No total, são oito tipos clínicos da doença que afeta 1,3% da população brasileira; inverno pode ser gatilho para o aumento dos casos

Pouco conhecida, mas muito grave, a psoríase, uma doença cutânea incurável não contagiosa, atinge cerca de 100 milhões de pessoas no mundo, de acordo com o último Relatório Global sobre Psoríase realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O inverno, assim como infecções e estresse, podem ser um estopim para o aparecimento das manchas e escamas vermelhas por todo o corpo.

A dermatologista Natasha Crepaldi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy of Dermatology (AAD), e da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV), explicou ao GLOBO que a doença também apresenta marcadores genéticos. Nestes casos herdados geneticamente os sintomas tendem a ser mais precoces, observados antes dos 15 anos de idade.

— A incidência da psoríase no mundo varia de 1% a 2% da população. No Brasil a gente já tem trabalhos recentes mostrando que a prevalência média da doença é de 1,3%, variando entre as regiões. Os pacientes com as formas mais graves da doença são as que mais sofrem, porque as medicações mais recentes, os imunobiológicos e inibidores, são muito caros — enumera a especialista.

O Sistema Único de Saúde (SUS) e os convênios particulares disponibilizam esses medicamentos, porém, segundo a dermatologista, são necessárias muitas etapas para isso acontecer. Os valores dos tratamento aplicados mensalmente estão em torno de 2 a 5 mil reais.

Os 8 tipos de psoríase

No total, são oito tipos reconhecidos de psoríase, conforme o Consenso Brasileiro de Psoríase, organizado pela Associação Brasileira de Dermatologia:
  • Psoríase vulgar: a forma mais conhecida, com escamas/placas secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e cotovelos;
  • Psoríase invertida: lesões localizadas em áreas de dobras, como joelhos, cotovelos e couro cabeludo;
  • Psoríase gutata: lesões em formato de gotas tronco, braços e coxas (bem próximas aos ombros e quadril), associadas a infecções. São mais frequentes em crianças e jovens adultos;
  • Psoríase eritrodérmica: acomete todo o corpo com lesões, formando placas vermelhas que podem coçar ou arder constantemente. É o tipo mais raro de todos;
  • Psoríase artropática: as lesões são doloridas, predominantes nas pontas dos dedos das mãos e dos pés ou nas grandes articulações, como a do joelho. Pode causar rigidez progressiva e até mesmo deformidades permanentes. São apenas 8% dos casos;
  • Psoríase ungueal: surgem depressões puntiformes ou manchas amareladas principalmente nas unhas da mãos;
  • Psoríase pustulosa: aparecem bolhas com pus nos pés e nas mãos (forma localizada) ou espalhadas pelo corpo;
  • Psoríase palmo-plantar: as lesões aparecem como fissuras nas palmas das mãos e solas dos pés.
Para calcular o grau de regressão na gravidade da doença os dermatologistas utilizam o índice PASI. A especialista explica que anos atrás, o normal era de 50% a 60% no índice (correspondendo ao nível de melhora), mas com o surgimento de tratamentos cada vez mais eficazes e avançados, é esperado pelos médicos uma progressão sempre em torno de 90% a 100% durante o acompanhamento do paciente.

— Para além das intervenções com remédios, é essencial o controle do estilo de vida, como parar de fumar, por exemplo. Já que os fatores metabólicos sabidamente têm relação com a piora da doença. Também são utilizadas pomadas, cremes, loções e medicações de via oral — enumera a pesquisadora.

Novos tratamentos mais eficazes

Uma boa notícia é são as novidades no universo de tratamentos para os tipos mais agressivos de psoríase. A dermatologista destaca que as medicações anteriores têm uma função de inibição mais completa do sistema imunológico, fazendo com que o paciente fique imunossuprimido, ou seja, com deficiência imunológica.

Segundo Natasha, as medicações imunobiológicas mais recentes são mais específicas, porque agem diretamente na via inflamatória principal daquele tipo clínico de psoríase que se apresenta no paciente. Como é o exemplo do pustulosa, forma grave, que agora pode ser tratada com o medicamento Spevigo (espesolimabe), aprovado pela Anvisa em março deste ano, produzido pela farmacêutica Boehringer Ingelheim Brazil.

— A maestria do nosso corpo está no seu equilíbrio, porque ela é necessária. A falta e o excesso desses fármacos antigos são prejudiciais. É melhor inibir só realmente o essencial é a grandes arma hoje das indústrias farmacêuticas, por isso são esses remédios são tão caros — ressalta a dermatologista.


Fonte: O GLOBO