Entenda os motivos que levam o corpo a enfrentar o efeito sanfona

Essa semana o "Fantástico" fez uma homenagem ao quadro "Medida Certa" que fui o idealizador e apresentador. Foram cinco temporadas do programa que incentivou milhões de pessoas a adotar um estilo de vida mais saudável e com movimento! Recebi inúmeras mensagens e uma pergunta muito interessante e decidi que deveria compartilhar aqui, para quem passa pelo mesmo problema. 

A remetente dizia que, ao longo dos últimos 10 anos, ela tem emagrecido e engordado e cada vez que engorda, são sempre uns quilos a mais do que tinha conseguido perder.

Isso acontece com bastante frequência e se chama efeito sanfona. Ocorre, principalmente, quando os hábitos adotados para emagrecer não são mantidos. Uma vez atingida a meta proposta, a maioria das pessoas vai retomando hábitos antigos, que inevitavelmente trarão de volta todos os quilos eliminados.

Por que algumas estratégias provocam esse aumento de peso pós-dieta? A primeira e mais simples explicação é que a pessoa fica literalmente de “saco cheio” e quando “acaba” a dieta, acha que o objetivo já está conquistado, “chuta o balde” e volta a comer tudo que se privou durante o tempo que ficou em dieta. 

Isso acontece naquelas promessas de emagrecimento em 30 dias, 15 dias, às vezes, até em 1 semana! Tempo curto, o corpo nem se acostumou a um novo padrão alimentar, pelo contrário, ele ainda está “lutando” contra as mudanças que estão acontecendo. São dietas normalmente restritivas, em que a pessoa fica se esquivando do que não deve comer, sobrevivendo às tentações e rezando pra chegar ao final. Dieta boa não tem final. 

Nem meio. Tem apenas o começo e devemos levar pra vida toda. Por isso, é importante que ela seja balanceada, que se consiga emagrecer com calma, sem grandes privações, que se reaprenda a comer com qualidade e inteligência, sem se privar dos prazeres da alimentação, mas sem cometer excessos.

Outra explicação para o ganho de peso pós-dieta é o fato de se jogar o metabolismo pra baixo com o corte excessivo de calorias ingeridas. Se a pessoa costuma comer em torno de 1.500 calorias por dia e, ao iniciar uma dieta hipocalórica passa a comer a metade de calorias, por exemplo, o corpo sente que está vivendo um momento de privação e passa a “trabalhar” no modo econômico. 

Exatamente como seu celular faz ao enviar a mensagem: “Bateria fraca, modo econômico”. Quando a pessoa volta a comer as 1.500 calorias de novo, o metabolismo ainda está em modo econômico e o ganho de peso vem ainda mais rápido. Sem contar que acaba vindo junto a compulsão, causada pela privação, e as escolhas são sempre por comidinhas mais calóricas e gordurosas!

Claro que para emagrecer é necessário que se faça um deficit calórico. Mas o problema é como fazer isso. Agredindo seu corpo da noite pro dia, ou aos poucos, com uma reeducação alimentar? Ah, vale lembrar que em muitas dessas dietas ocorre perda de liquido e massa magra, que fazem o ponteiro da balança descer. 

Mas isso não corresponde a perda de gordura de fato. Perde-se peso, mas não se emagrece de verdade. Se você que saber se emagreceu ou perdeu peso, use mais a fita métrica e menos a balança.

Sem conhecer a remetente da pergunta, eu arriscaria em dizer que na maioria das tentativas de emagrecer a atividade física não está incluída. Por mais que ela fizesse a dieta hipocalórica, o estímulo do exercício físico ajudaria a manter metabolismo mais alto, aumentando o gasto energético.

Por isso, pra quem quer emagrecer, eu diria pra investir muito na atividade física regular, que além de aumentar nosso gasto calórico diário, ainda ajuda no bom funcionamento do corpo e evita uma série de doenças não transmissíveis.

Pra finalizar, gostaria de dizer que no "Medida Certa" sempre pedi para os participantes escolherem as mudanças que seriam capazes de manter, isso é fundamental. Nunca abri mão dos famosos 150 minutos de atividade física durante a semana, divididos preferencialmente em cinco dias. 

Na alimentação eram cinco pedidos: beber água ao longo do dia e se manter hidratado; consumir com moderação sal e açúcar; evitar o excesso de gordura na alimentação, principalmente a gordura saturada; consumir de 3 a 5 porções de frutas ao longo do dia; diminuir 5% a 10% a porção de comida. Tudo isso durante 3 meses. Fica aqui o desafio, tente você também e nos mande o resultado do antes e depois!


Fonte: O GLOBO