Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, fez críticas ao governador texano, o republicano Greg Abbott: 'Nenhuma pessoa boa faria isso'

Uma criança hondurenha é uma das duas pessoas encontradas mortas próximas da barreira de boias instalada no Rio Grande, que divide o Texas, nos Estados Unidos, do México. Um corpo foi localizado preso nos obstáculos idealizados pelo governador texano, o republicano Greg Abbott. 

Um segundo corpo foi descoberto separadamente, mas também perto das boias, de acordo com um comunicado divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria de Relações Exteriores do México e o Instituto de Migração do México.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, criticou a instalação da barreira em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

— Nenhuma pessoa boa faria isso — disse López Obrador. — Isso é desumano e nenhuma pessoa deveria ser tratada assim — acrescentou.

O Departamento de Segurança Pública do Texas negou que qualquer um dos migrantes tenha morrido ao ficar preso nas barreiras instaladas pelo Texas nas últimas semanas. O porta-voz de Abbott, Andrew Mahaleris, alegou que a morte da criança teria acontecido a quilômetros de distância das boias.

— O governo mexicano está totalmente errado — afirmou Mahaleris. — Infelizmente, afogamentos no Rio Grande por pessoas que tentam atravessar ilegalmente são muito comuns.

Em Washington, o Departamento de Segurança Interna classificou as mortes como "desoladoras" e cobrou uma investigação.

Corpo preso às boias

O governo do México havia anunciado, na quarta-feira, que o corpo de uma pessoa tinha sido encontrado preso às boias anti-imigração colocadas pelo governo do Texas no Rio Grande, que divide Estados Unidos e México.

"Autoridades do Departamento de Segurança do Texas notificaram o Consulado do México em Eagle Pass que (...) encontraram o corpo de uma pessoa sem vida preso na parte sul das boias", disse a chancelaria mexicana em um comunicado. Até o momento, não foram confirmadas a causa da morte e nem a nacionalidade da vítima.

As boias causaram polêmica entre os países após serem colocadas no Rio Grande no início de julho por ordem do governador do Texas, o republicano Greg Abbott, junto com barreiras de arame farpado, com o objetivo de bloquear a passagem de imigrantes com destino aos EUA, a partir do território mexicano.

De acordo com reportagens publicadas na imprensa, alguns imigrantes já ficaram presos às boias, precisando ser resgatados.

A medida sofreu forte condenação do governo mexicano e do governo federal dos EUA. Em julho, o presidente Andrés Manuel López Obrador classificou a medida como uma "provocação" que viola a soberania do México, e pediu que os eleitores boicotassem Abbott.

Em paralelo, o Departamento de Justiça dos EUA apresentou uma demanda civil para impedir que o governo texano colocasse novas barreiras e fosse obrigado a retirar as que já colocou no rio.

O Ministério das Relações Exteriores do México repetiu que o governo está preocupado "sobre o impacto aos direitos humanos e a segurança pessoal dos migrantes que terão essas políticas de Estado", acrescentando que seguiria em contato com as autoridades americanas para ter mais informações e "solicitar que se realizem as investigações necessárias".


Fonte: O GLOBO