Na manhã desta quinta-feira (17) a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), promoveu uma Audiência Pública para debater acerca do incentivo financeiro aos clubes profissionais de futebol acreano. O encontro é fruto de um requerimento apresentado pelo deputado Tanízio Sá (MDB).
O parlamentar iniciou o debate falando sobre as dificuldades enfrentadas pelos clubes profissionais para se manter atuantes, uma vez que os recursos que deveriam ser destinados pelo Estado, não estão chegando a eles.
“Percebemos a dificuldade do futebol profissional no Acre e vejo de perto a falta representação. Meu primeiro slogan de campanha na minha trajetória política foi sobre o esporte, pois sei a importância das atividades físicas na vida das pessoas.
Fiz um levantamento e os recursos destinados pelo Estado não foram repassados para os times ano passado, por isso, a iniciativa de promover essa audiência. A partir de setembro trabalharemos o orçamento do governo para o próximo ano e precisamos bater nessa tecla de investimento no desporto. Também precisamos nos unir e ir a Brasília falar com a bancada federal, que é a responsável por enviar verbas”, pontuou.
O empresário Adem Araújo, que é vice-presidente da Federação de Futebol do Acre, ressaltou a diferença gritante dos valores investidos por governos de outros estados no futebol, e os que são aplicados nos times do Acre.
“Para chegar a série “A” os times precisam receber apoio primeiramente do governo para se fortalecer. Nós temos hoje um campeonato com pouca atratividade, os jogos não passam de 500 pessoas assistindo e o único motivo é a falta de incentivo para o torcedor ir ao estádio. A cada ano que passa, nosso futebol fica mais enfraquecido por falta de condições e ninguém pode ser irresponsável a ponto de endividar um clube e depois não ter como pagar. Precisamos rever a situação do futebol acreano e é obrigação do Estado e da União desenvolver o desporto”, asseverou.
Em seguida, Antônio Aquino Lopes, presidente da Federação Acreana de Futebol, lamentou a falta de apoio do Poder Público ao futebol do Acre. O presidente frisou ainda que em outros estados os investimentos que são feitos aos clubes chegam a ultrapassar os R$ 8 milhões.
“Se não fossemos nós da federação promover e arcar com a realização dos campeonatos no Estado, nada aconteceria. Até o nosso estádio foi a gente que se esforçou para construir, sem ele, os jogos teriam que acontecer em outros estados. O governo do Acre precisa contribuir, não tem como fazer futebol sem recursos. Nós fazemos nove competições anualmente, não é fácil, mas, nos esforçamos para realizar os campeonatos. Precisamos de ajuda, aproveito a oportunidade para pedir que o Poder Público se manifeste”, disse.
Aquino Lopes salientou que o investimento do governo do Estado no campeonato acreano é também uma forma de incentivar as próximas gerações.
“O esporte e, em especial, o futebol, é um grande celeiro de talentos, muitas vezes, descobertos nas periferias. Sabemos das dificuldades e do quanto ainda temos a fazer, mas o esporte transforma a vida das pessoas. Portanto, mais do que justo fomentar nossos campeonatos, como uma forma também de incentivar as próximas gerações. Não podemos esquecer a geração de emprego e renda que ele também proporciona”, complementou.
Em sua fala, Zacarias Lopes, presidente do Náuas, relatou as dificuldades que o clube enfrenta para se manter. “O Náuas tem cem anos e ainda assim, as portas continuam trancadas, existe uma cortina humana que não deixa a gente expor o que realmente o futebol acreano precisa. Eu estou endividado até 2032, eu e minha mulher gastamos R$ 9 mil por mês para manter o Náuas.
Nosso clube é um time pequeno, minúsculo, lava por dia 300 peças de roupas, 90 pratos, assina 30 carteiras, tem que pagar o contador, reconhecer INSS, FGTS e é por esses e outros motivos que nós precisamos do apoio do Estado. Sem essa ajuda nós temos duas opções, ou falir ou se suicidar”, enfatizou.
O secretário de Educação do Acre, Aberson Carvalho, assegurou que será enviado para apreciação e votação na Aleac um Projeto de Lei de autoria do governo, que institui uma norma para assegurar a transferência de verbas do Estado para os clubes de futebol. O gestor explicou que todos os anos é necessário criar uma lei que assegure a transferência, ou o Executivo fica impedido judicialmente de fazer os repasses e que justamente por isso o dinheiro não foi depositado no ano passado.
“No final do ano passado tivemos todo um trabalho de convênio com a Federação e por questões jurídicas não pudemos fazer a transferência de verbas, pois todo ano tem que ter uma nova lei para legalizar os repasses.
Este ano agilizamos no início do segundo semestre isso e hoje a lei foi assinada pelo governador, agora ela será encaminhada para esta Casa, onde será apreciada e votada pelos parlamentares. Estão previstos R$ 2 milhões para os clubes de futebol, então peço que deem celeridade aqui para que ela seja sancionada o quanto antes”, solicitou.
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