Armados, presos tomaram o presídio Antônio Amaro Alves em Rio Branco. Governo também não confirmou como os presos foram mortos, mas IML disse que alguns foram decapitados.

O que motivou a rebelião no presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco, foi uma tentativa de fuga, segundo o coronel José Américo Gaia, secretário de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp), que tratou o caso como um "momento de crise" e disse que as investigações ainda estão em andamento.

Em coletiva, nesta quinta-feira (27), a Segurança informou que ainda não sabe como a rebelião iniciou e nem como os presos tiveram acesso a 15 armas usadas para manter um policial penal e um detento reféns por mais de 24 horas. Na ação, cinco presos foram mortos por outros detentos.
A polícia também não confirmou como os presos foram mortos, porém, o g1 teve acesso a informações do Instituto Médico Legal (IML) de que alguns dos presos foram decapitados, mas ainda não se sabe quantos.

Outra versão é de que a rebelião teria sido causada por um grupo criminoso que queria demonstrar poder. A ação teria sido orquestrada para que esse grupo pudesse matar membros da facção rival. Porém, a Sejusp disse que essa possibilidade ainda é investigada.

“Tivemos uma situação de crise no presídio Antônio Amaro, quando aproximadamente 13 detentos tentaram empreender fuga do presídio, rendendo o faxineiro e um policial penal. No primeiro momento houve uma tentativa de sair dos presídios e foram impedidos pela guarnição do Iapen [Instituto de Administração Penitenciária].

O que vale ressaltar é que não tivemos uma rebelião, tivemos uma tentativa de fuga com tomada de refém e, infelizmente, constatamos os cinco detentos que serão identificados e depois divulgados os nomes dessas pessoas”, disse o secretário.

Ao ser questionado de como o policial foi rendido e como os presos tiveram acesso a 15 armas, o presidente do Iapen, Glauber Feitoza, disse que tudo ainda está sendo investigado.

“A priori, as informações preliminares é de que a partir do momento que o nosso policial foi rendido, isso fragilizou a rotina de segurança. O que a gente pede agora é que os canais de comunicação aguardem as apurações para que a gente possa apurar o que transcorreu no interior da unidade”, disse.

O presidente disse ainda que vai ser feito um levantamento sobre os danos na estrutura.

“É possível que sejam emitidas medidas preventivas. É preciso fazer uma série de vistorias na estrutura, revistas, para ter as devidas precauções depois de um ato como esse para garantir a ordem, a disciplina, a segurança dos servidores, dos apenados e dos familiares que fazem as visitas”, destaca.

O representante da OAB-AC, Romano Gouveia, que acompanhou as negociações falou que o trabalho foi garantir o restabelecimento da ordem.

“O presídio ficou totalmente tomado pelos reeducandos. Temos uma fragilidade que vai ser corrigida pelo Estado e agora cessou. Os presos estavam com fuzil e adentraram em todos os setores.

Acompanhamos as negociações e neste momento começa o trabalho da perícia, que não podemos interferir. O que sabemos é de cinco corpos. Agora, as imagens vão dizer quem atacou e quem invadiu os prédios”, disse.


Presídio Antônio Amaro teve rebelião de cerca de 24 horas — Foto: arte/g1

Medidas de segurança

As visitas nos presídios devem ser suspensas até que tudo seja apurado. Ainda na manhã desta quinta-feira (27), membros do Ministério Público do Acre (MP-AC) e delegados da Polícia Civil foram ao presídio ouvir testemunhas. A Sejusp informou que, inicialmente, 13 presos teriam iniciado a rebelião. Mas, esse número pode aumentar de acordo com as oitivas.

Desde a noite de quarta-feira (26), a Polícia Militar reforçou o efetivo nas ruas da capital. "Continuamos atentos com o reforço do policiamento na capital, nos pontos mais sensíveis onde tivemos informações de conflito", destacou o secretário da Sejusp.

Na coletiva, a PM falou que já prenderam quatro pessoas que estariam planejando retaliações.

O gabinete de crise do governo também informou qu uma equipe da Secretaria Nacional de Políticas Penais deve chegar ao estado ainda nesta quinta-feira, com o objetivo de avaliar o cenário e tomar as providências necessárias para evitar desdobramentos da rebelião.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) e representantes do Ministério Público também estão dentro do presídio.

IML isolado

Um esquema de segurança foi montado na frente do Instituto Médico Legal (IML) em Rio Branco . Desde a noite de quarta-feira (26), familiares de presos buscavam informações. Após o fim da rebelião, mais famílias se reuniram em frente ao instituto.

Os corpos chegaram ao local por volta das 12h25 e os nomes dos presos mortos só devem ser divulgados após a confirmação da identificação.

Sobre o presídio

O presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves existe há 15 anos e tem, ao todo, 99 presos. Instituto de Administração Penitenciária do Estado do Acre (Iapen-AC). Os tipos de presos são aqueles que exercem poder de liderança nos grupos criminosos que fazem parte. Os grupos criminosos são separados por pavilhões.


Presídio Antônio Amaro está tomado pela facção criminosa — Foto: Reprodução/Google Maps

A Rebelião

A rebelião, segundo o gabinete de crise, começou por volta das 9h30 (horário do Acre). Segundo informações do gabinete de crise, os presos renderam policiais penais e tiveram acesso às armas que foram usadas para tomar o presídio. Foram mais de 24 horas de rebelião e mais de 16 horas de negociação.

Um policial penal do Grupo Penitenciário de Operações Especiais (GPOE) foi atingido no início da ação, com um tiro de raspão na região ocular. E outro foi pego como refém e permaneceu na mira dos presos até o fim da rebelião.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, colocou equipes à disposição para apoiar o governo do Acre. “Em face de crise no sistema penitenciário estadual do Acre, falei com o governador Gladson Cameli e coloquei nossa equipe à disposição para auxiliar no que for cabível”, disse o ministro.

Fonte: G1/AC