Pernambuco e Piauí ficam na segunda e terceira posições, enquanto Mato Grosso registra os menores índices
Após uma queda na taxa de roubo e furto de veículos, o Brasil voltou a ter uma alta pelo segundo ano consecutivo nesse tipo de crime em 2022, que cresceu 8% em relação ao ano anterior.
Segundo números do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os crimes contra o patrimônio envolvendo carros, caminhões e outros tipos de veículos motorizados estão subindo principalmente por causa do furto, a modalidade menos agressiva que o roubo, sem envolver ameaça ou agressão. O estado onde o dono de um carro corre o maior risco de perder seu veículo para o crime foi o Rio de Janeiro, que se manteve na mesma posição em que estava em 2021. Em seguida aparecem Pernambuco e Piauí.
Em 2022, o país teve 373.225 veículos roubados, cerca de 38 mil a mais que no ano anterior. A taxa de roubo/furto cresceu de 300 para 324, calculada sobre cada 100 mil veículos registrados.
Na outra ponta do ranking, os estados onde criminosos menos levaram veículos foram o Mato Grosso e Goiás, seguindo tendência de outros anos. Ambos são estados com grande extensão de zona rural, onde a logística desse tipo de crime é diferente.
A razão entre as duas modalidades crime também variou conforme estado. Enquanto na Paraíba 74% das ocorrências foram de roubo, no outro extremo está o Mato Grosso do Sul, onde 90% das ocorrências foram de furto.
No relatório divulgado nesta quinta-feira, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública levanta algumas hipóteses para o aumento da taxa de roubos de veículos em 2022. O número foi atribuído em parte a um retorno a uma tendência pré-pandemia, com as pessoas saindo mais de casa e expondo mais seus carros e motocicletas.
Alguns estudos recentes tentam entender, por exemplo, o caso de São Paulo, que conseguiu uma redução razoável de roubos e furtos. O sociólogo Gabriel Feltran publicou trabalho sobre o tema.
"Analisando o contexto de São Paulo, Feltran e seus coautores atribuem essa redução a mudanças nas dinâmicas das organizações criminosas, da indústria automobilística, mas principalmente a ações e políticas públicas que tiveram êxito em conter o comércio ilegal de veículos ou de partes em desmanches irregulares, como a lei do desmanche em São Paulo", afirma o relatório.
Em 2014, o governo federal também editou uma lei para regular e disciplinar a atividade de desmontagem de veículos, o que contribuiu para frear a alta do crime nos primeiros anos. O relatório do anuário de segurança, porém, alerta para o risco de criação de novas brechas para receptação de itens roubados, sobretudo por causa do comércio eletrônico.
"O advento do comércio online de peças, largamente disponíveis na maioria das plataformas de e-ecommerce, pode, no médio prazo, enfraquecer o efeito das legislações que regulam desmanches se não houver nenhum tipo de fiscalização sobre o que é comercializado por meio digital", afirma o relatório.
Fonte: O GLOBO
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