Ex-presidente e governador de São Paulo reuniram líderes do PL para falar sobre o projeto. Para Tarcísio, direita precisa colocar 'a digital' na reforma tributária

Em reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares do PL na manhã desta quinta-feira em Brasília, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ouviu repetidas críticas de deputados e do ex-chefe do Executivo sobre seu apoio à Reforma Tributária.

Tarcísio e Bolsonaro se desentendem sobre a Reforma Tributária

Mais cedo, em um encontro fechado, Tarcísio havia argumentado com Bolsonaro que seria contraditório o ex-mandatário se posicionar contra, já que as mudanças haviam começado a tramitar ainda na gestão dele, em 2019.

O argumento de Tarcísio é que a direita precisar colocar a digital na aprovação de uma reforma que está sendo buscada há décadas:

— A direita não pode perder a narrativa de ser favorável a uma reforma tributária. Por que senão a reforma acaba sendo aprovada e quem aprovou? A grande questão é construir um bom texto — disse.

— PL unido não aprovada nada — diz Bolsonaro.

Na reunião, Bolsonaro chegou a interromper a fala de Tarcísio e disse que “se o PL estiver unido, não aprova nada”.

Partidários do PL interrompem Tarcísio sobre Reforma Tributária

O governador de São Paulo seguiu com um discurso mais enfático:

— Eu não estou aqui defendendo votação no dia de hoje. Eu estou tentando explicar, com a maior humildade do mundo, é que eu acho arriscado a direita abrir mão da Reforma Tributária. Se vocês acham que a reforma não é importante, não votem — dizem.

Durante a fala de Tarcísio, partidários do PL interromperam o governador, até que a gravação do vídeo fosse interrompida após pedidos de líderes do partido.

Reunião fechada

Mais cedo, em uma reunião a portas fechadas com Bolsonaro, Tarcísio, segundo aliados, lembrou ao ex-presidente que a reforma já tramitava em 2019, durante o governo dele. O governador argumentou que seria contraditório Bolsonaro se posicionar contra a mudança.

Ainda de acordo com interlocutores, Tarcísio ressaltou que a proposta tem sido encabeçada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, (PP-AL), e por parlamentares de centro-direita.

Diante das alegações, o ex-presidente disse então ao governador que nunca foi contra a Reforma Tributária, mas que seria necessário mais tempo para os deputados analisarem o texto proposto.

O PL aguarda o relatório final do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) para decidir a postura em plenário. Uma das possibilidades é liberar a bancada, caso as sugestões do governador de São Paulo sejam aceitas pelo relator.

O que é a reforma tributária?

O objetivo da Reforma Tributária é simplificar o complexo sistema de impostos no Brasil. Mas, como o país tem uma dívida pública elevada, precisa manter gastos sociais – como em Saúde, Educação e transferência de renda – e retomar investimentos em obras de infraestrutura, não há espaço, na avaliação do governo e dos parlamentares, para reduzir a carga tributária brasileira.

O que muda com a reforma tributária?

A tributação será simplificada. Não haverá mais distinção entre produtos e serviços: o CBS e o IBS terão uma mesma alíquota em todo o país e vão incidir no consumo.

Além disso, serão gerados créditos tributários ao longo da cadeia produtiva para não haver incidência em cascata, ou seja, imposto cobrado sobre imposto.

Quando as mudanças da reforma tributária entram em vigor?

Uma vez aprovada, a reforma terá uma fase de transição. O novo modelo deve estar plenamente implementado, para todos os tributos, só em 2033.


Fonte: O GLOBO