Governo formalizou doação do imóvel onde fica a Comunidade Marielle Franco para "Associação Esperança de Um Novo Milênio" construir casas. Contudo, famílias da Terra Prometida não querem ir para a localidade.

O sonho de ter um lugar próprio para morar pode virar realidade para 25 famílias que estão acampadas em frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), em Rio Branco, desde o dia 28 de agosto. É que o governo estadual formalizou um acordo de doação de imóvel à Associação Esperança de Um Novo Milênio para construção de casas.

Essas residências devem ser ocupadas por parte das famílias da área de invasão Terra Prometida, que fica no bairro Irineu Serra, que passou por um processo de reintegração de posse no dia 15 de agosto e mais de 100 casas foram demolidas no local.

Alguns moradores foram levados para o aluguel social e quem não aceitou o benefício, montou acampamento no hall de entrada da Aleac. Cerca de 50 famílias que foram obrigadas a sair da área de invasão seguem no local cobrando moradias do governo.

No início do mês de setembro, o governo encaminhou para avaliação dos deputados na Aleac um projeto de lei (PL) referente a um acordo jurídico entre o governo, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Associação Esperança de Um Novo Milênio para construção de 25 casas na Comunidade Marielle Franco, também era uma área de invasão.

A ideia inicial é que as famílias selecionadas construam moradias improvisadas, com auxílio do governo, e em janeiro de 2024 a associação comece a construir os imóveis. “As pessoas que aceitarem ir para a ocupação, vão ser deslocadas com todo o apoio governamental de forma imediata. Além disso, vão ter direito a um imóvel quando forem construídos os lotes habitacionais”, afirma o secretário adjunto de governo, Luiz Calixto.

'Só sairemos juntos'

Layana Silva Vasques está acampada na Aleac com a família. Segundo ela, a proposta de levar algumas famílias para a Comunidade Marielle Franco surgiu no início do mês. Contudo, desde a época, os moradores afirmaram que não vão sair do local.

"Aqui só sai todo mundo junto, até porque estamos reivindicando uma moradia de imediata ou um lote no Jorge Lavocat, que é para onde queremos ir. Não aceitaremos, só se pegar todas as famílias", afirmou

Reivindicação e plano do governo

Conforme o governo, a área reintegrada deve ser usada, futuramente, para construção de casas populares com recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida. A obra será executada pela Secretaria de Estado de Habitação e Urbanismo (Sehurb), segundo o site oficial do governo.

A primeira etapa, prevista para começar no final do ano, é planejada para construção de 234 apartamentos de 40 metros quadrados. No total, o governo diz que vai construir 1,2 mil apartamentos na localidade.

Os moradores que ocupavam a Terra Prometida protestaram durante o desfile cívico-militar de 7 de Setembro. Com cartazes e apitos, eles reivindicavam moradia após uma ação de reintegração de posse, em agosto deste ano. Os manifestantes se dirigiram ao governador Gladson Cameli, que chegou a tentar conversar com o grupo, mas mudou de ideia.

Fonte: G1