Luis Tonini foi denunciado pela ex por violência moral e psicológica. Ele foi preso em flagrante na noite dessa terça-feira (25) após tentar pular muro da casa da ex-namorada, mesmo estando proibido de se aproximar dela

O delegado de Polícia Civil Luis Tonini, que era coordenador da delegacia de Epitaciolândia, no interior do Acre, foi preso em flagrante na noite dessa terça-feira (25), por descumprimento de uma medida protetiva contra sua ex-namorada. A informação foi confirmada ao g1 pela Polícia Civil e pelo comandante da Polícia Militar na cidade, major Antônio Wallace.

A polícia foi acionada pela mulher após o delegado tentar pular o mura da casa dela, mesmo estando proibido de se aproximar, por força de medida protetiva. A prisão foi feita por agentes da PM-AC, além de outros delegados. Em seguida, Tonini foi levado para a delegacia da cidade.

O g1 entrou em contato com o advogado do delegado, Claudio Baltazar e aguarda retorno até última atualização desta reportagem. A Polícia Civil informou que a corregedora foi até a cidade para se inteirar sobre o caso e que também deve se manifestar posteriormente.

Tonini ficou no centro de uma polêmica após ser transferido de Epitaciolândia para atuar no para o Departamento de Polícia da Capital e Interior (DPCI), com direito a ajuda de custo. Desde então, ele alega que está sendo alvo de perseguição por parte do delegado-geral José Henrique Maciel.

Denúncia de violência moral

A ex-namorada do delegado Luis Tonini conseguiu uma medida protetiva contra ele após registrar boletim de ocorrência por ameaças. A mulher, que também é agente de polícia, teve um relacionamento de 9 meses com Tonini e agora o acusa de ter cometido violência moral e psicológica contra ela.

A medida, assinada pelo juiz de Direito substituto Jorge Luiz Lima da Silva Filho, da Comarca de Epitaciolândia, determina as seguintes proibições até que os fatos sejam apurados:

Aproximar-se da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixado o limite mínimo de 200 metros de distância entre estes e o agressor
Ter contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação
Comparecer na delegacia de polícia civil dos municípios de Epitaciolândia e de Brasiléia, a fim de preservar a integridade física e psicológica da vítima

Ainda conforme o magistrado, foi determinada multa de R$ 500 para cada vez em que as medidas forem descumpridas, cabendo também prisão preventiva, segundo a Lei Maria da Penha.

Com isso, o delegado fica impedido de atuar no município onde era lotado. Ao g1, no início deste mês o delegado afirmou que a denúncia é mais um ato de perseguição, e também criticou veículos da imprensa acreana que, segundo ele, teriam exposto detalhes da decretação de medida protetiva, o que classificou como sensacionalismo. Porém, as informações estão disponíveis publicamente no sistema de consultas de processos do Tribunal de Justiça do Acre, sem nenhum tipo de sigilo.

“Tudo isso não passa de perseguição desesperada, e agora com o cometimento cristalino de atos criminosos praticados pela direção-geral da Polícia Civil, a qual envergonha a instituição, e se utiliza da função para perseguir os bons e dedicados profissionais”, declarou na época.

Sobre a denúncia de ameaça, Tonini preferiu não dar sua versão sobre o que teria acontecido. Ele confirmou que teve um relacionamento com a denunciante, mas disse que não iria falar sobre o boletim de ocorrência registrado para não expor a ex-namorada.

Após as denúncias, a Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Acre (ADEPOL-AC) voltou a se posicionar a favor de Tonini por meio de nota, e concordou com o argumento de que informações sigilosas teriam sido repassadas a veículos de imprensa para prejudicar o delegado.

“Como entidade representativa dos Delegados de Polícia, profissional que é o primeiro garantidor de direitos, a Adepol defende a apuração isenta, imparcial e rigorosa de toda e qualquer ação que vá de encontro ao ordenamento jurídico. Lado outro, não se pode olvidar que no Estado Democrático de Direito, dando concretude aos princípios da dignidade da pessoa humana, do devido processo legal e, principalmente, da presunção de inocência, procedimentos investigatórios são por natureza dotados de sigilo”, afirmou.

Transferência e acusação de perseguição

Segundo Tonini, o desentendimento com o diretor-geral da Polícia Civil surgiu em 2022 após ele cobrar melhorias nas condições de trabalho na atuação dele na região do Alto Acre. Conforme o delegado, ele seria responsável pela cidade de Epitaciolândia e de Assis Brasil, com déficit de profissionais, e chegando a ficar sem investigador. Ao questionar o delegado-geral, uma discussão teria ocorrido e iniciado a desavença.

Conforme publicação no DOE do dia 30 de junho deste ano, Tonini seria lotado no DPCI, mediante remoção. Porém, a decisão também traz processos administrativos aos quais o delegado responde como justificativa para a remoção.

Por meio de nota, a direção-geral da Polícia Civil afirmou que todas as decisões de remoção de servidores são pautadas nos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e seguem rigorosamente as leis federais e a Lei Orgânica da Polícia Civil do Acre.

Fonte: G1/AC