Autoridade monetária divulgou nesta quinta o relatório trimestral de inflação
O Banco Central divulgou hoje o relatório trimestral de inflação, documento onde detalha sua visão para a atividade econômica e comportamento dos preços, e a conclusão é que vê uma economia ainda aquecida, com destaque para o mercado de trabalho, mas já em desaceleração.
A instituição revisou para cima sua expectativa para o PIB deste ano (de 2% para 2,9%) e apontou que espera que a economia cresça 1,8% no ano que vem, acima da expansão de 1,5% estimada por analistas ouvidos pela pesquisa semanal com o mercado (Focus).
O salto na projeção tem a ver com o PIB do segundo trimestre, que cresceu três vezes mais que o esperado. Daqui para a frente, segundo o BC, a atividade mostra sinais contraditórios.
O aumento na produção de veículos e de papel odulado pesa do lado positivo, mas por outro lado as sondagens setoriais mostram estoques altos e confiança em um patamar baixo. A boa notícia vem do mercado de trabalho "que continua em expansão e apresentando salários reais relativamente estáveis", diz o BC.
A expectativa é que o IPCA encerre o ano em alta de 5%. A projeção para a inflação de 2024 e de 2025 repetiu a da reunião da semana passada do Copom (comitê de política monetária do BC), de 3,5% e 3,1%, respectivamente.
Confira abaixo um resumo da análise do BC para diferentes setores:
Agropecuária
A estimativa do Banco Central para o PIB da agropecuária passou de 10% para 13% com "a melhora nos prognósticos do IBGE para a produção agrícola, principalmente de soja, de milho e de cana-de-açúcar, e crescimento do abate de animais no primeiro semestre maior do que o antecipado."
O BC ressaltou, por outro lado, que o setor deve ter contribuição negativa no terceiro trimestre, já que a maior parte da colheita dos produtos com maior peso no PIB já aconteceu.
Indústria
No caso da indústria, a projeção também foi revista para cima, de 0,7% para 2%, em um cenário em que a construção, energia elétrica e principalmente a indústria extrativa, que teve alta expressiva da produção de minério de ferro e petróleo, crescerão bem mais.
Mas a indústria da transformação deve ter queda de 0,9% no ano, segundo o BC, em um cenário praticamente inalterado em relação ao último relatório.
Serviços
Setor com maior peso no PIB, os serviços também crescerão mais neste ano, segundo o BC. A estimativa de expansão foi revisada de 1,6% para 2,1%, com melhora em todos os segmentos, com exceção do comércio, impactado negativamente pela indústria de transformação.
Consumo e investimentos
O BC vê um bom desempenho no consumo das famílias deste ano, e revisou sua expectativa de alta de 1,6% (no último relatório) para 2,8% agora. O consumo do governo também foi elevado, de crescimento de 1% para 1,8%.
- A elevação da renda disponível das famílias no segundo trimestre, resultante de crescimento dos rendimentos do trabalho e de benefícios sociais, e o recuo na taxa de poupança das famílias favoreceram alta expressiva, superior à anteriormente esperada, do consumo das famílias - diz o relatório.
Daqui para a frente, esse consumo deve se reduzir, porque segundo o relatório os benefícios sociais terão impacto menor sobre a atividade. Além disso, diz o BC, o endividamento e comprometimento de renda continua elevado.
- Diante desse cenário, espera-se que o consumo das famílias continue avançando no segundo semestre, porém em menor ritmo do que o observado no primeiro.
No caso dos investimentos, o cenário do BC piorou ainda mais com a forte queda na produção de máquinas e equipamentos. A projeção para a "formação bruta de capital fixo", que é o nome técnico usado pelo IBGE, agora é de queda de 2,2%, contra recuo de 1,8% previsto no relatório passado.
E em 2024?
Para o ano que vem, o BC projeta um crescimento de 1,8% da economia, com agropecuária, indústria e serviços crescendo 1,5%, 2% e 1,8%, respectivamente.
- A base de comparação elevada de 2023, ano de safra recorde de grãos, contribui para a expectativa de alta mais modesta para a agropecuária em 2024 - apontou o relatório. - Adicionalmente, preços deprimidos de algumas culturas podem desestimular a ampliação de área cultivada.
Fonte: O GLOBO
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