Prefeito de São Paulo disse que tem escutado acenos positivos de lideranças do partido, fala em especulação e defende união para ‘vencer a extrema-esquerda’

O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) negou qualquer crise com bolsonaristas ou com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O político, que mira a reeleição em 2024 e busca apoio da sigla, relembrou o apoio do PL na eleição anterior, quando era vice na chapa com Bruno Covas, e afirmou neste domingo que acredita que o partido o apoiará na disputa.

— O PL fez parte da nossa coligação em 2020, foi uma eleição vitoriosa, com o Bruno Covas cabeça de chapa e eu de vice, com o PL junto, nós ganhamos a eleição, eles estão participando do governo, e se a gente tem um projeto que está dando certo, o natural seria dar continuidade neste projeto. Fora isso, é especulação. O que eu tenho escutado do presidente municipal do PL aqui de São Paulo é que o PL está comigo, que a gente está fazendo um trabalho importante para a cidade. O que eu tenho escutado do presidente nacional do PL é a mesma coisa — afirmou em conversa com jornalistas no The Town.

Nunes tem sido alvo de críticas de parlamentares bolsonaristas por “esconder” o alinhamento com o ex-presidente, ao mesmo tempo em que busca seu apoio para a disputa eleitoral. Na semana passada, em uma palestra a alunos da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Nunes disse que "não tem proximidade com Bolsonaro" assim como não tem com o presidente Lula.

Questionado sobre a possibilidade do deputado federal Ricardo Salles (PL) retomar a sua candidatura à prefeitura de São Paulo — da qual ele desistiu em junho após seu partido sinalizar alinhamento ao emedebista — devido a esse possível afastamento da base bolsonarista com Nunes, o prefeito afirmou que “qualquer um tem o direito de querer ser candidato e ele tem que acertar com o partido dele”.

O prefeito ainda aproveitou para criticar, sem citar nomes, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à prefeitura de São Paulo e principal opositor do atual prefeito.

— Crise não tem. Eu sempre falei de forma muito transparente que é importante a gente ter uma união do centro, que é o campo que eu atuo, com a direita para que o centro e a direita possam vencer a extrema-esquerda, que é um risco para a cidade. 

Alguém que prega a desordem, nós estamos aqui num evento tão importante, falando da geração de emprego e renda, tendo a confiança dos empreendedores para vir para cá. Então ter alguém que vai gerar insegurança jurídica, que cometeu ações de depredação, de incentivos de invasões e desrespeito às leis. A cidade de São Paulo não é isso, é uma cidade do trabalho, da paz, do desenvolvimento — acrescentou.

Na última terça, Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente e um dos articuladores da aliança com o emedebista publicou em seu Twitter uma indireta a Nunes: "ninguém se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante. A era dos gafanhotos acabou", escreveu o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro.

Neste sábado, filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro voltou à carga também ironizando a movimentação de Nunes de se colocar como candidato centrista. "A estratégia 'usar o Bozo' está sendo desmascarada", escreveu Carlos em uma rede social.


Fonte: O GLOBO