Vice-presidente comenta sobre o julgamento no STF dos primeiros executores do vandalismo na Praça dos Três Poderes: ‘Para golpista é cadeia, não tem desculpa’
O vice-presidente Geraldo Alckmin, ao analisar o julgamento que começou ontem dos primeiros quatro executores dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, disse o seguinte: “Não tenho a menor dúvida de que estava em marcha um golpe de Estado no Brasil”.
Perguntei a Alckmin se Bolsonaro também deveria ir para a prisão como parece ser o destino do primeiro réu do julgamento de ontem no STF. Ele disse que o Judiciário é que vai decidir, mas acrescentou: “É lamentável que a gente tenha (tido) um presidente que atentou contra a Constituição brasileira e que fez campanha para desmoralizar a Justiça Eleitoral”.
Entrevistei por uma hora o vice-presidente no meu programa na GloboNews. Perguntei como ele avaliava um possível julgamento do ex-presidente como inspirador maior desses atos de 8 de janeiro, dado que as pessoas que estavam na praça começam a enfrentar a Justiça.
—Todos devem ser julgados. O que a gente sempre deve querer para todo mundo é que haja amplo direito de defesa e se faça justiça. Seja quem for. E eu vou dizer mais: quanto mais alta a responsabilidade, a autoridade do cargo, maior tem que ser o compromisso com o cumprimento da lei. Todos nós devemos estar sob o manto da Constituição, essa é a lógica da República. É muito triste o que aconteceu no Brasil. Se perdendo eleição eles fizeram tudo isso, imagina o que fariam se tivessem sido eleitos”.
Sobre a participação de integrantes das Forças Armadas em atos de conspiração contra a democracia, o vice-presidente acha que é preciso “separar o joio do trigo”, mas concluiu: “Para golpista é cadeia, não tem desculpa. A lei vale para todos, ninguém está acima da lei”.
Como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckmin apresenta uma pauta de aumento da competitividade e de descarbonização da economia. Quis saber que coerência havia entre afirmar que é preciso descarbonizar, e ao mesmo tempo querer explorar o petróleo no Mar da Amazônia. Ele disse que o Brasil é muito rico no subsolo e deve “prospectar para gerar riqueza”, mas garante que isso não pode ser feito sem o respeito ao Ibama.
— Quero que o Ibama seja extremamente exigente, e que a Petrobras cumpra todas as exigências. Pode explorar perto de Ilhabela, pode no Rio de Janeiro e não pode no Maranhão? Que a Petrobras atenda às exigências do Ibama. Ainda está em processo de análise. Se o Ibama tiver razões explícitas, ninguém vai fazer canetada contra um órgão que nós respeitamos.
Alckmin defendeu a reforma ministerial feita pelo presidente Lula que ontem empossou deputados do PP e do Republicanos em dois ministérios. Ele mesmo perdeu parte do dele, para abrigar seu correligionário Márcio França que cuidava de portos e agora se encarregará das pequenas empresas. Alckmin acha que a mudança foi boa: “O Brasil tem 22 milhões de MEI, micro e pequenas empresas , que demandam um cuidado especial. Sofreram muito na pandemia”.
O PSB, partido ao qual é filiado, reclamou das mudanças, mas ele disse que “o presidente Lula agiu corretamente”, já que o Congresso é muito fragmentado e é preciso garantir a governabilidade.
—O presidente Lula é homem do diálogo. E política não se obriga, política se conquista, é preciso convencer.
Alckmin defende que uma das razões para buscar esse apoio é aumentar a chance de se aprovar a pauta econômica, para buscar o déficit zero no ano que vem e também para aprovar reformas como a tributária. Ele, contudo, tem uma visão diferente em um ponto essencial dessa reforma.
— Sou otimista, acho que vai sair ( do Senado) uma boa reforma tributária, e eu só procuraria diminuir o prazo de transição, acho que tem que diminuir esse prazo. Está em 50 anos, mas a transição ideal acho que seria de, no máximo, oito anos.
Esse ponto é o que tem sido defendido pelo governo de São Paulo, que a mudança da cobrança de impostos da origem para o destino seja feita em oito anos e não meio século.
Sobre a taxação das aplicações financeiras dos mais ricos, Alckmin não apenas concorda como diz que é preciso mirar os Estados Unidos, que é a pátria do liberalismo e do capitalismo. “Os EUA tributam consumo, renda e patrimônio. Nós subtributamos renda e patrimônio e super tributamos o consumo que é regressivo”. Esse é o debate tributário do momento.
(Com Ana Carolina Diniz)
Fonte: O GLOBO
Entrevistei por uma hora o vice-presidente no meu programa na GloboNews. Perguntei como ele avaliava um possível julgamento do ex-presidente como inspirador maior desses atos de 8 de janeiro, dado que as pessoas que estavam na praça começam a enfrentar a Justiça.
—Todos devem ser julgados. O que a gente sempre deve querer para todo mundo é que haja amplo direito de defesa e se faça justiça. Seja quem for. E eu vou dizer mais: quanto mais alta a responsabilidade, a autoridade do cargo, maior tem que ser o compromisso com o cumprimento da lei. Todos nós devemos estar sob o manto da Constituição, essa é a lógica da República. É muito triste o que aconteceu no Brasil. Se perdendo eleição eles fizeram tudo isso, imagina o que fariam se tivessem sido eleitos”.
Sobre a participação de integrantes das Forças Armadas em atos de conspiração contra a democracia, o vice-presidente acha que é preciso “separar o joio do trigo”, mas concluiu: “Para golpista é cadeia, não tem desculpa. A lei vale para todos, ninguém está acima da lei”.
Como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckmin apresenta uma pauta de aumento da competitividade e de descarbonização da economia. Quis saber que coerência havia entre afirmar que é preciso descarbonizar, e ao mesmo tempo querer explorar o petróleo no Mar da Amazônia. Ele disse que o Brasil é muito rico no subsolo e deve “prospectar para gerar riqueza”, mas garante que isso não pode ser feito sem o respeito ao Ibama.
— Quero que o Ibama seja extremamente exigente, e que a Petrobras cumpra todas as exigências. Pode explorar perto de Ilhabela, pode no Rio de Janeiro e não pode no Maranhão? Que a Petrobras atenda às exigências do Ibama. Ainda está em processo de análise. Se o Ibama tiver razões explícitas, ninguém vai fazer canetada contra um órgão que nós respeitamos.
Alckmin defendeu a reforma ministerial feita pelo presidente Lula que ontem empossou deputados do PP e do Republicanos em dois ministérios. Ele mesmo perdeu parte do dele, para abrigar seu correligionário Márcio França que cuidava de portos e agora se encarregará das pequenas empresas. Alckmin acha que a mudança foi boa: “O Brasil tem 22 milhões de MEI, micro e pequenas empresas , que demandam um cuidado especial. Sofreram muito na pandemia”.
O PSB, partido ao qual é filiado, reclamou das mudanças, mas ele disse que “o presidente Lula agiu corretamente”, já que o Congresso é muito fragmentado e é preciso garantir a governabilidade.
—O presidente Lula é homem do diálogo. E política não se obriga, política se conquista, é preciso convencer.
Alckmin defende que uma das razões para buscar esse apoio é aumentar a chance de se aprovar a pauta econômica, para buscar o déficit zero no ano que vem e também para aprovar reformas como a tributária. Ele, contudo, tem uma visão diferente em um ponto essencial dessa reforma.
— Sou otimista, acho que vai sair ( do Senado) uma boa reforma tributária, e eu só procuraria diminuir o prazo de transição, acho que tem que diminuir esse prazo. Está em 50 anos, mas a transição ideal acho que seria de, no máximo, oito anos.
Esse ponto é o que tem sido defendido pelo governo de São Paulo, que a mudança da cobrança de impostos da origem para o destino seja feita em oito anos e não meio século.
Sobre a taxação das aplicações financeiras dos mais ricos, Alckmin não apenas concorda como diz que é preciso mirar os Estados Unidos, que é a pátria do liberalismo e do capitalismo. “Os EUA tributam consumo, renda e patrimônio. Nós subtributamos renda e patrimônio e super tributamos o consumo que é regressivo”. Esse é o debate tributário do momento.
(Com Ana Carolina Diniz)
Fonte: O GLOBO
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