O premier, cujo governo é um dos mais direitistas da História israelense, disse que derrubou cláusula que permitiria ao Parlamento anular decisão da Suprema Corte por maioria simples

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira que abandonou uma cláusula importante de sua controversa reforma judicial, que provocou um dos maiores movimentos de protesto na História do país, embora ainda busque mudanças na forma como os juízes são selecionados.

Netanyahu, que anunciou uma pausa no projeto de lei em março para discuti-lo com a oposição, disse ter abandonado a chamada cláusula de "anulação", que permitiria ao Parlamento derrubar uma decisão da Suprema Corte por maioria simples. Essa cláusula, duramente criticada, havia sido aprovada em primeira votação pelo Parlamento naquele mesmo mês.

— A ideia de uma cláusula de anulação que permita ao Parlamento, o Knesset, anular as decisões da Suprema Corte por maioria simples, já disse, abandonei — declarou em entrevista ao jornal americano Wall Street Journal.

Entretanto, o primeiro-ministro afirmou que a parte do plano que prevê à coalizão governista influência decisiva na nomeação de juízes, será alterada, mas não descartada, sem entrar em detalhes sobre o assunto.

"Fomos eleitos para trazer governança e mudança, a reforma é a pedra angular dessa promessa", tuitou em resposta o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, acusando Netanyahu de ceder aos manifestantes. "É necessária a alteração da composição da comissão de seleção de juízes, a cláusula substitutiva e a redução da autoridade dos juízes", continuou.

O primeiro-ministro, cujo governo é um dos mais direitistas da História de Israel, também disse na entrevista que buscou um "amplo consenso" com a oposição, que considerou muito "pressionada politicamente" para aceitar um compromisso.

Os dois principais líderes da oposição, Yair Lapid e Benny Gantz, anunciaram em 14 de junho que suspenderiam sua participação nas negociações da reforma.

Os críticos da reforma judicial, que protestam pelas ruas do país todas as semanas desde que foi anunciada em janeiro, alertam que ela levará o país a uma deriva antiliberal ou autoritária. Mas o governo insiste que pretende equilibrar o poder reduzindo as prerrogativas da Suprema Corte, que considera politizada, em favor do Parlamento.

Netanyahu prometeu na semana passada que continuaria com a reforma, que também foi criticada no exterior. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou sua preocupação e pediu ao primeiro-ministro que buscasse um acordo. (Com AFP.)


Fonte: O GLOBO