Mateus Sousa foi denunciado por homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e violência doméstica. Agora, ele passa a ser réu no processo

A 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar de Rio Branco aceitou denúncia do Ministério Público do Acre (MP-AC) contra Mateus Lima de Sousa, de 24 anos, acusado de matar com um tiro no olho a namorada, a adolescente Lauane do Nascimento Melo, de 16 anos, em 21 de julho deste ano em Rio Branco.

A jovem foi morta em uma chácara da Estrada do Barro Vermelho, em uma região após o Complexo Prisional de Rio Branco.

Agora na condição de réu no processo, ele responde pelo crime de homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e violência doméstica.

Na decisão, a juíza Luana Campos deu um prazo de 10 dias para o acusado apresentar defesa à denúncia. O g1 não conseguiu contato com a defesa de Sousa até última atualização desta reportagem.

Tiro acidental

No processo, Mateus Sousa alega que o tiro foi acidental. Contudo, a mãe da vítima afirmou que tinha presenciado o rapaz ameaçar a filha de morte.

Após cometer o crime, Sousa fugiu e só se apresentou na delegacia de Sena Madureira, no interior do Acre, três dias depois.

No dia 30 de julho, o Plantão Judiciário de Rio Branco negou liminar de um habeas corpus que pedia a soltura do suspeito. Para fundamentar o pedido, a defesa alegou que o disparo foi acidental, levando em conta que o acusado tem pouca visão e no dia do crime tinha ingerido álcool misturado com medicamento diazepam.

Contudo, após a conversão da prisão temporária para preventiva, o juiz Alesson Braz analisou o mérito do pedido e negou a liberdade para Mateus Sousa.


Lauane do Nascimento Melo foi morta no dia 21 de julho — Foto: Reprodução

Investigação

Ao g1, a delegada Elenice Frez, responsável pelas investigações, confirmou que o suspeito alegou tiro acidental. Segundo ele, estava manuseando a arma distante da vítima, mas acabou disparando.

Ainda segundo a delegada, o laudo pericial indicou que a arma foi encostada no rosto da vítima e, em seguida, disparada. "Porém, como não havia nenhuma testemunha no local e ele não falou a verdade é impossível saber o que de fato aconteceu no momento do crime. Familiares da vítima informaram que ele a ameaçava desde o início do relacionamento, inclusive de tiro no rosto", complementou.

A autoridade policial contou também que o crime foi praticado mediante "mistura de agressividade com uso de drogas juntamente com medicamento de uso controlado obtido sem receita". Com o resultado do laudo, para a delegada, o suspeito agiu dolosamente, e não de modo culposo como alegou no interrogatório.

O suspeito trabalhava como caseiro na chácara onde ocorreu o crime. Antes de fugir, ele foi até o gerente da propriedade e contou que tinha matado a mulher. O gerente foi até a chácara, encontrou a vítima morta em cima da cama e avisou para o dono da propriedade, que chamou a polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Fonte: G1