Virada com apagão diante do Grêmio é mais um capítulo de um roteiro de fracassos na busca por títulos na temporada, que passa muito pelo que os jogadores entregam (ou não) em campo

O Flamengo de 2023 se notabilizou pelo comportamento apático e pouco competitivo de seus jogadores, independentemente de quem era o treinador. Depois de duas vitórias sob o comando de Tite, a equipe voltou a flertar com a soberta. Ao entregar o mínimo para vencer um adversário combalido e desfalcado como o Grêmio, para quem não perdia desde 2018, o time rubro-negro deixou novamente a expectativa de uma arrancada no Brasileiro pelo caminho.

Nem Tite fica imune. As circunstâncias dessa vez passam também pelos erros do novo técnico nas mexidas, que abriram brecha para uma virada inesperada na Arena. O placar de 3 a 2 para os donos da casa impediu que o campeonato ganhasse ares ainda mais emocionantes na reta final. A virada e o apagão diante do Grêmio é mais um capítulo de um roteiro de fracassos na busca por títulos na temporada, que passa muito pelo que os jogadores entregam em campo

Com o resultado, o Flamengo desperdiça a excelente oportunidade de encostar no Botafogo e assumir a vice-liderança, mesmo que com um jogo a mais. Após sair na frente com um belo gol de Cebolinha, o rubro-negro carioca relaxou em campo, e a partir das mexidas de Tite, desandou de vez. 

A reviravolta se deu a partir de duas falhas grosseiras de Bruno Henrique, que levaram aos gols da virada, de Ferreira e Natan, em cinco minutos, aos 30 e 35. Na sequência, André ampliou cinco minutos depois, e o Flamengo diminuiu no fim com Luis Araújo. Agora, a equipe carioca só volta a campo diante do Santos, semana que vem, em Brasília.

Na Arena, o domínio inicial foi a senha para o Flamengo administrar a partida, que não aparentou ser traiçoeira e começou até equilibrada. Quando saiu na frente em bela arrancada de Cebolinha, a postura ficou ainda menos combativa. No intervalo, Tite entendeu que poderia administrar o resultado diante de um time pouco intenso e resistente, sacou Pulgar para apostar em Everton Ribeiro, e deu mais cadência e criatividade para o meio que tinha Arrascaeta em noite muito ruim.

Até então, porém, o Flamengo não era tão ameaçado. Mas também não criava situações, ainda que conservasse a bola no ataque. Tite, então, ousou ainda mais do que o necessário. Pedro, que foi apenas esforçado, e causou poucos danos, saiu para a entrada de Gabigol, que voltou a jogar mal. E Cebolinha deu lugar a Bruno Henrique, a esperança no segundo semestre. 

Era o momento de um time mais leve entrar em cena para apostar nos contra-golpes em velocidade, com o Grêmio mais exposto em busca do empate. Só que o técnico não contava com o que o Flamengo apresentou em toda a temporada, a displicência.

Os dois erros de Bruno Henrique, que não foi titular por estar desgastado fisicamente, pegaram a defesa rubro-negra de surpresa. Gerson, recuado, já havia se desdobrado para atacar, e também deu espaços. Com Luis Araújo e Matheuzinho, Tite tentou renovar o gás e tentar ao menos empatar, mas não houve pernas nem tempo suficiente. E o Flamengo novamente iludiu seu torcedor.


Fonte: O GLOBO