Coordenadora regional de saúde disse que há possibilidade de Narjara Lima, que divulgou vídeo nas redes sociais expondo menina de 14 anos, ser afastada da função. De imediato, Sesacre pediu a exclusão do vídeo.

A técnica em enfermagem Narjara Lima, que também se apresenta nas redes sociais como criadora de conteúdo, pode ser afastada da maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, por causa da exposição nas redes sociais de uma adolescente de 14 anos grávida, vítima de estupro de vulnerável, na última sexta-feira (4).

Segundo a coordenadora da regional de saúde de Cruzeiro do Sul, Diane Carvalho, um procedimento administrativo foi aberto e encaminhado para Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) e para o Instituto de Gestão de Saúde do Acre (Igesac).

"Nós estamos tomando as medidas administrativas inerentes a nossa competência. Então, abrimos um processo administrativo, encaminhamos para a Sesacre e para o Igesac, do qual a servidora presta serviço, e vamos aguardar a apuração dos fatos", disse nesta segunda-feira (7).

"As medidas serão tomadas a partir da instauração do processo administrativo. Então, a partir do momento que nós formos orientados de quais medidas tomar, sim nós aplicaremos", completa Diane Carvalho.


Diane Carvalho, coordenadora regional de saúde de Cruzeiro do Sul — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Questionada sobre a conduta da profissional que expôs a adolescente, Diane Carvalho disse que o hospital preza pelo cuidado com os pacientes e que não concorda com atitudes como essa.

"A gente preza pelo sigilo, pelo cuidado com o paciente, segurança do paciente principalmente. Então, qualquer atitude de qualquer servidor, em qualquer tipo de contratação, que infrinja qualquer legislação, a gente não é de acordo", afirma.

Ao g1, a Sesacre informou que a técnica em enfermagem será ouvida durante o processo administrativo e que somente após conclusão do procedimento será aplicada a punição para a servidora conforme a gravidade do ocorrido. De imediato, a Sesacre pediu que Narjara Lima excluísse o vídeo das redes sociais dela.

Polícia Civil investiga caso

De acordo com as investigações, a jovem iniciou os procedimentos de pré-natal aos 13 anos. Além disso, a polícia apurou que a menina engravidou de um idoso de 68 anos que trabalha como barqueiro na região.

"Leva a crer que ela teve uma conjunção carnal quando era menor de 14 anos. Portanto, é crime de estupro de vulnerável que é manter conjunção carnal com menor de 14 anos", disse o delegado Renan Santana, da Polícia Civil.


Renan Santana, delegado da Polícia Civil — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

De acordo com o delegado, a Polícia Civil já promoveu oitivas formais e informais e segue com outras diligências para intimar novas pessoas com objetivo de elucidar o caso. O delegado, no entanto, evita passar muitos detalhes por conta do sigilo da investigação.

"A Polícia Civil já trabalha com uma linha de investigação bastante apurada. Temos sim um provável suspeito desse delito de estupro e diligências estão em curso para materializar este fato criminoso", explica.

A investigação ainda vai apurar se a unidade de saúde teria reportado o caso às autoridades assim que a menina deu início ao pré-natal, por se tratar de estupro de vulnerável.

Exposição em rede social

A técnica em enfermagem Narjara Lima publicou um vídeo em que conversa com a menina de 14 anos, e faz perguntas sobre a gravidez, dentro da maternidade. Somando perfis no Instagram e no Tiktok, Narjara tem 70 mil seguidores, e o vídeo publicado por ela teve cerca de 4 milhões de visualizações até ser apagado.

No vídeo, que já foi apagado da rede social de Narjara, a profissional pergunta à menina se é o primeiro filho, ao que ela responde “primeiro e derradeiro”. A técnica pergunta a idade da menina, e afirma: “Tu é um bebê!”, e dá risada. Ela também pergunta qual o sexo do bebê, e a adolescente responde que é um menino.

Na sexta-feira (4), após a repercussão do caso, Narjara publicou uma série de stories negando qualquer intenção de expor a adolescente. Em depoimento à polícia, ela alegou que a prática de divulgar pacientes é comum na maternidade onde trabalha e que apenas registrou o momento por considerá-lo uma ocasião feliz de sua rotina. Ela ainda afirmou que teve o consentimento da adolescente para gravar os vídeos, mas não solicitou autorização para publicá-los.

O delegado relatou que ouviu a adolescente informalmente na maternidade, e que ouviu da menina que a profissional de fato pediu autorização para gravar o vídeo, mas não mencionou que iria publicar o conteúdo. A menina também disse ter ficado assustada com a repercussão do vídeo.

Fonte: G1