Em noite que Keno se reencontrou com as redes, e Arias teve grande contribuição para o final feliz, o começo foi preocupante para o tricolor

Os roteiros mais incomuns têm se tornado o padrão para o Fluminense de Fernando Diniz. E a partida de ontem, contra o Goiás, com vitória por 5 a 3, no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, foi mais um nesta temporada tricolor. Com o resultado positivo, o Fluminense pulou para 45 pontos e encerrou uma sequência de quatro partidas sem vencer no Brasileirão.

Há dias em que tudo dá certo, mesmo quando a equipe sai perdendo, mas o fato de estar sempre se vendo contra as cordas segue sendo uma mostra de displicência. Contra o Internacional, na Libertadores, deu certo. Diante do Corinthians, não tanto. Contra Botafogo ou Bragantino, muito menos. E quem viu os primeiros minutos apáticos desta partida, não poderia imaginar o final feliz.

É justo começar pela grande notícia de ontem: o reencontro de Keno com as redes — foram dois gols. O camisa 11 sofreu pênalti, deu assistência, mas, sobretudo, voltou a marcar após seis meses, o que coroou uma ótima atuação. O último gol tinha sido exatamente no dia 25 de abril, contra o Paysandu, pela Copa do Brasil.

— Fico feliz pelo gols, estava em jejum. Mas eu venho trabalhando para ajudar minha equipe a sair com a vitória. Isso que é o mais importante. A gente estava devendo uma vitória para ter tranquilidade no Brasileiro. Entramos desligados, mas tem que ficar esperto, porque esses jogos são traiçoeiros — disse Keno.

Quanto a Arias, sua boa atuação faz parte do museu de grandes novidades tricolor. O colombiano é uma certeza jogo após jogo. Com os dois gols na noite de ontem, chegou a três nas últimas três partidas. É bom tê-lo afinado com as redes a nove dias da final da Libertadores, contra o Boca Juniors, que concentra toda a ansiedade do clube e da torcida.

Porém, a realidade do início de jogo mostrava um mundo de cabeça para baixo. Com menos de 15 minutos, as fragilidades defensivas voltaram a gritar. Pela sexta partida consecutiva, o Fluminense saiu atrás no marcador.

Em jogada pela direita, Allano não tomou conhecimento da marcação de Marcelo. O lateral esquerdo, que possui exímias habilidades na armação de jogadas, tem ficado muito exposto na defesa, e nada pôde fazer para impedir o gol. Depois, foi Matheus Babi que ganhou de Martinelli, pelo alto, e ampliou. O mesmo atacante já havia perdido grande chance de servir outro gol minutos antes.

Fisgada de Felipe Melo

Não há dúvidas de que este Fluminense sabe correr atrás das desvantagens. Esta é uma segurança mínima para o torcedor: a equipe não se abate e segue competindo. Aos 16 minutos, tratou de ativar o “protocolo reação”. Um escanteio cobrado por Ganso encontrou Felipe Melo, que marcou de cabeça, antes de sair machucado, sentindo a perna esquerda.

A trinca de más notícias veio do seu companheiro Marlon, que desabafou inoportunamente contra a torcida que o vaiava, após marcar um gol impedido. Este não é um momento para destemperos.

Menos mal que a equipe não foi para os vestiários perdendo, pois conseguiu se impor e empatar. O Goiás é uma equipe bem inferior, e por isso briga contra o rebaixamento. O placar inicial não respeitava a lógica, mas realmente o "dinizismo" é sempre imprevisível.

Arias, que tinha igualado o placar, aproveitando cruzamento de Keno, virou a partida já na volta do intervalo, recebendo passe de Diogo Barbosa, que acabara de entrar no lugar de Marcelo. Embalado, o Fluminense ampliou duas vezes com um inspirado Keno, principalmente no seu segundo gol, quando passou como quis pela defesa.

O golaço de voleio de Palacios reforça mais ainda a necessidade desta equipe por segurança. Nos últimos nove jogos, são 19 gols sofridos. Até enfrentar o Boca, no dia 4 de novembro, o Flu ainda encara Atlético-MG e Bahia, ambos fora de casa. Resta saber se Diniz conseguirá dar consistência defensiva a esse time, de alguma maneira, ou se precisará correr atrás do placar mais uma vez, no grande jogo da história recente do clube.


Fonte: O GLOBO