PL tenta definir nome para o pleito de 2024, mas decisão esbarra nos interesses nacionais da legenda e no nome indicado pelo governador Cláudio Castro
Enquanto o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, defende o lançamento da candidatura do general e ex-ministro Walter Braga Netto à prefeitura do Rio, em uma aposta na Segurança Pública e no combate à desordem urbana, a família Bolsonaro decidiu voltar à carga para que o deputado federal Alexandre Ramagem seja o cabeça de chapa na capital. O ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é afiançado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e já foi incluído em pesquisas de intenções de voto feitas pela sigla.
A conquista da prefeitura do Rio é uma das prioridades para a família Bolsonaro, que tem na capital fluminense seu berço político. No entanto, disposto a liderar pela direita uma candidatura de oposição ao prefeito Eduardo Paes (PSD), o PL enfrenta dificuldade para encontrar o nome ideal.
O diretório regional levará a Bolsonaro e Valdemar uma pesquisa qualitativa de consumo interno, feita entre o fim de setembro e o início deste mês, para tentar definir um rumo. Reservadamente, lideranças da sigla admitem que a sondagem não cristalizou um nome natural ou de consenso.
Preferido de Valdemar, Braga Netto já sinalizou aos caciques do PL que não pretende concorrer por questões familiares. Assim, a disputa por quem vai ser o candidato da sigla pode ficar entre Ramagem e o senador Carlos Portinho, que também se coloca no páreo. A palavra final será de Bolsonaro, que já vetou a candidatura de Flávio.
Atuação menos radical
Na avaliação do clã do ex-presidente, por não ser um bolsonarista radical no Congresso, Ramagem poderia ser apresentado ao eleitorado como um nome capaz de atuar de forma integrada ao governador Cláudio Castro, que também é do PL. Delegado da Polícia Federal, sua candidatura também teria um apelo na área de Segurança Pública.
Pessoas próximas à família Bolsonaro afirmam, entretanto, que ainda faltaria a Ramagem conhecimento sobre a estrutura da cidade e problemas relacionados à zeladoria urbana, mas seria algo que poderia ser solucionado até o início da campanha eleitoral. A preocupação é prepará-lo para enfrentar Eduardo Paes, nos debates eleitorais.
Segundo interlocutores de Bolsonaro, Ramagem ainda não foi consultado sobre a candidatura. A avaliação, contudo, é que ele tem mais chance do que outros postulantes por sua ligação com o ex-presidente e ter sido eleito pelo bolsonarismo. Portinho, por sua vez, era suplente de Arolde de Oliveira (PSD) e assumiu em 2020 após a morte do titular.
No balanço interno, Ramagem e Portinho aparecem hoje mais cotados do que outros nomes já ventilados pelo PL, como o também deputado federal, general da reserva e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Flávio Bolsonaro tampouco é descartado. O PL avalia, no entanto, que qualquer movimento relacionado a ele foi interditado até uma eventual manifestação de Bolsonaro revendo a própria posição.
Procurado, o deputado federal Altineu Côrtes, presidente do diretório estadual, disse que espera resolver “até o fim de outubro” a candidatura, e confirmou que Bolsonaro e Valdemar serão consultados, assim com o Castro.
O governador, por ora, tentou construir a candidatura do seu então secretário de Saúde, Doutor Luizinho (PP), que deixou o posto para assumir a liderança do PP na Câmara. Castro também se mostra aberto a apoiar seu vice-governador, Thiago Pampolha (União) na disputa.
Na briga pela cabeça de chapa Bolsonarista
Walter Braga Netto
Ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro, é ligado ao ex-presidente e tem como padrinho de sua candidatura à prefeitura do Rio o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. No entanto, resiste à ideia de se candidatar.
Alexandre Ramagem
É próximo do senador Flávio Bolsonaro, principal fiador de sua candidatura. Surge como opção de nome bolsonarista mais moderado dentro do PL. No entanto, o parlamentar ainda é desconhecido por parte do eleitorado.
Carlos Portinho
O senador tem tentado viabilizar seu nome na briga pela cabeça de chapa do PL. Tem como aliados caciques locais do partido.
Thiago Pampolha
Nome do União Brasil na busca pelo status de candidato do bolsonarismo na capital, o vice-governador busca viabilizar sua candidatura. Seu principal aliado na articulação é o governador do Rio, Cláudio Castro, que tentou, sem sucesso, lançar seu ex-secretário de Saúde, Dr. Luizinho na disputa.
Otoni de Paula (MDB) e Rodrigo Amorim (PTB)
Os deputados são próximos a Bolsonaro e brigam para serem os candidatos da família no Rio.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários