25 comunidades rurais da capital acreana devem ser atendidas. Em meio ao El Niño mais intenso dos últimos 70 anos, Rio Acre marca redução de 44 centímetros no mês de julho

A Defesa Civil de Rio Branco começou, nesta segunda-feira (17), a Operação Estiagem, que em 2023 vai atender 25 comunidades rurais da capital acreana com abastecimento de água através de carros-pipa. No lançamento da operação na última sexta-feira (14), o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, coronel Cláudio Falcão, ressaltou que 25 milhões de litros de água devem ser distribuídos.

"Nosso meio de transporte, levamos água com caminhão-pipa. Durante essa operação vamos distribuir, aproximadamente, 25 milhões de litros de água, que é importante para o consumo humano, para diminuir os impactos que as comunidades estão passando. Desde o início de julho que estão sofrendo, mas, a partir de agora, já estaremos atendendo", destacou.

A Operação Estiagem foi iniciada em 2021 atendendo dez comunidades. No mesmo ano, o número de áreas que precisaram de abastecimento com caminhão-pipa chegou a 17; ano passado 23; e este ano a 25. O atendimento deve seguir até o dia 15 de dezembro.


Rio Acre tem se mantido abaixo dos 3 metros desde o fim de junho — Foto: Defesa Civil de Rio Branco

Seca do Rio Acre

Na manhã desta terça-feira (18), o Rio Acre marcou 2,04 metros na capital acreana. Conforme monitoramento da Defesa Civil Municipal, todos os dias do mês de julho registraram queda no nível, e a redução já acumula 44 centímetros do dia 1º até esta terça. O rio tem se mantido abaixo dos 3 metros desde o fim de junho.

Falcão alerta que o índice também tem permanecido abaixo do registrado no mesmo período em 2022, e indica que uma forte seca deve se estabelecer durante os próximos meses.

“Isso indica um perigo iminente de uma seca severa que pode afetar a nossa região. Além da falta de água, temos a escassez de chuva, aumento no número de queimadas e piora da qualidade do ar”, enfatizou.

El Niño

O fenômeno conhecido como El Niño, que aumenta temperaturas e reduz chuvas, voltou a ser registrado após três anos de La Niña, que tem efeitos opostos. De acordo com o doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal do Acre (Ufac), José Genivaldo Moreira, foi a primeira vez que o La Ninã aconteceu por três anos seguidos, de 2020 a 2022.

Para 2023, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do governo dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a estimativa é que o El Niño tenha uma das ocorrências mais intensas dos últimos 70 anos. Além da seca do Rio Acre, já é possível perceber os sinais do fenômeno na temperatura, que deve se manter acima dos 30 graus nos próximos dias.

“Com isso, evidentemente todos sistemas vão sofrer, uma vez que as nossas estruturas são muito incipientes, como o abastecimento. A agricultura ainda não avançou muito nos projetos de irrigação e de captação de outras fontes de água. Aqui no Acre, a nossa cultura é de ir no rio, captar a água, e distribuir para os diversos usos. A gente espera que seja suficiente o que os rios têm a oferecer”, explica Moreira.

Fonte: G1/AC