Em 2021, espaço, que fica no Centro de Cruzeiro do Sul, foi invadido por criminosos que levaram peças e equipamentos. Na semana passada, local voltou a ser alvo de invasores, e a associação responsável pela casa decidiu suspender o funcionamento
A Casa do Artesão de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, decidiu fechar as portas por tempo indeterminado após ter prejuízos com furtos e arrombamentos. O espaço, que funciona no centro da cidade, foi alvo de duas invasões desde 2021.
Em agosto daquele ano, o local teve R$ 20 mil em prejuízos e a coordenação decidiu instalar grades. Quase dois anos depois, na madrugada da última segunda-feira (17), um outro furto ocorreu. Criminosos entraram e mais uma vez levaram produtos. Não satisfeitos, retornaram na quarta-feira (19) para cometer mais um furto.
De acordo com a tesoureira da Associação dos Artesãos do Vale do Juruá (Assavaj), Nilma Nascimento, ao todo, essa ação deixou R$ 10 mil de prejuízos, e até hoje os objetos não foram recuperados.
“É um prejuízo muito grande. A gente se reuniu e decidimos fechar, porque não temos segurança. O que podemos fazer? Encaixotar nossos produtos. Qual a segurança que nós temos? Até hoje, não recuperamos nada. As minhas peças foram todas levadas, são peças de R$ 5 a R$ 10, no máximo R$ 50. Agora, a gente fez um novo boletim de ocorrência, mas a gente sabe que não acontece nada, fazem investigação com moradores de rua, dependentes químicos, mas é muito difícil recuperar alguma coisa.
O g1 tentou contato com a Polícia Civil em Cruzeiro do Sul e não teve retorno até esta publicação.
Fechamento
Com a decisão de suspender as atividades, os artesãos ainda não buscaram alternativas para as vendas. Segundo Nilma, a Assavaj procurou a prefeitura do município, que prometeu ajudar com a instalação de novas portas mais seguras na casa.
Ainda conforme a artesã, uma nova reunião deve ocorrer nesta segunda-feira (24) para definir o que pode ser feito pela prefeitura. A associação busca resolver a situação o mais breve possível, pois, durante esta época do ano, é quando a região mais recebe turistas que buscam os itens de artesanato. Isso por conta do Novenário de Nossa Senhora da Glória - a segunda maior festa religiosa da região Norte.
“Nós somos uma associação sem fins lucrativos, se a gente vender, a gente lucra com uma porcentagem, mas e se a gente não vender? A gente arca com todas as despesas, o prédio é da prefeitura, mas a gente dá toda manutenção, ar-condicionado, embalagem, material de limpeza. Eles disseram que colocariam uma porta e vamos procurá-los de novo. Essa época é uma época que gente recebe muito turista, e eles viram a situação e acharam triste ", relata.
Cerca de 52 artesãos estão cadastrados para vendas na casa — Foto: Tácita Muniz//arte g1
Referência cultural
A Casa do Artesão de Cruzeiro do Sul foi reinaugurada em 2007, e se tornou referência na produção cultural da região. Atualmente, são cerca de 52 artesãos cadastrados, que expõem seus produtos na casa.
A administração tem direito a 25% de cada peça comercializada, mas, quando é verificado que o preço determinado não vai gerar lucro para o artista, a casa abre mão da porcentagem.
O local funcionava de 8h às 12h, 14h às 17h e de 19h30 às 21h30 de segunda a sexta. No fim de semana, abre até o meio-dia, e depois de 19h30 às 21h30. Não há previsão de quando o espaço deve reabrir.
“A gente recebe pessoas do mundo inteiro, essa época é quando os turistas vêm nos visitar, e estamos perdendo muito. Além de não recuperar, a gente não tá vendendo. Eu, por exemplo, praticamente vivo do artesanato, 80% da minha renda”, lamenta.
Casa do artesão era local que reuniu trabalhos regionais em Cruzeiro do Sul — Foto: Tácita Muniz/g1
Fonte: G1/AC
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