Rita Serrano já entregou balanço de seis meses de gestão no banco a Lula. Nome ligado a Lira já é cotado para comandar a instituição

Alvo de pressão de partidos do Centrão e do próprio PT, que querem seu cargo, a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, passou as últimas semanas tentando ganhar apoio para permanecer no posto. Na semana passada, ela entregou pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um balanço dos seis meses de sua gestão no banco.

Um dos destaques, segundo ela própria, é o crescimento da carteira de crédito em 8,7% no primeiro semestre em relação a igual período de 2021, com destaque para empréstimos habitacionais, projetos de saneamento básico e operações com micro e pequenas empresas. Foram abertas 67 salas nas agências para atendimento exclusivo a governadores e prefeitos; 24 novas agências e novos pontos de atendimento em lotéricas e correspondentes bancários.

- O cargo é do presidente, não é meu, ele é quem decide. A orientação que tenho do presidente é de tocar os projetos do banco e dar conta de atender os programas sociais e principalmente o Minha Casa Minha Vida - disse Rita, em rápida conversa com o GLOBO.

Sua gestão, contudo, tem sido alvo de críticas dentro do governo. Mais recentemente, a presidente da Caixa desagradou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao anunciar, sem combinar com o Planalto, a cobrança de taxa nas operações para Pix de empresas, algo que já é prática corrente em outros bancos. Diante da repercussão negativa da medida nas redes, Lula mandou o banco recuar.

Na semana passada, descartou a hipótese de estender o Minha Casa, Minha Vida para a classe média. O presidente queria incluir no programa famílias com renda de até R$ 12 mil. Rita, porém, explicou que a medida depende de recursos do FGTS e que seria possível pensar na alteração no próximo ano, mas não agora.

O clima de pressão foi percebido na semana passada quando movimentos sociais puxaram um coro de "fica, Rita" no evento de sanção do novo programa habitacional. Além da pressão do Centrão, que avança sobre os cargos de mulheres nos ministérios, fontes afirmam que a presidente da Caixa tem pouca interlocução no governo.

Procurada, ela minimiza os comentários e diz que segue trabalhando normalmente e que tudo não passa de especulação.

- O resultado do primeiro semestre, que será divulgado em agosto, já mostra números muitos positivos da atuação da nova direção da Caixa e do empenho dos empregados. Estou trabalhando muito - disse.

Ela, no entanto, se queixou a interlocutores que a situação causa instabilidade. Diz que levou praticamente quatro meses só para montar o quadro de funcionários. Afirmou ainda que manteve na cúpula dirigentes da gestão passada por eles demonstraram competência. Rita mencionou que se preocupou em mudar o ambiente de medo que existia por causa do antecessor e investiu em tecnologia, diante dos desafios nesta área.

Pouca experiência como CEO

Nos bastidores, petistas e aliados criticam a falta habilidade política e experiência dela como CEO. Funcionária de carreira há 34 anos, Rita era representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa. Ela foi presidente do Sindicato dos Bancários entre 2009 e 2012, quando foi eleita para o conselho e reeleita até 2022.

O nome dela ganhou força para comandar a Caixa no fim do ano passado, quando Lula prometeu indicar duas mulheres para presidir os dois maiores bancos: o Banco do Brasil e Caixa.

Para a Caixa, a primeira opção de Lula era ex-presidente do banco Maria Fernanda Coelho, que acabou optando por exercer cargo na Secretaria-Geral da Presidência. Defendida pelos trabalhadores do banco, Rita apareceu, então, como segunda opção.

Segundo fontes do Planalto e do Ministério da Fazenda, já se avalia uma troca. O favorito até agora é Gilberto Occhi, ligado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Ele é funcionário de carreira aposentado e se aproximou de Lira quando foi superintendente em Alagoas.


Fonte: O GLOBO