Cerca de 25% dos filhotes de pinguim de olhos amarelos morreram – cerca de 50 por ano – nas últimas temporadas de reprodução

O desaparecimento dos exemplares de uma espécie rara de pinguim tem alertado ambientalistas na Nova Zelândia. Os cientistas dizem ter encontrado a causa de misteriosas das doenças respiratórias que estão matando muitos pinguins de olhos amarelos criticamente ameaçados.

“Encontramos dois vírus que provavelmente são os responsáveis”, disse a virologista Jemma Geoghegan à AFP.

As doenças respiratórias mortais são provavelmente causadas por um novo tipo de girovírus e um novo megrivírus. Entre elas, acredita-se que as doenças tenham matado cerca de 25% dos filhotes de pinguim de olhos amarelos – cerca de 50 por ano – nas últimas temporadas de reprodução, disse Geoghegan.

“Identificamos o que achamos que pode ser a causa e há muita pesquisa necessária para descobrir se podemos prevenir ou tratar a doença”, disse ela.

Doença misteriosa está dizimando os pinguins de olhos amarelos da Nova Zelândia, e os cientistas dizem que podem ter encontrado a causa — Foto: AFP

Por enquanto, os filhotes com menos de cinco dias estão sendo levados de seus ninhos para o Dunedin Wildlife Hospital, onde podem ser criados longe do risco de infecção.

Em 2022, o hospital veterinário conseguiu devolver 90% dos filhotes aos ninhos, disse Argilla.

Ameaçada de extinção

As aves que não voam, endêmicas da Nova Zelândia, ficam abaixo da altura dos joelhos, têm olhos amarelos claros e ostentam uma faixa de penas amarelas ao redor da cabeça.

Restam cerca de 2.400 aves adultas, de acordo com estimativas do Departamento de Conservação da Nova Zelândia. Seu status é considerado “ameaçado – nacionalmente em perigo”. É o nível de risco mais alto do país.

A misteriosa doença respiratória apareceu pela primeira vez em 20 recém-nascidos levados ao Dunedin Wildlife Hospital em 2019.


Pinguim é flagrado nadando próximo às Ilhas Tijucas

“Eles não conseguiam manter a cabeça erguida, ofegantes e com os olhos vidrados”, disse à AFP esta semana a diretora do hospital de vida selvagem, Dra. Lisa Argilla.

“Foi de cortar o coração ver esses filhotes em condições tão críticas”, disse o veterinário. "Todos eles que apresentavam sinais respiratórios morreram – não havia nada que pudéssemos fazer para salvá-los”.

Durante a época reprodutiva de 2020, um terço dos 150 pinguins de olhos amarelos levados ao hospital morreram de problemas respiratórios, disse Argilla.

A professora Jemma Geoghegan, virologista evolucionista, faz parte de uma equipe de especialistas que investiga a doença.

“O hospital de vida selvagem tentou tudo ao seu alcance para evitá-lo, mas sem saber a causa é muito difícil de gerir”, disse Geoghegan à AFP.

Os cientistas testaram amostras de tecido de pinguins mortos com tecnologia de sequenciamento semelhante à usada para identificar o coronavírus por trás da Covid-19.


Fonte: O GLOBO