Região vive nova escalada da tensão após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas

O Azerbaijão iniciou nesta terça-feira uma nova operação militar na região separatista de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia. A “agressão em grande escala” acontece após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas na região, episódios que o país atribui a “terroristas” pró-Armênia.

Segundo o Ministério da Defesa do Azerbaijão, foram bombardeadas “posições das Forças Armadas armênias e infraestruturas militares”. Já os separatistas de Nagorno-Karabakh denunciaram a “violação do regime de cessar-fogo" por parte do Azerbaijão em toda a linha de contato, com "ataques de mísseis e artilharia”.

— Estamos assistindo ao Azerbaijão se mover para a eliminação física da população civil e a destruição dos alvos civis — disse à ANSA Sergei Ghazaryan, ministro das Relações Exteriores da autoproclamada República de Artsakh.

O governo da Armênia afirma que não possui tropas na região e pediu uma intervenção do Conselho de Segurança da ONU e das forças de paz da Rússia no território. Após a escalada, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou ao Azerbaijão para cessar imediatamente as suas operações militares na região.

“As ações militares do Azerbaijão devem ser interrompidas imediatamente para permitir um diálogo franco entre os armênios de Baku e Karabakh”, disse Michel na rede X, antigo Twitter.

Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, afirmou que o país está "preocupado com a repentina escalada" da tensão e cobrou o respeito à trégua.

Azerbaijão e Armênia já guerrearam durante cerca de um mês e meio pela posse de Nagorno-Karabakh em 2020, mas um cessar-fogo em vigor desde 10 de novembro daquele ano interrompeu o conflito, que deixou de milhares de mortos. 

Embora o Azerbaijão tenha vencido a guerra naquele ano, ainda não alcançou todos os seus objetivos, incluindo um corredor terrestre para o enclave de Naquichevão, uma fatia separada do território do Azerbaijão na fronteira sudoeste da Armênia, que daria ao país uma ligação direta com a Turquia.

Também pretende exercer maior controle sobre o Corredor Lachin, alegando que a Armênia o usa para transportar minas terrestres ilegalmente para Nagorno-Karabach.

A Armênia já havia vencido outra guerra contra o Azerbaijão por Nagorno-Karabakh no início dos anos 1990, dando-lhe o controle de cerca de 13% da área total do território azeri, incluindo Nagorno-Karabakh. Baku, por sua vez, ganhou muito de volta na ofensiva em 2020, aproveitando seus lucros com gás natural para comprar armamento superior da Turquia e de Israel.


Fonte: O GLOBO