito.

Para o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil, segundo os meteorologistas da MetSul, o cenário é diferente. O fim do inverno, ao contrário do Sul, deve ser marcado pelo tempo seco e calor mais persistente.

O calor, inclusive, deve ser mais intenso que em anos anteriores, com risco de marcas extremas de temperatura alta em estados do Centro-Oeste e em São Paulo, acima do que se observa no verão em muitas cidades. O tempo seco e muito quente tende a trazer muitas queimadas e fumaça no centro do Brasil.


Fonte: O GLOBO