O Globo mostra com exclusividade os novos collants das ginastas do Brasil, que estão entre os cinco melhores do mundo; meta é vaga para Paris-2024

Em alta, confiantes e com novos modelitos. As ginastas do conjunto do Brasil chegam ao Campeonato Mundial de Ginástica Rítmica, em Valência, na Espanha, como uma das cinco equipes com maiores chances de ir ao pódio — junto com China, Israel, Itália e Bulgária, campeã mundial em 2022.

A meta da seleção brasileira é garantir vaga para a Olimpíada de Paris, algo que seria inédito via Mundial. E para isso tem de terminar entre as cinco melhores do mundo. No Mundial do ano passado, o Brasil foi Top 5. Mas, se não conseguir, terá ainda uma nova oportunidade no Campeonato Pan-Americano do ano que vem (dará mais uma vaga).

Nesta quinta-feira, no individual, Bárbara Domingos, de 23 anos, terminou em 14.º na classificação inicial e garantiu vaga na final do individual geral, que será neste sábado, e também na Olimpíada de Paris, em 2024. 

Esta é a primeira vez que o Brasil se classifica aos Jogos Olímpicos na GR individual. Natália Gaudio competiu na Rio-2016, mas como convidada pelo fato de o Brasil ter sido o país sede, terminando na 23ª colocação. Também nesta quinta-feira, Bárbara disputou uma final inédita de aparelhos, as maças e terminou em sétimo.

Bárbara Domingos: classificação inédita para os Jogos de Paris-2024 e na final das maças — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação

Itália e China ainda não se classificaram para Paris-2024 e provavelmente estarão com o seu melhor em Valência. As disputas das provas de conjunto começam nesta sexta-feira a partir das 16 horas (de Brasília).

— Como Israel, Bulgária e Espanha já estão classificados, acredito que além da Itália e China, Ucrânia, Polônia e Azerbaijão serão nossos principais rivais em busca pelas cinco vagas olímpicas. Nosso ponto forte é que estamos com notas altas de dificuldade e temos a parte artística diferenciada a nosso favor, nossas coreografias têm sido valorizadas e provadas a cada competição, uma vez que estamos entre os melhores do mundo — analisa a técnica do conjunto Camila Ferezin, em entrevista ao Globo, de Valência.

Camila se refere ao fato de que neste ciclo olímpico, a mudança no código de pontuação valoriza o lado artístico e isso favorece o Brasil. O conjunto aumentou sua nota de partida (saída de 10) em ambas as séries. Segundo Camila, o artístico "sempre foi nosso ponto forte, pela nossa cultura, nossa alegria".

Bárbara Domingos: é a primeira ginasta do Brasil a garantir vaga na Olimpíada de Paris — Foto: Reprodução

Ela explicou ainda que, após a disputa de duas etapas da Copa do Mundo, preparatórias para o Mundial, percebeu que havia uma janela de oportunidade para elevar a pontuação das séries sem interferir na execução. Assim, além da nota máxima de partida, ambas as séries ganharam maior chance de pontuação pela execução.

Na etapa de Cluj-Napoca, na Romênia, o Brasil se tornou o primeiro país não europeu ou asiático a ganhar três medalhas em uma etapa da competição, conquistando o bronze no geral (soma da nota da série de cinco arcos com a da mista, de fitas e massas), o ouro na prova mista e a prata inédita nos cinco arcos. 

E em Milão, a seleção brasileira de conjunto se manteve no Top 5 na final da série mista com pontuação abaixo do que havia feito na fase de classificação. Se tivesse feito a mesma pontuação teria ficado com o ouro à frente de Itália, Israel e China.

Conjunto do Brasil no treino de pódio para o Mundial de Ginástica Rítmica, em Valência — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação

— Conseguimos aumentar a quantidade das dificuldades corporais e em duas colaborações colocamos passagem. Mantivemos a mesma coreografia e trabalhamos muito para melhorar a execução — explicou Camila, ex-atleta da ginástica rítmica, primeira medalhista de ouro do Brasil em Jogos Pan-Americanos (Winnipeg-1999) e finalista na Olimpíada de Sydney-2000, e que treina o conjunto desde 2011.

Ela é a principal responsável pela guinada da modalidade. Em 2011 a seleção havia sido 26.° colocada no Mundial. No ano passado, o Brasil foi quinto.

Após o desempenho nas etapas de Cluj-Napoca e de Milão, Camila passou a considerar que o grupo atingiu um patamar inédito de confiança em si mesmo.

Camila Ferezin, técnica do conjunto da ginástica rítmica do Brasil: revolução desde 2011 — Foto: Ricardo Bufolin/Divulgação

— Sabemos que construímos estes resultados com muitos anos de trabalho, muitos anos de dedicação, suor, lágrimas, erros e acertos. Sempre trabalhamos para chegar entre os melhores e hoje diante destes resultados, uma medalha pode ser realidade. Porque tudo é possível nestes 2min30, dentro da quadra. Basta acertarmos nossas séries que estaremos na briga por medalha.

Muito brilho

E para dar mais confiança e beleza aos conjuntos, as atletas do Brasil vão estrear dois collants novos neste Mundial, um para a série mista (com “I wanna dance with somebody”, de Whitney Houston) e outro para a série dos cinco arcos (inspirada em Charlie Chaplin). O Globo mostra com exclusividade abaixo:

Collant para série mista Charlie Chaplin: cores inovadoras — Foto: Divulgação

Croqui do collant da seleção de conjunto da ginástica rítmica para série "I wanna dance with somebody” — Foto: Divulgação

Camila contou que a escolha da música “I wanna dance with somebody” ocorreu no final do ano passado. Um dos clássicos da cantora, ganhou versão "abrasileirada, com samba e funk".

Observou que em janeiro, coincidentemente, foi lançado um filme sobre a história da Whitney Houston, cujo título é o da música escolhida para a coreografia dos cinco arcos. Assim, ela resolveu fazer um novo collant com referências dos figurinos do filme, além de pedras grandes e coloridas ("para trazer a ideia do Carnaval e a alegria do povo brasileiro". O modelo ganhou um decote profundo e franjas douradas em "estilo melindrosa".

Já o collant da série dos cinco arcos, buscou em desenhos estilizar a história da música do Chaplin e inovou com as cores. O rosa ganhou protagonismo.

Os collants são um mimo e ajudam na avaliação da parte artística. Foram desenvolvidos em parceria com a estilista Thaís Lima. Entre os vários processos, há a pintura à mão e apliques de licra e de pedrarias, em processo totalmente artesanal. Para compor cada um, foram usadas cerca de 8 mil pedrarias, entre cristais, espelhos, canutilhos e pérolas de cerâmica coloridas. O tempo médio de execução dos collants, desde a criação até entrega, é de cinco meses.

— As meninas gostaram muito e estão muito ansiosas para estrear os novos collants, a Thais caprichou e conseguiu nos surpreender. Estamos confiantes e vamos dar o nosso melhor para conseguir impressionar o juiz, o público presente e fazer história mais uma vez.


Fonte: O GLOBO