No silêncio da noite, o som do ronco quebra a calmaria, mas o que muitos não sabem é que por trás desse ruído pode se esconder um inimigo perigoso e insidioso: a apneia do sono. Muito mais do que simples pausas na respiração ou roncos ocasionais, esta condição pode ser um sinal de alerta para graves problemas de saúde. A apneia do sono não deve ser ignorada e ela pode estar afetando sua vida de maneiras que você nem imagina.

A apneia do sono é um distúrbio no qual a respiração é interrompida ou fica superficial durante o sono. Estas interrupções podem durar desde alguns segundos até minutos e podem ocorrer 30 vezes ou mais por hora, e então, o nível de oxigênio no sangue começa a cair.

Os repetidos episódios de desoxigenação e reoxigenação podem causar várias complicações, incluindo: hipertensão arterial, arritmias, infarto, acidente vascular cerebral, diabetes, comprometimento cognitivo com alterações de memória, aceleração do quadro de demência e sonolência diurna aumentando o risco de acidentes de trabalho ou ao dirigir. Pessoas com apneia do sono também são mais propensas a ter esteatose hepática, depressão, ansiedade, irritabilidade, e obesidade.

Há 3 tipos de apneia do sono. A apneia obstrutiva do sono é o tipo mais comum de apneia do sono e ocorre devido ao bloqueio físico ou obstrução nas vias respiratórias, frequentemente quando o tecido mole na parte traseira da garganta colapsa e fecha durante o sono. 

A apneia central do sono é menos comum que a obstrutiva. Neste caso, o cérebro não envia os sinais apropriados aos músculos que controlam a respiração. E a apneia do sono complexa, é uma combinação dos 2 tipos de apneia, a obstrutiva e a central.

O diagnóstico da apneia do sono envolve uma combinação de avaliação clínica e de testes especializados. A história de sonolência diurna, ronco, interrupções da respiração durante o sono, despertares noturnos, e história familiar de apneia do sono devem levantar a suspeita diagnóstica. A polissonografia noturna completa é o teste mais preciso para diagnosticar apneia do sono. 

Durante este teste, o paciente dorme em um laboratório de sono enquanto vários parâmetros são monitorados, incluindo: atividade cerebral, movimento dos olhos, níveis de oxigênio no sangue, frequência cardíaca, padrões de respiração e os movimentos do corpo.

Mais recentemente, surgiram dispositivos portáteis que temos utilizado frequentemente e que podem ser usados para monitorar algumas das mesmas informações que a polissonografia no laboratório. Eles são menos precisos, mas podem ser úteis para identificar a apneia do sono em pessoas de alto risco. Embora não sejam rotineiramente usados para diagnosticar apneia do sono, em alguns casos, pode ser útil realizar estudos de imagem, como raios-x, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) para avaliar anormalidades estruturais.

O tratamento mais comum para a apneia do sono é o uso de um dispositivo CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas), que mantém as vias aéreas abertas e previne episódios de apneia, ajudando assim a manter uma oxigenação adequada durante o sono. Em casos graves ou quando o CPAP não é tolerado, a oxigenoterapia suplementar pode ser considerada. 

O tratamento também exige mudanças no estilo de vida como perder peso ou evitar o consumo de álcool. Em algumas situações, recomendam-se dispositivos dentários para manter a mandíbula e a língua na posição correta e em casos mais graves, pode-se recorrer à cirurgia para remover o tecido excessivo da garganta, corrigir anormalidades estruturais ou criar uma abertura na traqueia.

Se alguém suspeita de apneia do sono, é crucial procurar um médico, preferencialmente um especialista em medicina do sono, para uma avaliação adequada. A apneia do sono não tratada pode levar a várias complicações de saúde. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais.


Fonte: O GLOBO