Informação foi divulgada pela filha, Roseana Sarney, que afirmou que o pai "está muito bem"

O ex-presidente José Sarney, de 93 anos, sofreu uma queda em casa depois de um tropeço e foi internado em uma unidade hospitalar do Maranhão neste domingo. A informação foi divulgada pela filha do político, a ex-governadora maranhense Roseana Sarney, em uma rede social. Na publicação, ela informa que o pai passa bem:

"Levamos um susto muito grande. Meu pai tropeçou e caiu. Nós o levamos para um hospital, mas graças a Deus, os exames já concluíram e ele tá muito bem. Se deus quiser, vai ficar bom logo, logo", afirmou a filha, em uma postagem.

Na manhã desta segunda-feira, o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, informou em uma rede social que Sarney deve fazer mais exames e ficará em observação na unidade hospitalar, segundo Roseana o teria informado, mas encontra-se "acordado e bem disposto":

Em uma das últimas aparições públicas, em abril, ao completar 93 anos, Sarney foi homenageado por políticos e autoridades em Brasília. Entre os convidados, estavam o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o ex-presidente Michel Temer, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Augusto Aras. Além de parentes, muitos inclusive que seguiram carreira política, também estavam ex-ministros, senadores e deputados federais.

Nas redes, a filha Roseana Sarney divulga imagens do pai em eventos de família. O último registro, foi publicado há quatro dias, com várias gerações da família.

Eleições 2022

Durante a corrida eleitoral de 2022, o ex-presidente José Sarney declarou voto no então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — a quem comparou a líderes autocratas como Viktor Orbán (Hungria) e Vladimir Putin (Rússia).

Em carta aberta a uma semana do segundo turno, o ex-presidente criticou o orçamento secreto e os ataques às instituições, destacando que "raras vezes se viu o ataque sistemático do Executivo contra o Judiciário". No documento, ele ainda afirma que os ataques de cunho xenófobo, racista e contra minorias como nordestinos e pobres, que segundo ele seria comum durante a gestão Bolsonaro, "atenta contra todos os princípios democráticos e até éticos".

Assim como outros ex-presidentes mais à direita, Sarney firmou compromisso em apoiar a candidatura de Lula no segundo turno:

"No mesmo espírito dos que construíram em torno de Tancredo Neves a Aliança Democrática, reunindo um amplo espectro de homens públicos, agora congregamos em torno do Presidente Lula os homens de maior responsabilidade do País para formar uma nova união pela democracia. É a esperança que nos convoca", afirma.

Após Lula ser eleito, Sarney compartilhou vídeo parabenizando o petista pela vitória, destacando que isso foi "o instrumento em que o Brasil mostrou a democracia consolidada que é".

Relembre trajetória

Nascido na cidade de Pinheiro, no interior do Maranhão, Sarney começou na vida pública há mais de 50 anos como suplente de deputado federal pelo PSD, entre 1956 e 1957. Desde então, teve uma extensa trajetória política, elegendo-se governador e senador pelo Maranhão, durante a ditadura militar. 

A influência no meio o lançou como vice-presidente da República na chapa de Tancredo Neves, do então PMDB. No entanto, após a morte de Tancredo, Sarney foi nomeado presidente da República, o primeiro da redemocratização, em 1985.

O período que ocupou a presidência, entre 1985 e 1990, foi marcado pela reconstrução da democracia e contenção da crise inflacionária. Durante sua gestão, foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, responsável por elaborar a Constituição de 1988. Já no plano econômico, foram implementados o Plano Cruzado, o Plano Bresser e o Plano Verão, como forma de conter a hiperinflação.

Na política externa, o governo Sarney foi marcado pela retomada das relações diplomáticas com Cuba e pela assinatura do protocolo do Mercosul, em conjunto com a Argentina e o Uruguai. O órgão de integração regional, porém, foi criado apenas durante a presidência de Fernando Collor, seu sucessor, em 1991.


Fonte: O GLOBO