Em entrevista ao "ge", ex-coordenador da seleção revela motivo que deixou Gabriel Magalhães e outros dois jogadores de fora da seleção brasileira
Em 2022, Gabriel Magalhães foi chamado três vezes para a seleção brasileira. O zagueiro fez uma ótima temporada pelo Arsenal, atuando como titular em toda a campanha que terminou com o vice-campeonato da Premier League. No entanto, o jogador nunca teve uma sequência na equipe de Tite. Mesmo sendo canhoto, uma característica que o diferencia dos titulares Marquinhos, Thiago Silva e Militão, Magalhães nunca entrou em campo com a camisa amarela.
O motivo ficou subentendido a partir da entrevista do ex-coordenador da seleção, Juninho, publicada no “ge” nesta terça-feira. Segundo Juninho, o prestígio de Gabriel na CBF teria caído a partir do momento em que ele pediu dispensa para acompanhar o nascimento do sua primeira filha.
– São escolhas. Eu passei por isso. Nasceu um filho meu, fiquei esperando na Inglaterra e no dia seguinte vim ao Brasil porque tinha machucado o meu joelho e precisava me recuperar o mais rápido possível. A minha esposa ficou lá 40 dias sozinha, com a ajuda de babá. Isso prejudicou? Na hora de pesar você vai colocar tudo na balança e é inevitável, você vai colocar tudo isso na balança. Vem o outro, joga e aí acontece de perder um pouco espaço – disse Juninho sobre Gabriel Magalhães.
O episódio aconteceu em março de 2022, quando o zagueiro foi convocado para os jogos contra a Bolívia e o Chile, nas duas últimas rodadas das Eliminatórias. A data coincidiu com o nascimento da filha e, por um pedido da sua esposa, Gabriel preferiu acompanhá-la em Londres.
— Quando se trata de família, é um momento delicado. Eu era pai de primeira viagem, estava sozinho com a minha esposa em Londres, era complicado deixá-la sozinha. Ela disse que precisava de mim e era um momento especial para mim, entrei em contato com o pessoal (da seleção), eles entenderam, aí você vê que é uma família, fiquei feliz com a resposta que eles me deram. Sou grato ao professor e ao Juninho — disse o zagueiro na época.
Em 2018, na Copa da Rússia, o técnico inglês Gareth Southgate liberou o meia Fabian Delph no meio do Mundial para ver seu filho nascer. O jogador viajou para Inglaterra, acompanhou o parto, e voltou para a Rússia.
À época, Southgate disse que "algumas coisas são mais importantes do que futebol. Sua mulher está prestes a dar à luz. Família é mais importante", avaliou Southgate. Em seguida, ele ressaltou que uma decisão como esta faz parte dos tempos modernos, em que o papel de pai ganhou relevância na relação com os filhos: "Alguns dizem que você só tem uma chance de ser campeão da Copa do Mundo, mas seu filho só nasce um dia também".
Dois meses depois, Gabriel chegou a ser convocado novamente para a seleção brasileira, desta vez para amistosos diante de Coreia do Sul e Japão, mas não foi sequer relacionado para as partidas. Magalhães ficou de fora dos amistosos contra Gana e Tunísia, em setembro, e também dos convocados para a Copa do Mundo. Silva, Marquinhos, Militão e Bremer foram os escolhidos.
Ameaça e falta de compreensão
Os outros dois atletas que também perderam suas chances na seleção foram Claudinho e Malcom. A dupla de jogadores do Zenit foi chamada de volta pelo Zenit em setembro de 2021, quando o clube alegou que o protocolo sanitário da pandemia de Covid-19 iria prejudicar o clube, uma vez que eles perderiam jogos do clube russo por conta da seleção.
Segundo Juninho, os dirigentes "pegaram muito forte, com os dois, até (de maneira) desumana, de ameaça mesmo, de rescindir contrato". Mesmo assim, o ex-coordenador disse que "não gostei da atitude deles". Ambos nunca mais foram convocados por Tite até o fim do seu ciclo.
Fonte: O GLOBO
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