Heloisa Buarque de Hollanda, Raphael Callou e Russo Passapusso se encontraram no Museu de Arte do Rio (MAR), durante o Festival LED
O Festival LED também reservou momentos de reflexão sobre o afeto na educação e da importância de se abrir para outros conhecimentos. Imortal da Academia Brasileira de Letras, Heloisa Buarque de Hollanda pediu uma mudança de termos. Para ela, a palavra “aluno” deve ser substituída por uma muito mais carinhosa:
— Aluno é uma palavra péssima. Vocês sabem o que ela significa? Aluno quer dizer aquele que não tem luz. Em vez de ‘aluno’, prefiro chamar de ‘parceiro’ — defendeu a escritora, professora e coordenadora da Universidade das Quebradas, durante a mesa “Borogodó cultural: uma escola chamada Brasil”. — A gente precisa do afeto na educação. Quando o professor toca o aluno, dá um abraço, a compreensão cresce na hora — completou.
Com mediação do apresentador do “Encontro” e “Papo de Segunda”, Manoel Soares, ela teve a companhia do diretor e chefe da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) no Brasil, Raphael Callou; e do cantor, compositor, pesquisador e escritor Russo Passapusso, que faz parte da banda BaianaSystem.
Na conversa, a imortal revelou que grande parte do seu conhecimento foi adquirido também por meio do seu olhar além da academia, ou seja, nas ruas.
— A escola precisa se abrir para outros conhecimentos, pois existe muita cultura fora do eixo da universidade. O saber popular foi silenciado. Porém, a articulação de todos os saberes com o ancestral vai produzir um terceiro conhecimento. E um não vai silenciar o outro — defendeu Heloisa, que recebeu o complemento de Callou:
— O Brasil tem uma tradição de conhecimentos orais incríveis, que, infelizmente, ainda hoje são desprezados enquanto têm contribuições enormes. Ainda assim, vão ganhando continuidade sem formalização e estão presentes na nossa rotina.
O papo abordou a importância de trazer ao aprendizado esse conhecimento, tanto acadêmico quanto da cultura de maneira geral, que abrange arte, música e os saberes populares — muitas vezes excluídos das salas de aula. O objetivo dessa união é proporcionar a aprendizagem mais harmônica e democrática.
Arte transformadora
O intuito foi mostrar que a arte pode transformar o processo pedagógico.
— Eu via música nos livros. Nos sons, eu via desenhos. Comecei a entender que a gente tem cultura dentro da gente, e essa percepção mudou a chave de que todos nós somos cultura — contou Russo.
Fonte: O GLOBO
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