Deputada disse que recebeu uma ligação anônima com ameaça. Parlamentar registrou um boletim de ocorrência e prestou depoimento em uma delegacia de Rio Branco.

A deputada Michelle Melo (PDT) denunciou nessa quarta-feira (6), no final da sessão da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), que foi ameaçada durante uma ligação anônima. A parlamentar registrou um boletim de ocorrência e foi ouvida pela polícia.

"Dizendo que não era para eu contar todas as verdades porque para me calar era muito fácil. Quero deixar claro e público que o que acontecer comigo, com minha família ou com meus assessores tem local e tem nome e a gente vai descobrir porque ninguém vai me calar através de uma ameaça", disse.

Dois dias antes da ligação misteriosa, na segunda (4), foi confirmada a saída da deputada da liderança do governo na Aleac. Ao g1 na segunda, ela afirmou não ter sido informada diretamente, e que ficou sabendo da mudança através da imprensa.

O governo confirmou a saída de Michelle, e informou que Manoel Moraes (PP) assumirá a vaga.

A reportagem procurou a parlamentar nesta quinta-feira (7) e ela confirmou, por meio de mensagem, que registrou um boletim de ocorrência e que foi 'instruída a não dar maiores detalhes e deixar o caso nas mãos das autoridades. Peço que respeitem, além de figura pública sou mãe e filha, preocupada com meus familiares', disse.

Ainda na breve conversa, a deputada diz que não acredita que a ameaça tem relação com sua saída da liderança do governo na Aleac. "Acho que tem a ver com pessoas que querem a todo custo amedrontar uma parlamentar disposta a falar", resumiu.

A deputada não informou em qual delegacia de Rio Branco prestou depoimento.

Demandas levadas à Aleac

No último dia 30, a deputada levou uma série de demandas à Aleac durante discursos no parlamento. Em suas falas, ela destacou a situação das famílias acampadas em frente à Aleac após a reintegração de posse na área de invasão conhecida como Terra Prometida. Michelle disse que é preciso prestar assistência a esse grupo, indo na contramão do posicionamento do governo, de que não pode assistir os acampados por não se tratar de um abrigo oficial.

“É de partir o coração o que está acontecendo com eles. Nós nos propusemos a falar com o secretário de assistência social, que não se encontra em Rio Branco, mas ficou que assim que chegasse, que viria até nós. Essas pessoas são as vítimas de todo um sistema que trouxe o déficit habitacional”, declarou em discurso.

Nessa sessão, a parlamentar não fez críticas diretas ao Executivo estadual nem ao governador Gladson Cameli, mas Michelle destacou que seu dever, enquanto deputada, é levar os questionamentos da população a público.

“Nós sabemos que a gestão quer fazer o seu melhor, mas nem sempre ela consegue. E é pra isso que nós vamos estar aqui, sempre trazendo a representatividade do povo, que conversa com a gente, que senta com a gente, e é o nosso trabalho trazer pra essa tribuna as queixas da população”, disse ainda na quarta-feira.


Deputada comentou mudança em postagens na internet — Foto: Reprodução/Arte g1

Divergências

Ainda na segunda (4), Michelle disse que não foi comunicada diretamente, e que ainda não conversou com Cameli.

“Não houve nenhum comunicado oficial, nem uma ligação, nenhuma mensagem, de absolutamente ninguém. Fiquei sabendo pela imprensa, assim como vocês. Me tiraram da liderança sem comunicar”, ressaltou.

Michelle ressaltou que divergências fazem parte da política, mas que sempre foi clara em comunicar suas discordâncias.

“As divergências, elas são parte da política. Mas nada que eu não tenha comunicado à Segov, nada que eu não tenha perdido que a Segov tomasse as devidas providências, e nada que não tenha sido dito. Inclusive a minha ida à convenção do MDB também mandei mensagem ao próprio governador e ao presidente do meu partido, avisando dos meus passos. O respeito do meu lado, sempre existiu. Agora não posso falar sobre eles”, acrescentou.

Fonte: G1