As imagens da confusão envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o casal que o teria agredido no aeroporto de Roma estão paradas na Itália e ainda não têm previsão de serem enviadas ao Brasil.

O material foi pedido pela Polícia Federal brasileira à sua contraparte italiana no último dia 18, mas sua liberação depende de uma autorização judicial que está demorando mais do que o previsto pela corporação.

Inicialmente, a cúpula da PF calculou que os arquivos com as cenas gravadas pelo circuito interno de TV do aeroporto de Roma seriam entregues rapidamente, porque o rito que normalmente funciona entre as duas polícias prevê uma liberação expressa no âmbito do acordo de cooperação internacional entre os dois países.

Mas a autoridade central italiana responsável por processar o pedido entendeu que, no caso da agressão a Moraes, seria necessária uma autorização judicial. O juiz, por sua vez, decidiu consultar o Ministério Público do país. O trâmite está nesse ponto.

Na avaliação dos integrantes da PF envolvidos no processo, a decisão do governo italiano de encaminhar o pedido à Justiça teria sido motivada pela grande repercussão do caso.

Sem acesso às imagens, a PF não tem como atestar qual versão dos fatos é a verdadeira e nem finalizar o inquérito sobre as agressões sofridas por Moraes no final da tarde da sexta-feira 14 de julho, quando o ministro voltava com a família de Siena, onde foi fazer uma palestra.

No relato à PF, Moraes afirmou que a confusão começou quando a brasileira Andreia Munarão se aproximou quando ele entrava na sala VIP e o chamou de “bandido, comunista e comprado”.

Em seguida, o marido de Andreia, Roberto Mantovani, teria passado a gritar e dado um tapa nos óculos do filho do ministro, que também se chama Alexandre. O genro do casal, Alex Zanatta, também teria se envolvido na briga.

De volta ao Brasil, os três disseram à PF que não agrediram o ministro e nem seus parentes, e sim que teriam sido agredidos.

Nos depoimentos, Andréia disse que, na ocasião, reclamou que Moraes tinha privilégios por entrar em uma sala VIP onde eles tinham sido barrados, mas que quando fez o comentário o ministro não estava no local.

Eles negam ter feito referências ao trabalho de Moraes no TSE. Já o ministro afirma que, na discussão, o casal disse que ele havia fraudado as eleições no Brasil.

O marido de Andreia, Mantovani, disse ainda que o filho de do ministro reagiu de forma violenta ao comentário de sua mulher e que ele foi obrigado a conter o rapaz, que ele alegou não saber que seria filho de um ministro do STF.

Na semana passada, o advogado do casal, Ralph Tortima, chegou a afirmar que o genro do casal, Alex Zanatta, tinha um vídeo mostrando um trecho da confusão com Moraes chamando o rapaz de bandido.

O advogado entregou o vídeo à PF, mas os investigadores constataram que ele havia sido editado e pediram a ele que entregasse o celular que fez a gravação. O advogado, por sua vez, respondeu que só entregaria se dessem a ele acesso ao inquérito, que ele afirma que ainda não ocorreu.

Na semana passada, investigadores que haviam tido acesso a informações sobre as imagens do aeroporto disseram à equipe da coluna que, nas cenas, é possível ver Andreia ofendendo Moraes, ainda que sem som, e o entrevero de Mantovani com o filho do ministro.

Sem uma análise mais detida, porém, não é possível cravar nada. Diante dessa indefinição, a investigação entrou em ponto morto. Agora, depende da burocracia italiana para avançar.


Fonte: O GLOBO