Há focos no Pantanal Norte e imagens da Nasa mostravam ontem fogo em Taiamã, um dos locais mais remotos da região
A seca e o calor intenso já se manifestam em focos de incêndio no Pantanal Norte, como o registrado por pesquisadores da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) à margem do Paraguai, a meio caminho do centro de Cáceres para a Estação Ecológica de Taiamã. Imagens de satélites da Nasa também registraram focos de incêndio em Taiamã na manhã de ontem.
“Essa é uma cena que não queríamos presenciar de forma alguma, mas infelizmente o incêndio no Pantanal voltou”, disse num vídeo em que registra o fogo a cientista Solange Ikeda-Castrillon, que estuda o impacto das queimadas e a restauração do Pantanal e se dirigia de barco a Taiamã, quando flagrou uma área em chamas.
Berçário de aves e peixes
Considerada um dos lugares mais remotos e inacessíveis do Pantanal, a Estação Ecológica de Taiamã fica numa ilha no Rio Paraguai e é berçário de aves e peixes. Mesmo sendo uma ilha cercada por uma infinidade de meandros, baías e corixos, a UC teve 35% de sua área queimada em 2020, nos piores incêndios registrados no Pantanal.
Ikeda teme pela seca deste ano porque há muita matéria orgânica para alimentar as chamas. O fogo se propaga facilmente pelo batume, a miscelânea de plantas aquáticas flutuantes característica das margens pantaneiras, predominante em Taiamã. Mesmo quando é apagado na superfície, o fogo continua a arder por baixo.
— Está muito quente, os rios estão baixos e por isso a situação é preocupante — salienta a cientista.
Quatro rios do Pantanal estão em nível crítico, com vazões abaixo da média histórica, num ano marcado pelo El Niño, fenômeno que ainda está no início. A situação pode piorar especialmente no norte do Mato Grosso.
O Rio Paraguai, que dá vida ao bioma, está muito abaixo de seu nível, na região do Alto Pantanal ou Pantanal Norte, no Mato Grosso. Dois de seus principais afluentes, os rios Cuiabá e São Lourenço, também estão num nível crítico.
Fonte: O GLOBO
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