Segundo a Defesa Civil, além dos 41 óbitos confirmados, 25 pessoas seguem desaparecidas

O governo do Rio Grande do Sul publicou, na manhã desta sexta-feira, mais um balanço das vítimas dos temporais no estado. Segundo os últimos dados da Defesa Civil, divulgados na manhã desta sexta-feira, o número de mortos se manteve em 41, restando ainda outras 25 pessoas desaparecidas — oito em Arroio do Meio, outras oito em Lajeado e mais nove em Muçum. Equipes de resgate ainda fazem buscas desde a passagem de um ciclone extratropical na região.

A passagem deste ciclone extratropical fez o Rio Grande do Sul superar a maior tragédia natural das últimas quatro décadas. Em junho, 16 pessoas morreram em decorrência de um fenômeno semelhante.

No ciclone deste ano, ao todo, 123.268 pessoas foram afetadas. Dentre elas estão os 3.046 desabrigados e 7.781 desalojados. Outras 3.037 vítimas foram resgatadas, além de 43 pessoas que ficaram feridas.

Calamidade pública

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública nesta quarta-feira. O mandatário também alertou, em entrevista coletiva, que mais mortes devem ser confirmadas na medida em que as equipes de resgate conseguirem avançar nos trabalhos. Ele descreveu como "cenário desolador" a destruição que viu nos sobrevoos feitos nas regiões mais atingidas.

— Isso nos toca e dói muito, mas estamos firmes aqui para dar todo o suporte necessário — afirmou Leite.

Boletim do Inmet divulgado na tarde desta quarta-feira confirma que os próximos dias serão de muita chuva no Rio Grande do Sul. Entre quinta (7) e sexta (8), a expectativa é de tempestades que acumulem entre 70 e 100 mm de água. As mesmas regiões afetadas pelo ciclone extratropical serão novamente atingidas.

Mortes em Muçum

Até o começo da tarde desta terça-feira havia a confirmação de seis mortes. Mais tarde, o governador Eduardo Leite informou, em entrevista coletiva, que mais 15 pessoas haviam morrido na cidade de Muçum.

— Acabo de receber aqui, com as dificuldades de comunicação com a cidade de Muçum, que está isolada, a gente recebe com muita tristeza a notícia de que, com as águas baixando, todos os esforços que a gente tem lá, dezenas de homens, as forças de segurança, o Corpo de Bombeiros, nossa Brigada Militar, atuando, se esforçando, centenas de pessoas foram salvas, centenas de pessoas foram resgatadas, mas infelizmente eu recebo a informação agora de 15 corpos localizados no município de Muçum — disse Leite.

— A gente lamenta (as mortes) e deixamos todo nosso abraço solidário a estas famílias. E vamos trabalhar para superar isso — acrescentou.

— Isso nos causa imensa dor, o que faz elevar o número de mortos de seis para 21 mortes neste momento, já configurando a situação com maior volume de mortes em um evento climático para o Rio Grande do Sul — afirmou o governador.

Muçum é um município banhado pelo Rio Taquari. De acordo com a prefeitura, o curso d'água subiu 20,70 metros com a passagem do ciclone extratropical e os temporais. Apenas entre 18h e 18h30 desta segunda-feira, o rio subiu 60 centímetros.

"O nível do Rio Taquari pode chegar a 24,92 metros, em Muçum, segundo projeção da Defesa Civil do Estado. Essa seria a maior enchente da história. Todas as famílias que moradoras de áreas atingidas ou próximas a elas devem recolher seus pertences e procurar abrigo", informou a prefeitura.

Queda durante resgate

Leite informou, durante coletiva, que uma mulher morreu durante operação de resgate. A corda que içava a vítima para o helicóptero se rompeu, fazendo com que ela e o policial militar caíssem na água e fossem levados pela força da correnteza.

— Um dos nossos socorristas, policial da nossa Brigada Militar, resgatava uma senhora sobre o rio Taquari e, perto de chegar à aeronave, o cabo se rompeu. os dois caíram no rio. Esta senhora perdeu a vida. O policial conseguiu ser socorrido e encaminhado para o hospital, com ferimentos, mas sem risco de vida — disse Leite. — Infelizmente, em um destes esforços de resgate, aconteceu o incidente. lamentamos profundamente — acrescentou o governador.

Primeiras mortes

Os primeiros óbitos registrados no RS foram do casal Delve Francescatto, de 50 anos, e Ironi de Fátima Godoi Francescatto, de 44. O carro deles foi arrastado pela correnteza na cidade de Ibiraiaras. Os dois voltavam para casa após terem sido informados de que a residência em que moravam tinha perdido as telhas no vendaval.

Nesta segunda-feira, a Defesa Civil do RS confirmou a morte de Cristiano Schusler, de 41 anos. Ele também teve o carro arrastado pela correnteza na cidade de Mato Castelhano. O veículo foi encontrado no Rio Piraçuce, que transbordou. Uma outra pessoa que estava no veículo conseguiu escapar e sobreviver.

Na mesma data, Neri Roberto Gonçalves da Silva, de 67 anos, morreu em decorrência de uma descarga elétrica, em Passo Fundo. O acidente aconteceu após um temporal ter atingido a cidade. Conhecido como Beto, ele era perito em elétrica e foi encontrado caído no chão de casa.

— O meu pai era a pessoa mais sábia que eu conhecia quando o assunto era elétrica. Morrer dessa maneira foi uma ironia do destino, uma fatalidade — disse o filho da vítima, Iverton Alberto Oliveira da Silva, em entrevista ao Zero Hora.

Moacir Engster, de 58 anos, morreu nesta terça-feira no município de Estrela. Ele foi mais uma vítima de uma descarga elétrica. De acordo com o Correio do Povo, o homem era pai do secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Teutônia, Guilherme Moacir Engster. O choque aconteceu quando ele ajudava um vizinho a remover os móveis de casa.

A sexta morte no RS foi confirmada nesta terça-feira pelo governador Eduardo Leite (PSDB). "Lamento a morte de uma mulher em uma tentativa de resgate sobre o rio Taquari. O cabo rompeu e ela e o policial socorrista caíram. Infelizmente, a mulher não resistiu e o policial está gravemente ferido. Meus sentimentos aos familiares das seis vítimas das enxurradas no RS", escreveu.


Fonte: O GLOBO