Grupo tenta indicar os 12 nomes; área mais cobiçada é a de Habitação, responsável por iniciativas relevantes como o 'Minha Casa, Minha Vida'

A mudança no comando da Caixa Econômica Federal para abrigar um indicado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não cessou a pressão do Centrão por cargos. O grupo político age para ocupar as 12 vice-presidências do banco, mas o governo resiste a ceder todas as cadeiras. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá receber Lira (PP-AL) nos próximos dias para alinhar quais projetos de interesse do Palácio do Planalto vão ser votados pela Casa até o final do ano, além de tratar do impasse em torno dos demais postos.

Lira conseguiu emplacar Antônio Vieira para a presidência da instituição financeira, mas os outros cargos da cúpula são desejados por PP, União Brasil, PSD e Republicanos.

Hoje, o principal nó na negociação está na vice-presidência de Habitação, responsável por lidar com o financiamento de iniciativas relevantes, como o Minha Casa, Minha Vida. Petistas querem manter no cargo Inês Magalhães, que também conta com o apoio do ministro das Cidades, Jader Filho, do MDB, que faz elogios ao trabalho dela.

Do outro lado, aliados de Lira dizem que o combinado com a articulação política do Planalto era uma negociação que envolvia todas as 12 vice-presidências da Caixa. A ideia seria indicar alguém ligado ao União Brasil para o cargo hoje ocupado por Inês. O governo resiste a fazer a troca.

Ainda não está definido quantos postos serão indicados pelo PP e os que terão influência dos outros partidos. Aliados do presidente da Câmara dizem que ele pode usar espaços que seriam de seu partido para atender legendas aliadas na Casa.

De acordo com auxiliares de Lula, não há ainda previsão de quando as mudanças serão definidas. Um motivo apontado é o procedimento interno da Caixa. Todas as indicações para vice-presidências passar por checagem, de acordo com regras de governança, além de uma votação no Conselho de Administração do banco.

A passos lentos

Enquanto isso, o governo tem conseguido avançar paulatinamente com os projetos econômicos na Câmara. Poucas horas depois de Vieira ser anunciado oficialmente como presidente da Casa, a Casa aprovou na quarta-feira o projeto de lei que taxa fundos offshores, que se encontram no exterior, e fundos exclusivos, fechados para investidores de alta renda. O Palácio do Planalto tem a meta de avançar com diversos itens da pauta econômica para melhorar o resultado e garantir a meta de zerar o déficit em 2024.

Lira também sinalizou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deve avançar na semana que vem com o projeto da subvenção do ICMS, que pretende regulamentar incentivos fiscais recebidos pelas empresas com o objetivo de aumentar a arrecadação — os cálculos indicam 35,3 bilhões em 2024.

Os deputados Antonio Brito (PSD-BA), líder do partido, e Mauro Benevides Filho (PDT-CE), foram sugeridos como relatores para Lira e o governo, e uma definição deve acontecer na semana que vem.

Por outro lado, parlamentares dizem que o debate está apenas começando e ainda não há previsão de quando o texto deve ser colocado em votação. O assunto é sensível e precisará ser debatido com governadores, porque mexe com imposto estadual.


Fonte: O GLOBO