Restrição está ligada ao tempo em que executivo trabalhou no ICBC ao lado de Cong Lin, ex-executivo da China Renaissance convocado por reguladores chineses há um ano
Um banqueiro sênior do banco japonês Nomura foi impedido de deixar a China, numa medida do governo fruto de uma longa investigação de um importante negociador do país, segundo o jornal britânico Financial Times.
O executivo impedido de deixar o país asiático é Charles Wang Zhonghe, presidente do banco de investimento para a China no braço de Hong Kong do banco japonês. De acordo com o FT, ele não foi detido. Procurado, um porta-voz do banco japonês se recusou a comentar o caso à Bloomberg.
— Não estou sabendo do que você mencionou — disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, nesta segunda-feira. — Quero reiterar que a China está empenhada em proporcionar um ambiente de negócios sólido, orientado para o mercado, baseado na lei, internacionalizado e sólido às empresas que operam na China.
Na mira dos reguladores
A restrição de viagens está ligada ao tempo de Wang no Industrial and Commercial Bank of China, onde trabalhou antes de ingressar no Nomura em 2018, segundo relatório. Enquanto estava no ICBC, ele trabalhou com Cong Lin, um ex-executivo da China Renaissance que foi convocado pelos reguladores há um ano e desde então está detido, disse o jornal.
Cong deixou o ICBC para ingressar em 207 no China Renaissance – um banco de investimentos fundado por Bao Fan, bilionário que foi dado como desaparecido no início do ano –, depois de desempenhar um papel importante numa parceria estratégica entre as empresas. Bao está detido desde o início deste ano.
Wang foi vice-CEO do ICBC de 2011 a 2016 e antes disso trabalhou no Deutsche Bank, de acordo com seu perfil no LinkedIn.
Clima tenso para investimentos
O clima de investimento na China tornou-se cada vez mais tenso à medida que a economia enfrenta dificuldades e o Presidente Xi Jinping reprime amplos setores do setor privado ao longo dos últimos anos. O setor financeiro foi abalado por uma repressão à alegada corrupção que começou no final de 2021 e não dá sinais de estar perto do fim.
Em Agosto, a China Renaissance disse que Bao Fan ainda estava a “cooperar” numa investigação não especificada, seis meses depois do súbito desaparecimento do outrora destacado banqueiro ter enviado ondas de choque através do sector de serviços financeiros do país.
Na China, a ausência abrupta de um executivo sênior sinalizou uma repressão ou investigação estatal. Em vários casos, diz-se que a pessoa está auxiliando com sondas de enxerto. As empresas cotadas tendem a reportar que perderam contacto com o executivo e precisam de fazer as suas próprias investigações sobre o que aconteceu no opaco sistema jurídico do país.
Fonte: O GLOBO
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