Mesmo com aumento, Acre é o terceiro estado que menos produz energia fotovoltaica. Consumidores falam em economia e consciência ambiental.

Um levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mostra que o Acre é o terceiro estado com menor geração distribuída solar fotovoltaica do país. Apesar disso, o sistema tem crescido gradativamente em todo o estado, chegando a aumentar 90% em um ano.

Dados da Absolar mostram que em 2021 o estado tinha 2.305 unidades consumidoras gerando energia solar no estado. Já em 2022, esse número foi pra 4.389 e já nos cinco primeiros meses deste ano chegou a 5.223 unidades.

Com o sistema da energia solar atualmente, aquela unidade consumidora consegue transformar a luz do sol em créditos para ser abatido na conta de luz. Hoje é uma das energias limpas, ou seja, a produção de energia exclui qualquer tipo de poluição, principalmente por emissão de gases de efeito estufa como o CO2, causadores das mudanças climáticas.

Para Edlailson Pimentel da Silva, coordenador da Absolar no estado, a população está tendo mais acesso à informação e da possibilidade de economia ao investir no sistema. As placas solares estão em unidades consumidoras de casas, campos e empresas.

“É um número geral de sistemas que estão conectados na Energisa, enviando ou recebendo crédito. Hoje eu diria que 70% dos projetos ou do sistema solar são residenciais, a população enxergou a oportunidade de economia e os bancos têm liberado bastante crédito, porque entendem que quem faz esse financiamento não esta fazendo uma nova conta, ele já paga cerca de R$ 500, R$ 600, dependendo do cliente, até mil reais de energia, então os bancos entenderam que o cliente vai trocar um custo que já tem na renda familiar dele pelo financiamento”, explica.

Como funciona?

As placas solares são implantadas no local, seja casa, empresa ou zona rural, então os módulos captam a luz do sol e a transformam em corrente contínua. A corrente passa por um inversor, onde é transformada em corrente alternada e então o excesso de eletricidade produzido pode voltar para a rede. A rede faz o uso da energia e, por isso, as Unidades Consumidoras (UCs) recebem créditos para sua conta de luz.

À primeira vista pode parecer um investimento alto, mas, segundo o coordenador da Absolar, esse é um trabalho de conscientização que vem acontecendo; de mostrar ao consumidores que o retorno deve ocorrer entre 3 anos ou 3 anos e meio.

“Hoje uma família com 4 pessoas, que tem um consumo em torno de 600 kilowatts vai pagar em torno de R$ 18 mil por um sistema, são 12 placas para atender o consumo 100%. Lembrando que quando a pessoa implanta energia solar na sua residência, comércio ou até mesmo na sua indústria, não zera conta de energia, mas consegue gerar o consumo, tudo que ela consumir da rede, ela não vai mais pagar, mas continua pagando os tributos, os impostos, a conexão de rede de energia que ela continua usando”, explica.

O preço pago pelo sistema, na avaliação de Silva, ainda é um dos principais empecilhos para esse aumento no estado. Porém, ele destaca que durante a pandemia houve uma procura e adesão significativa do setor.

“Hoje o que mais impacta ainda, sem dúvida, é a falta do crédito. O que a gente tem procurado é que tenhamos políticas públicas específicas para essas pessoas que têm alguma restrição, mas que tem intenção de instalar a energia solar, porque quando a gente fala em energia solar é toda uma cadeia produtiva, a pessoa está implantando e vai ter uma economia, um retorno, e quando você implanta você vai gerar emprego e renda em torno da instalação desse sistema.

A gente entende que havendo políticas públicas o dinheiro circula mais gera mias emprego, renda e economia. A energia elétrica hoje é qualidade de vida, então a partir do momento que você tem ali a possibilidade de implantar um sistema solar, e tem uma economia efetiva na tua fatura de energia, essa economia que você tem, você pode utilizar na educação, na saúde, no lazer, numa coisa que realmente beneficia para quem implanta”, destaca.


Energia solar é o tipo de energia limpa mais usada no Acre — Foto: Reprodução Rede Amazônica

Economia e consciência ambiental

Em meio a debates climáticos, o coordenador estadual da Absolar pontua ainda que, além da economia, existe também a consciência ambiental por optar por uma energia limpa. Os dados apontam que o Acre gera 62,4 Millivolts, a terceira menor geração do país.

“Os números têm sido crescentes e de forma exponencial a cada ano. Este ano foi atípico, tivemos mudança de governo, isso assusta e as pessoas que tinham algum dinheiro se retraíram. No primeiro semestre de 2023 caiu, mas isso já mudou, segundo semestre voltou a crescer, a procura tem sido grande e só não tem sido maior em decorrência da falta de crédito de alguns bancos”, pontua.

Para o empresário Geraldo da Rosa escolher o sistema de placa solar foi uma forma de economizar não só na empresa, mas também em casa. Ele implantou energia solar nas duas empresas e na sua casa há mais ou menos dois anos e meio.

“A gente tem uma energia muito cara no Brasil e hoje qualquer loja tem ar-condicionado, muita máquina, muito equipamento e precisa tudo da energia, que é é um gasto astronômico para as empresas, porque você tem que colocar isso no teu custo. Não quer dizer que tirei isso do meu custo, eu fiz um investimento, que, no meu caso, eu pertendo ter em três anos, mais ou menos”, explica.


O CRM-AC também implantou o sistema de energia solar em sua sede em Rio Branco — Foto: Asscom/CRM-AC

Ele diz que está aguardando completar o três anos para ter o retorno do que investiu, mas já consegue sentir a diferença na conta de energia, por exemplo.

“Fiz esse investimento ainda na época que a energia solar no Brasil não tinha essa taxação tão alta. Então estou esperançoso que a partir dos três anos vou retirar o meu investimento que eu fiz. A gente faz um acompanhamento e a gente estabeleceu um prazo para ter o retorno do investimento que eu fiz. Na época eu investi mais ou menos uns R$ 500 mil. A gente pagava mais ou menos uns R$ 15 mil por mês nesses dois estabelecimentos comerciais, mais minha casa”, disse.

No meio do ano, a sede do Conselho Regional de Medicina (CRM-AC) também optou pelo sistema. Desde então, a conta tem diminuído consideravelmente. Por exemplo, em janeiro a fatura ultrapassava os R$ 5,6 mil. Já em outubro, a autarquia pagou R$ 725,48.

“A implantação da energia solar em nossa autarquia é um marco importante e mais um passo significativo no projeto de modernização que o CRM vem implementando nos últimos anos. Além de promover uma economia de quase R$ 40 mil por ano, estamos demonstrando nosso compromisso com a energia limpa e a consciência ambiental.

Esta iniciativa não apenas reduzirá nossos custos, mas também contribuirá para um futuro sustentável. Estamos investindo no futuro e na sustentabilidade de nossa autarquia”, disse a presidente do CRM-AC, Dra. Leuda Dávalos

Fonte: G1