Os três envolvidos, que vestiam roupas que imitava fardas policiais, assaltaram uma oficina e, durante a fuga, renderam pai e filha que saíam de uma creche em Rio Branco.
O juiz da Vara de Delitos de Roubo e Extorsão da Comarca de Rio Branco, Gustavo Sirena, aceitou a denúncia do Ministério Público contra o trio acusado de assaltar uma oficina e fazer, por cerca de duas horas, pai e filha reféns dentro de um carro.
Na manhã de 25 de agosto, Lucas Gomes de Lima, 24 anos, Ailton Moitozo Borges, 33, e Antônio Adrias da Costa Silva, 20, assaltaram uma oficina mecânica e durante a fuga manter pai e filha, de apenas 6 anos, reféns por cerca de duas horas dentro de um carro no bairro Nova Esperança, em Rio Branco.
O g1 também fez uma busca pelos nomes dos acusados no site da Justiça e confirmou que os três têm vasta ficha policial.
A denúncia foi assinada pelo promotor Marcos Antônio Galina, que se baseou nos dois acontecimentos registrados pelas autoridades policiais. O primeiro é o assalto à oficina, quando armados e vestidos com roupas que imitavam fardamento militar, os três amarraram, agrediram e roubaram cinco pessoas que estavam no local. Já p segundo fato narra o cárcere privado, quando, ao fugirem, os três acusados renderam pai e filha que saíram de uma creche e os mantiveram reféns por cerca de duas horas enquanto negociavam com a polícia.
O MP pede que os acusados sejam julgados por roubo com emprego de arma de fogo e também por sequestro e cárcere privado, com o agravante deste segundo ter sido também contra uma menor de 18 anos. Ao aceitar a denúncia, o juiz dá 10 dias para que os acusados apresentem a defesa da acusação.
De acordo com a polícia, o trio invadiu uma oficina mecânica, onde renderam o dono e os funcionários, cinco pessoas ao todo, e roubaram dinheiro, objetos pessoais, celulares e uma arma no estabelecimento. As vítimas que estavam na oficina disseram que eles chegaram se apresentando como policiais.
Em seguida, ao fugirem, renderam um homem de 28 anos que saía da Escola de Ensino Infantil Cecilia Meireles acompanhado da filha de 6 anos.
Se passaram por policiais
Os dois ficaram dentro do carro por cerca de duas horas na mira dos bandidos. Uma das cenas que chamou atenção foi o fato de dois, dos três acusados, estarem com roupas que imitavam o fardamento das polícias Militar e Penal. Em depoimento, eles disseram que compraram as roupas no site de vendas Shopee.
Durante depoimento na Delegacia de Flagrantes (Defla) em Rio Branco, Antônio Andrias se manteve em silêncio, mas Ailton Borges e Lucas de Lima confessaram o crime. Os dois acusados deram a mesma versão, alegando que o dono da oficina estaria ameaçando o trio e que foram até o estabelecimento em busca de armas e drogas.
Encontrada a pistola, que foi apreendida pela polícia após os crimes. Eles alegam ainda que só renderam pai e filha para não serem mortos pela polícia. Eles foram indiciados por roubo majorado pelo emprego de arma, concurso de pessoas e restrição da liberdade e cárcere privado majorado.
Ailton, conhecido como “Alemão”, contou que estava sendo ameaçado de morte pelo dono da oficina, que alegava que ele seria uma facção rival. Em depoimento, ele conta que foram até a oficina para roubar arma de fogo e drogas.
“Contou que compraram fardas parecidas com a da polícia pelo aplicativo de vendas Shopee e foram até a oficina após contratarem um motorista de aplicativo, que levou todos ao local”, consta no depoimento.
O motorista viu que todos estavam armados, mas também viu que estavam com as fardas parecidas com a da polícia. O trio havia amarrado as vítimas e vasculhado a casa e oficina, inclusive, chegaram a colocar objetos em um carro, mas não conseguiram levar.
Live feita por bandidos mostram que eles estavam com vestimentas que imitavam fardamento militar — Foto: Reprodução
A polícia foi acionada por vizinhos, que estranharam a movimentação. Foi quando a polícia chegou e os três acusados pularam o muro e viram o funcionário da escola entrando no carro com a filha de 6 anos.
Ailton disse à polícia que mandou o homem dirigir, mas que logo a polícia chegou e decidiram manter os dois reféns para que não fossem mortos pela polícia. Foi a partir daí que começaram a exigir água, a presença da imprensa e de familiares, além de coletes balísticos para que pudessem se entregar. Lucas Gomes confirmou a mesma versão do comparsa.
Ao g1, o Comando da Polícia Militar no Acre (PM-AC) informou que a forma de aquisição do uniforme será investigada e as providências serão tomadas.
"Infelizmente, a questão de utilização de uniformes e outros itens de certa categoria para o cometimento de delitos é uma preocupação não apenas da PM, mas de todas os órgãos, empresas, e setores que operam uniformizados (inclusive empresas privadas). O mundo globalizado oferta fácil acesso a esses itens, mas o que estiver ao alcance da PM-AC será realizado para minimizar esse tipo de situação", diz a nota.
Pai e filha ficaram reféns por cerca de duas horas em Rio Branco — Foto: Andryo Amaral/Rede Amazônica Acre
Vítima foi ferida no rosto
O homem de 28 anos, funcionário público que foi rendido junto com a filha, contou que tinha saído da escola por volta das 10h30, quando os três se aproximaram se identificando como policiais, mas que estavam muito nervosos.
“Disseram que ele seguisse para o Segundo Distrito, mas ele parou o carro e disse que não tinha como seguir. Nesta hora foi agredido com uma coronhada na testa, que fez um corte. Um dos criminosos [Lucas, pelas imagens] assumiu o volante e tentou sair de ré, mas a rua não tinha saída”, consta no depoimento.
Nessa hora, segundo a vítima, os criminosos começaram a fazer ligações contando que estavam encurralados e dentro do carro. Começaram também uma live, que viralizou nos grupos de mensagem. É nesse vídeo que dá pra ver o uso das vestimentas imitando o fardamento militar.
O primeiro a se entregar foi Lucas e logo em seguida, Ailton e Antônio Andrias. A vítima conta ainda que um dos acusados, Antônio Andrias, conhecido como Chuck, chegou a tentar convencer os comparsas de não se entregarem.
Trio teve prisão preventiva decretada em audiência de custódia — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Prisão preventiva
No dia 26 de agosto, em audiência de custódia na Vara de Plantão da Comarca de Rio Branco, o trio teve as prisões em flagrante convertidas para preventivas.
Durante a audiência, os três informaram que não poderiam cumprir pena no presídio Dr. Francisco D'Oliveira Conde, em Rio Branco, pois estariam sendo ameaçados de morte por dois grupos criminosos que atuam no estado e pediram que fossem transferidos para a unidade penitenciária de Senador Guiomard, no interior do estado.
O juiz Marcelo Coelho de Carvalho então expediu um ofício ao diretor do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen-AC) informando a alegação dos envolvidos. Porém, os três seguem presos em Rio Branco.
Ficha criminal extensa
Os três envolvidos no assalto têm uma extensa ficha criminal, seja por porte de arma, furto qualificado, entre outros. Confira:
Ailton Borges, alcunha "Alemão" - Tem passagem por furto qualificado, crimes contra o patrimônio, crimes do sistema nacional de armas e roubo majorado;
Lucas Gomes de Lima, alcunha "Lorinho" - Tem passagem por roubo majorado, ato infracional de furto qualificado quando era menor de idade;
Antônio Andrias, alcunha "Chuck"- crimes no sistema nacional de armas, roubo majorado, integrar organização criminosa.
Fonte: G1
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