Julgamento ocorreu na 1ª Vara do Tribunal do Júri nesta terça-feira (15).

O júri popular decidiu inocentar o policial penal aposentado Henning Renato de Oliveira Rocha da acusação de violência doméstica praticada contra e ex-namorada. O servidor público era acusado de sequestrar, manter em cárcere privado e provocar o aborto na ex-companheira em fevereiro de 2013 em Rio Branco.

O julgamento ocorreu na 1ª Vara do Tribunal do Júri nesta terça-feira (15). A decisão cabe recurso. O servidor aguardava o julgamento em liberdade.

Em fevereiro deste ano, a Justiça pronunciou o suspeito a júri popular, mas ele entrou com um recurso e os membros da Câmara Criminal negaram o pedido.

O g1 entrou em contato com a defesa do acusado. O advogado Uêndel Alves dos Santos disse que a justiça foi feita.

"Não haviam provas de ser o nosso cliente, autor de nenhum crime em desfavor da suposta vítima. Muito pelo contrário, as provas apontavam claramente para uma falsa acusação motivada por diversos fatores, dentre eles, vingança por não ter o réu cedido aos inúmeros pedidos de namoro por parte da autora das acusações. São mais de 10 anos sendo acusado por um crime que não cometeu e hoje, finalmente poderá seguir sua vida sem o peso das falsas acusações", falou.

Relembre o caso

Segundo os autos, o policial e a vítima tinham um relacionamento amoroso e ela estava grávida de três meses na época dos fatos. Contudo, o policial não queria a criança. No dia 23 de dezembro de 2013, ele teria ligado para a vítima e pedido para ela ir até a casa dele no Conjunto Rui Lino. Lá, ele teria trancado a vítima dentro da residência, agredido ela a tapas e algemado as mãos dela.

O processo destaca também que o servidor tapou a boca da ex-namorada com um pano, que fez ela passar mal e ter uma crise de asma. Com isso, o policial retirou o pano, porém, voltou a bater na mulher.

A violência sofrida pela vítima se agravou dentro da casa. Os autos afirmam que o policial rasgou as roupas da mulher com uma faca e introduziu comprimidos de medicamento abortivo nas partes íntimas dela e ainda a forçou a tomar outros três.


Vítima conseguiu pedir ajuda pela janela, após dois dias na casa do policial — Foto: Reprodução

A mulher relatou que foi colocada dentro de um carro e levada para a cidade de Plácido de Castro, interior do Acre, em uma vila que faz fronteira com a Bolívia. Ela contou à Justiça que começou a sangrar durante a viagem e o suspeito comprou uma bermuda e absorventes.

Na fronteira, a vítima recordou que o suspeito comprou mais comprimidos abortivos e retornou para Rio Branco. Conforme o processo, durante a viagem, a mulher estava algemada porque o policial não tinha as chaves do equipamento.

Ao voltar para a capital, ele teria pedido ajuda para alguns colegas de trabalho e conseguiu retirar as algemas. A vítima teria sido levada para a casa do ex-namorado novamente, onde acabou desmaiando no banheiro. O próprio policial teria reanimado a mulher.

Pedido de ajuda

Ainda segundo o processo, após ser reanimada, a vítima abriu uma janela da casa quando o suspeito saiu para atender uma ligação e pediu ajuda para uma vizinha. Essa mulher emprestou o celular e ela ligou para a mãe relatando o que acontecia.

Quando voltou para a casa, o policial penal pegou a jovem e saía do local quando recebeu uma ligação da avó dela afirmando que a polícia estava a caminho do lugar para resgatar a mulher. Nesse momento, de acordo com o processo, o suspeito deixou a ex-namorada perto da casa e fugiu no carro.


Vítima abriu uma janela do apartamento e pediu ajuda para uma vizinha quando o suspeito saiu — Foto: Reprodução

Uma viatura da Polícia Militar levou a vítima para a Maternidade Bárbara Heliodora, onde se confirmou o aborto e ela fez uma curetagem. Ainda segundo os autos, a mulher ficou dois dias sob o poder do policial penal.

A família da vítima afirmou para a Justiça que não sabia da gravidez, que o casal tinha um relacionamento conturbado desde 2010.

Após deixar a maternidade, a mulher buscou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e denunciou o crime. Em 2015, o Ministério Público do Acre (MP-AC) ofereceu denúncia contra o suspeito por sequestro, cárcere privado e aborto provado por terceiro.

Henning Renato de Oliveira Rocha se aposentou em abril de 2021, conforme Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).

Fonte: G1