Outros seis óbitos foram confirmados em Roca Sales na manhã desta quarta-feira (6)

O número de mortes em decorrência do ciclone extratropical que atinge o Rio Grande do Sul (RS) subiu para 27, nesta quarta-feira. Outros seis óbitos foram confirmados na localidade de Roca Sales, no Vale do Taquari, segundo a Defesa Civil gaúcha.

Com as 27 mortes, a passagem do ciclone extratropical supera a maior tragédia natural das últimas quatro décadas no RS. Em junho, 16 pessoas morreram em decorrência de um fenômeno semelhante.

Pelo X, antigo Twitter, o governador Eduardo Leite lamentou as perdas e afirmou que o estado tem feito o possível para resgatar vítimas.

Ao todo, por causa do ciclone, cinco mil pessoas tiveram que deixar suas casas desde o início dos temporais, de acordo com a Defesa Civil.

Até o começo da tarde desta terça-feira havia a confirmação de seis mortes. Mais tarde, o governador Eduardo Leite informou, em entrevista coletiva, que mais 15 pessoas haviam morrido na cidade de Muçum.

— Acabo de receber aqui, com as dificuldades de comunicação com a cidade de Muçum, que está isolada, a gente recebe com muita tristeza a notícia de que, com as águas baixando, todos os esforços que a gente tem lá, dezenas de homens, as forças de segurança, o Corpo de Bombeiros, nossa Brigada Militar, atuando, se esforçando, centenas de pessoas foram salvas, centenas de pessoas foram resgatadas, mas infelizmente eu recebo a informação agora de 15 corpos localizados no município de Muçum — disse Leite.

— A gente lamenta (as mortes) e deixamos todo nosso abraço solidário a estas famílias. E vamos trabalhar para superar isso — acrescentou.

— Isso nos causa imensa dor, o que faz elevar o número de mortos de seis para 21 mortes neste momento, já configurando a situação com maior volume de mortes em um evento climático para o Rio Grande do Sul — afirmou o governador.

Muçum é um município banhado pelo Rio Taquari. De acordo com a prefeitura, o curso d'água subiu 20,70 metros com a passagem do ciclone extratropical e os temporais. Apenas entre 18h e 18h30 desta segunda-feira, o rio subiu 60 centímetros.

"O nível do Rio Taquari pode chegar a 24,92 metros, em Muçum, segundo projeção da Defesa Civil do Estado. Essa seria a maior enchente da história. Todas as famílias que moradoras de áreas atingidas ou próximas a elas devem recolher seus pertences e procurar abrigo", informou a prefeitura.

Queda durante resgate

Leite informou, durante coletiva, que uma mulher morreu durante operação de resgate. A corda que içava a vítima para o helicóptero se rompeu, fazendo com que ela e o policial militar caíssem na água e fossem levados pela força da correnteza.

— Um dos nossos socorristas, policial da nossa Brigada Militar, resgatava uma senhora sobre o rio Taquari e, perto de chegar à aeronave, o cabo se rompeu. os dois caíram no rio. Esta senhora perdeu a vida. O policial conseguiu ser socorrido e encaminhado para o hospital, com ferimentos, mas sem risco de vida — disse Leite. — Infelizmente, em um destes esforços de resgate, aconteceu o incidente. lamentamos profundamente — acrescentou o governador.

Primeiras mortes

Os primeiros óbitos registrados no RS foram do casal Delve Francescatto, de 50 anos, e Ironi de Fátima Godoi Francescatto, de 44. O carro deles foi arrastado pela correnteza na cidade de Ibiraiaras. Os dois voltavam para casa após terem sido informados de que a residência em que moravam tinha perdido as telhas no vendaval.

Nesta segunda-feira, a Defesa Civil do RS confirmou a morte de Cristiano Schusler, de 41 anos. Ele também teve o carro arrastado pela correnteza na cidade de Mato Castelhano. O veículo foi encontrado no Rio Piraçuce, que transbordou. Uma outra pessoa que estava no veículo conseguiu escapar e sobreviver.

Na mesma data, Neri Roberto Gonçalves da Silva, de 67 anos, morreu em decorrência de uma descarga elétrica, em Passo Fundo. O acidente aconteceu após um temporal ter atingido a cidade. Conhecido como Beto, ele era perito em elétrica e foi encontrado caído no chão de casa.

— O meu pai era a pessoa mais sábia que eu conhecia quando o assunto era elétrica. Morrer dessa maneira foi uma ironia do destino, uma fatalidade — disse o filho da vítima, Iverton Alberto Oliveira da Silva, em entrevista ao Zero Hora.

Moacir Engster, de 58 anos, morreu nesta terça-feira no município de Estrela. Ele foi mais uma vítima de uma descarga elétrica. De acordo com o Correio do Povo, o homem era pai do secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo de Teutônia, Guilherme Moacir Engster. O choque aconteceu quando ele ajudava um vizinho a remover os móveis de casa.

A sexta morte no RS foi confirmada nesta terça-feira pelo governador Eduardo Leite (PSDB). "Lamento a morte de uma mulher em uma tentativa de resgate sobre o rio Taquari. O cabo rompeu e ela e o policial socorrista caíram. Infelizmente, a mulher não resistiu e o policial está gravemente ferido. Meus sentimentos aos familiares das seis vítimas das enxurradas no RS", escreveu.


Fonte: O GLOBO