A história do movimento surgiu lá na Paraíba, na cidade de Alagoa Grande, no Brasil, onde viveu e morreu a líder sindicalista Margarida Maria Alves
A pedido da deputada Dra. Michelle Melo (PDT) a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou na manhã desta sexta-feira (14), uma audiência pública para debater sobre os desafios das trabalhadoras rurais no Estado e a Marcha das Margaridas. Além dos deputados estaduais, o encontro reuniu produtoras rurais da capital e do interior, vereadores e representantes da Procuradoria Geral do Estado e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A deputada Michelle Melo iniciou sua fala destacando a importância do encontro. “É com muita alegria que estamos reunidos aqui para de fato mostrar o que é a Marcha das Margaridas e a luta que há por trás desse movimento. Uma luta de mulheres guerreiras, que não recuam, que continuam tentando e buscando melhorias. São tempos difíceis para os movimentos sociais, para as mulheres, mas, estamos aqui firmes e fortes, sem cair, sem recuar e sem temer. Obrigada pela presença de todas, estou à disposição de vocês para o que precisarem, não vamos deixar esse movimento morrer”, disse.
Fatima Silva, coordenadora da Marcha das Margaridas, fez um relato de como surgiu o movimento que segundo ela, representa a luta das mulheres do campo, da floresta, das águas e dos quilombos.
“A história do movimento surgiu lá na Paraíba, na cidade de Alagoa Grande, no Brasil, onde viveu e morreu a líder sindicalista Margarida Maria Alves. Margarida foi uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país e foi defensora dos direitos humanos e dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores rurais durante toda sua vida. Ela foi assassinada em 12 de agosto de 1983, a mando de latifundiários da região. Mas, o movimento permaneceu e vive até hoje”, enfatizou.
Fátima Silva disse ainda que na semana passada, foi entregue a pauta das margaridas ao presidente Lula contendo 13 eixos temáticos. “O documento contém todas as nossas reivindicações e a boa notícia é que o presidente já sinalizou que irá atender em 100% o documento. Hoje, também trouxemos uma pauta para este parlamento com reivindicações e sugestões do movimento. Ao longo dos anos nós conseguimos conquistas importantes como o apoio às mulheres assentadas, documentação de acesso às terras, política de apoio na produção da agricultura familiar e muitos outras. Nossa luta não vai parar, juntas somos mais fortes”, complementou.
Geovana Castelo Branco, coordenadora do Movimento Mulheres Camponesas, agradeceu a deputada Michelle Melo pela realização da audiência pública. “Hoje é um momento histórico para nós. Estamos aqui neste poder para pedir apoio para a marcha das margaridas. Nós precisamos muito desse apoio, da sensibilidade das instituições, do governo do Estado. Também vamos à Brasília levar nossas reivindicações, nossas demandas ao governo federal. Quero agradecer a deputada Michelle pela realização desse encontro. A luta é árdua, mas, quanto mais batem a gente cresce”, enfatizou.
A presidente do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA), Concita Maia, parabenizou a deputada Michelle Melo pela iniciativa e pontuou a importância da 7° Marcha das Margaridas, que será realizada em agosto. A marcha mobiliza e dá visibilidade para questões fundamentais, como igualdade de gênero, acesso à terra, educação, saúde, moradia e trabalho digno.
“A minha fala é uma referência do texto da coordenação da Marcha Nacional das Margaridas. Para as mulheres do campo, florestas e das águas, a marcha tem sido um caminho que propõe um Brasil sem violência, com relações justas e igualitárias. A pauta de reivindicações das mulheres para a sétima marcha traz o lema: Reconstrução do Brasil e Bem Viver. Elas apresentam um conjunto de proposições fundamentais para a reconstrução de um Brasil que tenha com um horizonte”, disse.
A articuladora da marcha no Estado, Luana Silva, falou do seu orgulho em fazer parte do movimento. Ela, que tem 29 anos, é moradora da zona rural e militante, fez um balanço do quanto evoluiu e aprendeu a partir do movimento.
“Que alegria conseguirmos entrar na Aleac. Eu sou movimento social, moradora da zona rural, tenho 29 anos e essa é a minha primeira marcha, só Deus sabe o que eu enfrentei até aqui. Mas quem me guia é muito maior e sabe onde me coloca. Sou uma mulher negra e daimista com muito orgulho. Talvez, se o caminho tivesse sido fácil eu não teria conhecido tanta gente importante, por isso sou grata. Essa não é uma causa partidária, é uma causa das mulheres. Por isso peço que enxerguem fora das eleições que as produtoras rurais existem e elas precisam de políticas públicas”, pediu.
Em sua fala, Márdhia El-Shawwa secretária de Estado da Mulher, destacou a importância da secretaria para as mulheres acreanas. “O governador Gladson criou essa secretaria para fazer a diferença e nós vamos fazer. Contem com a nossa secretaria, com o governo do Estado para o que precisar, as nossas margaridas e nossas produtoras rurais precisam tomar posse dessa secretaria. Vamos trabalhar juntas, nós precisamos da marcha das margaridas, da cúpula da Amazônia. Precisamos nos unir, eu me comprometi que iria ajudar com a marcha das margaridas e não esqueci, vocês vão ter o ônibus e a comida, vão ter o apoio que me pediram, vão ter sim o apoio do governo do Estado. Vocês vão sim à Brasília”, afirmou ela.
A agricultora Sara Souza, de Porto Acre, relatou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres do movimento e também as superações. Ela pontuou que no movimento não há bandeiras partidárias, mas a união de mulheres por uma causa.
“Deputada Michelle Melo, você nos representa, independentemente de partido. Sou agricultora rural e estou muito empolgada com tudo que ouvi aqui. Admiro as jovens do movimento que têm visto tudo que passamos e aprendido muito. Não há partidarismo aqui, o que temos são mulheres unidas por uma causa, sejam elas da zona urbana ou rural. Nós enfrentamos as mais diversas dificuldades e é muito triste quando não temos oportunidades. Por isso, todas nós estamos de parabéns, pois estamos fazendo história”, disse.
A deputada Michelle Melo finalizou a audiência pública reafirmando o seu compromisso com as produtoras rurais e com todas as mulheres do Estado do Acre e pedindo que o Estado também promova uma marcha na capital. “Esse encontro de hoje é histórico, eu estou muito feliz. Sabemos o que é ser mulher e como a batalha é árdua, por isso nós precisamos ser irmãs e como irmãs vamos nos proteger e fortalecer cada vez mais a mulher acreana. Precisamos nos manter firmes e de mãos dadas, é dessa forma que vamos vencer”, enfatizou.
Texto: Mircléia Magalhães e Andressa Oliveira
Agência Aleac
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