Em transmissões, presidente busca contar um pouco da sua rotina e aborda assuntos que ele mesmo escolheu
Toda terça-feira, seis pessoas da Secretaria de Comunicação se preparam logo cedo, quase ao amanhecer, para transmitir o Conversa com o Presidente, live que chegou esta semana à sua oitava edição. Sob o foco de duas câmeras e iluminado por spots, Luiz Inácio Lula da Silva começa um bate-papo amigável com o jornalista Marcos Uchôa. Ali, o presidente busca contar um pouco da sua rotina e aborda alguns assuntos que ele mesmo escolheu.
Concebida para levar um ambiente descontraído e informal ao público, a live tem o objetivo de cumprir outro papel: disputar as redes sociais e tentar “pautar” o debate nacional. Desde o início do governo, há preocupação de auxiliares de Lula para que a Presidência não fique a reboque dos acontecimentos ou dos temas explorados pelos veículos de comunicação.
O horário da transmissão, geralmente às 8h30m, é estratégico para que o governo consiga, segundo auxiliares, alavancar o debate de assuntos ao longo do dia. Também é considerado o melhor momento para que o presidente se apresente, já que está “com a cabeça fresca”.
Entre subordinados de Lula, a live é vista como a ocasião de maior descontração na semana. Mesmo assim, o presidente acaba fazendo uma espécie de despacho ao vivo e pegando alguns ministros de surpresa.
Há duas semanas, por exemplo, o petista falou que teria uma reunião para discutir as filas do INSS sem que o ministro responsável pelo tema, Carlos Lupi (Previdência), tivesse sido comunicado. O encontro só foi marcado no dia seguinte.
As perguntas elaboradas pela Secom servem para conduzir a conversa, mas, no geral, não limitam os temas abordados. O presidente é abastecido diariamente com informações do governo, e dá o O.K. para os assuntos que serão tratados ao vivo.
Lula já fez pedidos para a live. Foi ele, por exemplo, quem levou temas como as inscrições no Enem, a Lei Paulo Gustavo e o Desenrola. O presidente também escolheu o formato atual entre o leque de opções apresentadas.
As transmissões costumam ser feitas do Palácio da Alvorada, sua residência, mas, para encaixar com outras agendas, já foi ao ar do Palácio do Planalto, de Bruxelas (Bélgica) e de Puerto Iguazú (Argentina).
O fotógrafo Ricardo Stuckert, que acompanha Lula há 20 anos, comanda parte da equipe que fica responsável pela estrutura, como link, sinal de internet e cenário. Há, ainda, o pessoal de apoio, que ajuda com questões como câmera e som; profissionais para pesquisar sobre os assuntos abordados; os cortes da live; e o roteiro das perguntas.
Os cortes — trechos que a Secom seleciona para serem aproveitados nas redes sociais e por aliados — são avaliados como os melhores resultados das transmissões até aqui em razão da repercussão. O de maior sucesso está o que Lula aparece comentando sobre os passarinhos no Alvorada. Na ocasião, a live foi feita no jardim da residência oficial. O vídeo, com 38.429 visualizações, está em posição de destaque na página oficial de Lula no YouTube.
Questões pessoais
Nos dias de live, Lula acorda por volta das 6h. Depois de cerca de uma hora e meia de ginástica, toma café da manhã, se arruma e vai para o local escolhido para a transmissão. Ao abordar sua rotina, o presidente já disse que não permite uso de celulares em seu gabinete, que não gosta de comida de palácios e que acha que o Alvorada “não tem nada de casa”.
Na terça-feira passada, o presidente também tratou sobre as dores que tem sentido na cabeça do fêmur por conta de uma artrose. Lula afirmou que está “chegando à conclusão” de que vai operar o quadril ainda neste ano e que, às vezes, as dores na região o deixam “visivelmente irritado”, “nervoso” e de “mau humor” (leia mais detalhes abaixo). A decisão de abordar o assunto foi acordada previamente para que o próprio presidente esclarecesse sobre seu estado de saúde.
A EBC transmite semanalmente as lives pelas redes e pela televisão, sempre no canal destinado para a comunicação do governo, rebatizado na terça-feira de CanalGov.
Fonte: O GLOBO
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